Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Para lá do outro lado


Havia um banco vazio,
Nenhum de nós se sentou.
Tinha-se instalado o frio,
No vento que então soprou.
E quando o dia partiu,
À hora que o Sol marcou,
Partimos sem dizer nada.
Estava a conversa acabada.

Cada esquina é um começo,
De uma rua a inventar,
Como arma de arremesso,
Com que temos que lutar.
É este o nosso preço,
Se nos queremos libertar.
Há vida além deste fado,
Para lá do outro lado.



quarta-feira, 29 de junho de 2016

Água fria de azul


Primeiro um pé, para se habituar à temperatura, depois o outro. Quando deu por ela estava submerso até aos tornozelos. A subida da água até aos joelhos foi mais demorada. O líquido estava ali ao Sol mas não havia meio de aquecer. Hesitou em molhar os calções. Talvez não fosse bom para a saúde. Deus uns passos pela pequena lagoa. Percebeu que se avançasse a água subiria. Inversamente, recuando acabaria por se por a salvo da temperatura do termómetro. Foi isso que fez. Estava o banho tomado.

terça-feira, 28 de junho de 2016

À beira mar


Por vezes a água vem de mansinho lavar-nos os pés. Com aquele jeito que só a água do mar conhece, primeiro desfaz-se em espuma, depois avança devagarinho até se enrolar gelada em volta de nós.
Em seguida retira-se, mas não por muito tempo, que logo outra onda vem tomar o lugar da primeira.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Senhora do nevoeiro


Água e areia e rochas e algas. Era esta a paisagem que se oferecia à vista, semi escondida pela luz difusa que só a custo penetrava no espesso nevoeiro.
O som das ondas a rebentarem na praia chegava abafado pela humidade do ar, como um eco longinquo que se fazia ouvir continuamente.
Perdida no meio da imagem, uma senhora. Perdida? Não! Sabia bem onde estava e porque ali estava. Desengane-se quem pensa que as praias são só para visitantes se deitarem no pico do Sol e dos raios ultra-violetas. Todas as outras horas e condições climatéricas são boas para se estar na praia.

domingo, 26 de junho de 2016

Pássaros do sul


Os pássaros, tal como os restantes seres vivos precisam de se alimentar. E nada melhor para isso do que o lixo.
É verdade, o lixo. E de uma forma que é transversal a todos. Os animais encontram no lixo o seu alimento. As plantas encontram na terra os nutrientes fornecidos pelo estrume. No caso dos humanos há quem defenda que a alimentação moderna é uma porcaria.

Havendo lixo assim em tal quantidade à vista desarmada a culpa será de quem? De quem o colocou lá ou de quem não o recolheu atempadamente?
Às tantas ainda sou eu o culpado da má imagem da Praia da Ilha, porque não tinha nada de andar por ali a fotografar logo às sete e pouco da manhã.
Essa hora é boa só para pássaros.


sábado, 25 de junho de 2016

À sombra duma azinheira


À sombra duma azinheira tive-a por companheira. Não jurei nada, porque não gosto de juramentos, mas não foi por isso que a minha convicção foi menor.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Porto Covo


Há três dias que estou em casa de regresso da mini viagem a Porto Covo mas a verdade é que não tenho tido vontade de escrever nada.
Estou a preparar as fotos para colocar no meu outro blog de fotografias, mas estão tão más que nem tenho vontade de lhes mexer.
E por falar em mexer, quem tem dificuldades em mexer-se sou eu porque os pés não estão famosos. É o resultado de andar com ténis sem meias e sem atacadores.
Passados estes dias algumas das bolhas ainda resistem, e assim lá se vai a minha preparação olímpica.


domingo, 19 de junho de 2016

Melody - Fernando Sor


Se um Paulo desafina muitas notas, dois Paulos desafinam muito mais.O objectivo era fazer um video com a janela dividida ao meio onde aparecessem as duas gravações em simultâneo.

Mas houve um problema: após estudar a situação encontrei o programa "Kdenlive" em Linux que permite dividir o ecrã. A questão é que não encontrei forma de conseguir alinhar os dois videos para que o audio começasse ao mesmo tempo. Perdi algumas horas e acabei por desistir.

Virei-me então só para o audio. Com o mesmo Kdenlive extrai o audio dos filmes. Depois em Audacity abri as duas faixas e com maior ou menor dificuldade lá as consegui alinhar.

