Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Salpicos de verde


Salpicos de verde, sob um céu azul, surgem do nada sobre o amarelo da areia banhada pela espuma branca das ondas. Ao longe nuvens cinzentas de tempestade.
Mais uma maré e mais uma porção de areia arrastada em direcção às profundezas insondáveis do oceano. 
É assim que fica mais pequena a praia que já foi grande.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cada cavadela sua minhoca


Cada cavadela sua minhoca, diz um ditado antigo.
Ainda estou para descobrir se se aplica a este caso concreto.


terça-feira, 28 de abril de 2015

Caminhando


Movemo-nos. Nem sempre em linha recta, mas sempre com os olhos postos no futuro.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O micro clima


A serra é como um pára raios de nuvens, um pára nuvens. Atrai-as todas. Anda-se dez ou doze quilómetros e temos céu limpo, chega-se ali e estão lá todas, parecem presas com uma gancheta, e só de lá saem depois de se desfazerem em chuva.

sábado, 25 de abril de 2015

Abril Abril


Mais uma data, mais um ano, mais um discurso e uma comemoração.
E entretanto continua tudo por fazer, mais o que é preciso refazer pois perdeu-se no retrocesso civilizacional em que vivemos.
E entretanto o medo de uns continua a crescer na mesma proporção em que cresce a ganância dos parasitas que, à sombra do neoliberalismo vivem à conta do suor alheio.

O tempora! O mores!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

As sombras da noite


Um último raio de Sol permite-nos ver a estranha dança que as criaturas do ar executam, como se fossem sereias com asas convidando-nos a segui-las.
Em breve as trevas vão obrigar a uma pausa na imaginação mais delirante.
As sombras da noite ocultam as aves que voam sobre as nossas cabeças.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

El Cano


"... A cobra dobra fora de água..."
GNR, Las Vagas

Para quem gosta desta música dos GNR aqui fica o link
https://www.youtube.com/watch?v=BVwVluw5KS0 

Fez recentemente oitenta e um anos que foi apresentada a foto do Monstro de Loch Ness que depois se veio a revelar ser falsa. Tal como o monstro, supostamente.

Esta foto não é tão antiga como a outra, nem é falsa, nem o monstro que retrata é inexistente. 
Aqui é tudo real, infelizmente.


terça-feira, 21 de abril de 2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O cimo do penedo


Não era difícil subir até ao cimo do penedo, apesar de em algumas situações ser preciso trepar com o auxílio das mãos. Nestas ocasiões ele subia à frente e depois puxava-a, auxiliando-a na subida, embora ela reclamasse constantemente que não precisava, assim como quem diz “não preciso desta ajuda, quando quiseres ajudar pega no ferro de engomar ou na vassoura…”.

Chegados ao cimo, fizeram uma pausa para acalmar a respiração e olharam em redor contemplando a paisagem. Depois procuraram um sitio para se sentarem e ali ficaram por longo tempo olhando o mundo distante, distantes de tudo e de todos, distantes até um do outro.

domingo, 19 de abril de 2015

sábado, 18 de abril de 2015

Galerias Romanas de Lisboa


Hoje era dia de Galerias Romanas de Lisboa. Depois de ontem me ter deitado à uma e meia devido a uma ida ao teatro para ver “Ratos e homens” de John Steinbeck, hoje acordei ao toque do despertador às sete horas para não chegar muito tarde a Lisboa.
E não cheguei, às dez horas e cinco minutos estava na Rua da Conceição, mas a essa hora já a fila ia pela Rua dos Correeiros até ao segundo quarteirão a contar do Rossio.
Devia estar seguramente mais de um milhar de pessoas, e a entrar vinte e cinco de cada vez, era um dia inteiro ali. Visitar ruinas não é nada que justifique isso, portanto fui-me embora.
Foi uma manhã perdida. Dali ainda fui ao Museu da Marinha e foi mais uma perca de tempo. Devem andar a poupar na iluminação e nas legendas dos objectos expostos, com a falta de luz e o tamanho das letras não consegui ler rigorosamente nada.
E não fui só eu que tive dificuldade em ver, a máquina fotográfica também não conseguiu ver nada mesmo com a sensibilidade a 1600 ISO.
A única coisa que aproveitei no dia de hoje foram as fotos que tirei no Terreiro do Paço.


Ratos e homens


Ratos. E coelhos, galinhas, cãezinhos, uma vaca.
E homens.
Ratos e homens.
O que é que há mais? Há mais ratos ou homens?
O que é que vale mais? Ratos ou alguns homens?
O que é que valem alguns homens?

Ratos e homens, de John Steinbeck, em cena no Auditório Municipal Lourdes Norberto em Linda a Velha, pelo Intervalo Grupo de Teatro.

Eu vi e recomendo. A companhia e os actores merecem.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Nuvem passageira


Parece mesmo uma nuvem, e possivelmente é. Mas devia ser uma nuvem passageira, isto é, uma nuvem que leva passageiros, de preferência para longe daqui. Talvez tivesse lugar vago para mim.
E se fosse um OVNI, vindo de outra galáxia?

