Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sábado, 6 de outubro de 2012

Soneto da Viatura

Adeus ó companheiro de viagem,
Comigo percorreste mil caminhos
Sem destino, às vezes sem paragem,
Quase sempre só nós os dois sozinhos.

Eu sei que não foi culpa da embraiagem.
Foi culpa daqueles parafusinhos
Que regulam da água a passagem:
Fizeram-te ferver em remoinhos.

Com a junta queimada, a salvação
Desfez-se no vapor que te consome.
Não há verba para a reparação.

Antes a pé do que ficar com fome.
Foi-se o carro e foi também o status.
Agora vou dar corda aos sapatos.

Mem Martins, 5/Outubro/2012
(Foto tirada em Junho 2010 algures entre Vidago e Pedras Salgadas)