Quanto às gravações em si, foi uma primeira experiência e modéstia à parte acho que consigo fazer bem melhor. Está mal, tem muitos erros a nível dos tempos, o meu grande problema. Nunca tinha tocado com auscultadores e às vezes não me oiço a mim próprio, o que leva a enganos e a consequente repetição.
Está lento, 70 bpm, mas era apenas para fazer um teste. consigo ir na boa até aos 108 bpm que estão indicados na pauta.
Quando souber de informática o suficiente, ou quando conseguir arranjar ajuda para editar o video, vou repetir e dessa vez à velocidade correcta.

Melody - Fernando Sor

sexta-feira, 17 de junho de 2016

O lago dos pássaros delirantes


Uniram-se todos. Uns com o bico, outros com as patas, agarraram as nuvens e estenderam-nas no chão. Queriam o Sol, o vento, o céu todo, tudo, sem restrições.
Humanos não eram bem vindos. Quando podiam cagavam-lhes em cima. Quando não, escondiam-se quando os queriam fotografar.
Alimentavam-se do ar e da esperança. Minhocas e sementes eram só para entreter o estomago.
Voavam sim, mas isso não era o maior feito que conseguiam. O mais importante de tudo, e que aconteceu quando pela primeira vez saltaram do ninho, é que perderam o medo. Foi isso que os tornou livres.


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Passeio marítimo


Enjoava dentro de um barco. Por esse motivo os seus passeios marítimos eram sempre no Passeio Marítimo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Pingos de chuva


Quem anda à chuva molha-se e às vezes o que apetece mesmo é sacudir a água do capote.
Reflectido numa poça de água, o mundo vê-se ao contrário, mas ao contrário anda ele na realidade mesmo sem chuva e sem poças de água.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Maré baixa


Ciclicamente há períodos assim. Às vezes não são expectáveis, não são regulares, não são previsíveis. O que há a fazer é esperar que a maré mude.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A costa do fim do mundo


Como um espelho partido em mil bocados, a superfície do mar reflecte em todas as direcções os poucos raios do Sol que conseguem furar as nuvens.
As rochas agrestes já nem ligam. Com a luz do dia ou na escuridão da noite, estão habituadas a resistir aos avanços e recuos das ondas e marés.
É assim, sempre igual, desde há milénios. Só o viajante destemido é que encontra sempre diferenças, sempre motivos de interesse para a sua observação.

sábado, 11 de junho de 2016

Caniçal IV


Uma das características mais interessantes da vedação é o sistema de porta deslizante.
Embora a construção não esteja ainda acabada, já cumpre eficazmente a função de impedir o cão de espezinhar as plantas pequenas. Por esse motivo vai avançando mais lentamente. É que vou dedicando menos tempo a cortar canas e a acabar o que falta, e mais tempo a tratar da horta propriamente dita.
Há também algumas junções onde vou substituir a ráfia pelo arame, mas isso será para uma segunda fase, lá mais para o verão.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O Painel


Nem só para culinária servem as cozinhas. O chão pode-se transformar numa bancada de carpinteiro com vários metros quadrados.
Depois dos relógios, de um painel, de uma caixa, agora outro painel. Eu não sei, porque não percebo nada disto, mas parece-me que a coisa está a melhorar, pelo menos a julgar pela diminuição da quantidade de defeitos.


Entretanto, noutro âmbito, está a avançar embora devagar a mesa para a serra tico tico. Quando estiver pronta vai ser um passo de gigante para poder construir outras coisas, como uma tão desejada bancada. Vai ser uma mini bancada porque o espaço também é mini, mas vai dar para muita coisa.
Com a bancada vou poder fazer uma mesa para a fresa, uma coluna vertical para o berbequim, e depois...
Bem, vou para de sonhar.  