Isso é que era…

quarta-feira, 15 de abril de 2015

terça-feira, 14 de abril de 2015

O vazio


Um último adeus à janela. Depois o vidro fechou-se que a noite estava fria. O carro arrancou, primeiro devagar, depois mais rápido à medida que os quilómetros iam passando. Acelerou, embora não tivesse pressa, não tinha horas para chegar porque não tinha sítio aonde ir. Queria estar concentrado na condução, ter algo que lhe ocupasse o cérebro, porque assim não pensava em mais nada.
Sim, era uma fuga, sabia disso. Sabia que mais tarde ou mais cedo teria que voltar a enfrentar a realidade, quanto mais não fosse porque a gasolina acabaria. Mas enquanto pudesse queria fugir aos pensamentos que vinham atrás de si, que o agarravam pelos ombros e o abanavam, mostrando-lhe que não tinha futuro porque o presente tinha ficado lá atrás, no passado.
À medida que as horas iam tomando conta da noite e o cansaço ia entorpecendo os músculos, a razão foi vencendo a depressão. Fez meia volta, e iniciou o caminho de regresso. Pelo meio teve tempo para se recriminar a si próprio por ter deixado as coisas chegarem ao ponto a que chegaram.
Há muito que devia ter desistido. A liberdade, a mesma liberdade que reclamava para si, dera-a aos seus pensamentos, e claro está que pensamentos livres são indomáveis, deixou de ter mãos neles.
Chegou finalmente a casa. Estacionou o carro, abriu a porta e saiu. Parecia que se sentia mais leve. Era do vazio que sentia dentro de si.


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sem tinta


Quantas palavras, frases e ideias já saíram daquele bico. Quantos riscos, rabiscos e rascunhos. Quantos pensamentos e sentimentos.
Tantas coisas que se dizem ou escrevem, e tantas que ficam por dizer e escrever.
E o que falta parece ser sempre o fundamental. Falta sempre aquela palavra que poderia mudar o destino.
Até que, calam-se as vozes, já nada há para dizer, seca a tinta, já nada há para escrever.

O bico há-de aparecer um dia partido, no chão. Tal é a raiva.

domingo, 12 de abril de 2015

Marco


Sou um marco, mas não marco nada.
Só as vejo passar, umas vezes a pé, outras vezes de bicicleta.

sábado, 11 de abril de 2015

A floresta verde


O primeiro escrito deste blog, já lá vão quase cinco anos, contava a história de um ser que habitava na floresta negra.
Hoje tenho à minha frente outro ser e outra floresta, esta verde.
Este ser é diferente e especial. A começar pelo facto de não ter nome.
Tudo tem que ter um nome, portanto chamemos-lhe Maria, porque Marias há muitas e é um nome que fica bem a qualquer ser.
Maria, esta, ao contrário da outra, não está fechada numa masmorra. Maria, esta, está fechada num palácio, mas ao contrário da outra, não sabe que está fechada.
Há uma diferença enorme entre uma masmorra e um palácio, tal como há diferenças enormes entre as duas Marias. Mas haverá diferenças entre estar-se fechado, quaisquer que sejam as circunstâncias? Não há, mas há quem queira acreditar que sim. É a ilusão que comanda o sonho e por sua vez a vida.

A floresta verde não é assim tão diferente da floresta negra, excepto na cor, mas a cor é apenas um pormenor sem importância. A cor da floresta está para os seres que as habitam como a cor das flores está para os insectos: atrai, embora haja quem não acredite nisso.

Escapar de uma floresta requer um grande sentido de orientação, ou uma grande coragem, ou uma grande sorte, ou outra coisa qualquer. Não é fácil sair de uma floresta.


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Metrónomo


Metrónomo: aparelho que me faz ficar com as orelhas em bico, só de o ouvir.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O neurónio


Havia qualquer coisa que não deixava avançar. As hipóteses mais prováveis eram que fosse um pauzinho na engrenagem ou um fio desligado.
Após estudos exaustivos chegou-se à conclusão que era mais grave: era um neurónio fundido.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Dia de limpezas


Hoje foi dia limpezas cá na casa. Estiva a dar uma varridela na lista de links da barra lateral do blog. 
Alguns dos links já não me interessavam, outros, com muita pena minha deixaram de ter actividade há vários (muitos) meses e portanto não estavam ali a fazer nada. Tinha também vários outros links para acrescentar à lista e por desleixo fui adiando e só agora o fiz.
É a vida de dono de casa.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Pernas


Dar corda aos sapatos significa apenas prender os atacadores. É que os sapatos não correm sozinhos, são precisas as pernas para os impulsionar, e mesmo quem corre por gosto cansa-se e muito, de tal maneira que chegando ao fim, é preciso po-las a descansar.

domingo, 5 de abril de 2015

sábado, 4 de abril de 2015

De saida


- Suas, suas gaivotas. Não fazem mais nada do que estar aí pousadas, em fila?
É só o que sabem fazer? Sentarem-se e grasnarem umas para as outras?
Eu vou embora! Tenho mais que fazer! Já estou até quase a passar para o outro lado da imagem, para a imponderável leveza da invisibilidade.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Peixeirada musical


Li um artigo sobre música no link seguinte.

A capacidade de atenção do consumidor de música Pop é inferior à de um peixe de aquário, diz o texto.
Em primeiro lugar está mal que ofendam os peixes de aquário, que não têm culpa nenhuma daquilo a que chamam "música".
Em segundo lugar e mais grave ainda é a ultima frase do texto: "conforme-se".
O cara que escreve isto não deve ter olhos na cara (passe a redundância) para olhar em volta para o mundo que o rodeia e ver a quantidade de conflitos que existem precisamente porque há quem não se conforme.
Conformar-se é algo próprio de cobardes, e como disse o poeta "Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".

E sobre peixes de rio? Há alguma comparação musical com peixes de rio?


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mentira


É mentira.
O dia, o dia é que é das mentiras.
O resto, infelizmente, é verdade.