Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O lago dos sonhos


Trazia tudo preparado, a corda, a pedra. Só lhe restava esperar. Chegou, olhou em volta lentamente como quem admira a paisagem, encaminhou-se para um banco de jardim vazio e sentou-se.
Do banco de jardim vazio o seu olhar vazio percorreu o espaço vazio que o rodeava. Viu a Lua subir lentamente acima do horizonte, viu os patos a entrar e a sair da água, viu um bando de gaivotas a voar em círculos, viu um melro a saltitar sobre a relva à sua frente. Uma das vezes que apareceu quase pousou na ponta do seu sapato, de tão imóvel que estava.
Quando lhe pareceu que já estava escuro o suficiente e que mais ninguém andava por ali, levantou-se e encaminhou-se para a beira do lago. Tirou a pedra do bolso e atou-lhe a corda. Depois pegou nos seus sonhos e atou-os à outra ponta da corda. Fazendo pontaria àquilo que lhe pareceu ser a parte mais funda do lago, atirou o conjunto todo com quanta força tinha.
Enquanto regressava a casa pensou: Pronto, já está! Com sonhos destes quem é que precisa de pesadelos?