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Gato sem Botas


Tinha uma espécie de magnetismo. Atraia lixo. Toda a espécie de lixo lhe vinha parar às mãos. Coisas boas não o procuravam, agora o lixo, até quando dormia, vinha ter consigo.
Já tinha experimentado quase tudo, inclusivamente viver no lixo. Tinha ouvido dizer que polos iguais se repelem. Mas a experiência não resultou, as leis da física não se aplicaram aqui, e atraia cada vez mais lixo.
Por estranho que possa parecer, também a outra lei, a de que os polos opostos se atraem, não funcionou. Nenhuma coisa boa veio ter consigo.
Apesar de muitas coisas lhe virem parar às mãos, nomeadamente lixo, quanto aos pés, nada. Nada caia a seus pés, nem umas simples botas. Andava descalço e por esse motivo ficou conhecido como o Gato sem Botas.
Um dia o Gato sem Botas morreu.
Quem sentiu a sua falta foi o lixo.


terça-feira, 7 de junho de 2016

O Guardião das Sombras


O Guardião das Sombras domina o horizonte. Antecipa a noite que se aproxima. Silhuetas que se movem furtivamente, são elas próprias sombras errantes.
Ao sabor dos ponteiros do relógio vai-se a escuridão instalando, empurrando o Sol para bem longe.
À luz das estrelas surgem depois os mochos e as corujas, Morcegos são bem vindos e até os pirilampos se passeiam pelas avenidas das trevas.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Horta III


Estou a ficar com raiva aos #$%&€£@ dos pássaros. A semana passada fui à cooperativa comprar cinco pés de alface e três de pepino e o que resta é isto que está na imagem. E mesmo estes já andaram fora da terra, tive que os voltar a plantar.
Agora descobri a técnica do garrafão. Se a coisa resultar vou passar a semear garrafas e garrafões.
Entretanto já comprei hoje mais alguns pés mas por precaução vão ficar num vaso uns dias até crescerem mais um bocado, antes de os mudar para a horta.


sábado, 4 de junho de 2016

A caixa


Depois dos relógios e dos painéis de parede, chegou a vez das caixas. É só uma experiência, foi feita à pressa apenas numa manhã. e tem algumas imperfeições. Agora a minha "sócia" vai pintá-la.
Vamos ver como fica.



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Horta II


A horta até agora só deu folhas e flores. Parece que está na altura de começar a dar frutos.


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Serralharia 2 - Carpintaria 2


E pronto, terminou com um empate. A culpa, ao contrário do que é habitual, não foi do árbitro mas do terreno.
Depois de mais alguns cálculos e de menos algumas horas de sono, cheguei à conclusão de que se afastasse o rolamento da base do alumínio, este não iria empeçar na moldura de madeira.
O único sitio para onde eu podia mover o rolamento era para a frente, mas como o parafuso estava quase no limite do perfil de alumínio, tive que cortar um outro pedaço, aparafusá-lo à peça de forma a poder fazer o furo uns milímetros mais à frente.

Em teoria é tudo muito bonito, mas fazer isto na bancada da cozinha não é nada fácil, e o resultado final ficou ligeiramente descentrado.
Feito o teste verificou-se que o rolamento já corre na moldura sem qualquer tipo de constrangimento.
Após um pequeno intervalo, vamos à segunda parte, o processo final de produção, que decorreu num terreno ainda mais difícil, o chão da cozinha.

Obtido o resultado final, verificou-se que a coisa funciona. Houve erros de parte a parte, tanto na produção da peça de alumínio como no suporte de madeira para o quadro.

Este é um dos processos para executar este tipo de entalhes na madeira. Há mais formas de o fazer mas com as condições actuais parecem-me mais difíceis de executar.

Nada que não se possa vir a experimentar quando conseguir fazer aquilo que é prioritário e ainda não consegui: uma bancada de trabalho a sério.




quarta-feira, 1 de junho de 2016

Serralharia II


Confirma-se: isto está uma merda.
Mas também, ainda não desisti.
Depois de passar o dia a fazer cálculos e contas de cabeça, construi por fim o modelo da moldura. Quando vou a fazer o teste final, ZÁS: a *&%#$€@ da curva é pequena demais, comparativamente com a peça de alumínio que construi, pelo que as extremidades batem na madeira, impedindo o rolamento de seguir o contorno correctamente.
A peça de alumínio tem a medida da base da fresa, pelo que não pode ser mais pequena. Ocorreu-me uma solução: arranjar um pedaço de alumínio adicional e fixá-lo a este, de forma a poder colocar o rolamento meio centímetro mais à frente.
Agora é que está mesmo quase, mas não sei se vai ser amanhã porque metade do dia vai para a minha ida a Lisboa por causa da aula de guitarra.
De derrota em derrota, até à vitória final.
Entretanto e para eu não me desleixar com o trabalho, já tenho mais uma encomenda. Agora parece que é um cesto de madeira, ou lá o que aquilo é.
Não há coração que aguente.