Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Antenas


Elas andam aí. Por todo o lado, a todo o instante, invisíveis invasoras de toda e qualquer privacidade.
São as ondas, de rádio, electromagnéticas, de choque.
Em concreto, nada está provado até agora, seja a favor ou contra. Ou se calhar até está mas foi muito bem escondido. Como muitas outras coisas que estão muito bem escondidas. Até um dia...

Independentemente de todas as dúvidas, há uma certeza: não somos todos iguais. Mau grado a vontade de quem manda, a população mundial não é uma gigantesca manada de clones todos iguais, todos a agir por igual, todos a reagir da mesma maneira. As pessoas são diferentes, reagem de maneiras diferentes, têm sensibilidades diferentes.

É por isso de saudar que um tribunal francês tenha reconhecido uma senhora como portadora de uma doença de hipersensibilidade às ondas electromagnéticas que a impede de trabalhar (em locais onde elas existam), conferindo-lhe uma pensão por invalidez (ver notícia aqui). 

Mesmo correndo-se o risco de se poder tratar de uma tremenda fraude, é um enorme avanço no reconhecimento do direito à diferença. Talvez isto faça despoletar o aparecimento de estudos credíveis sobre a matéria, estudos que não sejam controlados pelos lóbies do costume.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Almoinhas

                                Imagem retirada da net: cartaz da peça Almoinhas

Ontem foi dia de futebol, fui ver o meu clube passar o playoff de acesso à fase de grupos da Liga Europa. 

Hoje foi dia de teatro, fui ver a peça Almoinhas do Grupo de Teatro Tapafuros, no Parque da Liberdade em Sintra. 7 magníficos monólogos que recomendo a quem ainda não viu.
Comentei no final com o Rui Mário que há coisas do caraças: dos sete autores convidados a escrever os textos há um que eu conheço e do qual não tinha a melhor das impressões; eis senão quando dou por mim no final a pensar com os meus botões: bolas, a parte que gostei mais foi precisamente a deste autor.
Nunca se deve ter ideias pré-concebidas, já lá dizia alguém.

Amanhã é dia de ver estrelas, se a maldita burocracia permitir. Inscrevi-me para uma sessão de observação no Observatório Astronómico de Lisboa. mas é preciso confirmar e re-confirmar a reserva, responder a emails, aceder a páginas, clicar em links, etc, No meio de tanta coisa, alguma coisa falhou. A ver vamos se é possível.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Rosa


Continuas a picar-me com os teus espinhos. Mas lá no fundo, lá bem no fundo, há um caminho, uma passagem secreta que conduz a um prado verdejante, onde as vacas não largam bostas e onde podemos rebolar pela erva até nos cansarmos. Um prado onde as formigas não nos comem o piquenique, onde as gralhas não nos tiram a sandes e onde a sombra das árvores é eterna, como eterno é o Sol que dia após dia dá luz e cor a este recanto. 
Só preciso de descobrir onde raio fica esse caminho.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Pergunta estúpida


Isto podia andar a combater incêndios, ou não podia?
Em vez disso anda a gastar o dinheiro dos meus impostos em combustível, sobre Mem Martins.

sábado, 22 de agosto de 2015

O mundo às bolinhas


Depois do famoso biquini pequenino às bolinhas amarelas, eis que as bolinhas, fartas de estarem confinadas a tão pequena peça de vestuário resolvem partir à conquista do mundo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A árvore que dava sombras


As sombras não eram grandes, mas também a árvore não o era. Tinham o tamanho adequado para proteger dos raios do Sol que batiam inclementes em tudo o que estava para além da copa.
Cada pedaço do tronco, cada ramo, cada folha era como que uma pequena parte daquele chapéu de Sol verde e vivo, que balançava ao sabor da aragem que atenuava um pouco o calor sufocante que se fazia sentir. Todas as partes eram importantes para o resultado final de todo o conjunto.
Deveria ser criminalizado o abate de árvores que davam sombra, e punido com a pena máxima. Infelizmente não era, e havia até, entre os que faziam as leis e decidiam o que era e não era crime, muitos que preferiam sentar-se à sombra da árvore do dinheiro, que cresce apenas em alguns quintais.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A fotografia


Parecia uma estrela que vinha a cair. Caiu tanto, tanto, tanto, que quase se esborrachava no chão. Por sorte parou a tempo.  Ou porque se acabasse a atração da gravidade ou por perícia do piloto, a coisa ficou ali parada a pouca distância do chão.
O único som que produziu foi um click semelhante a uma máquina fotográfica, após o qual se abriu uma porta de onde saiu uma coisa de dentro da coisa. À medida que avançava, mais e mais clicks se ouviam, como se as articulações estivessem todas a precisar de ser oleadas.
Parou a curta distância, levantou dois dos três braços em sinal de paz e disse:
- Olá! Chamo-me Diapositivo, venho do Planeta das Imagens e vou ensinar-te a tirar fotografias.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Exemplificando


Não sou completamente inútil.
Posso sempre servir como mau exemplo.
(Autor desconhecido)


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Um café e um bagaço


Um café e um bagaço
Letra: Carlos Tê
Música: Rui Veloso

https://www.youtube.com/watch?v=3p6H_MiZz4k

Já bebi a minha conta
E a taberna está a fechar
Vinguei-me hoje da afronta
Que o mundo me faz passar
Passam-se os anos na pele
Numa azia sem sentido
E a gente acumula o fel
Do tempo mal diferido

Um copo contra a carestia
Um copo contra a incerteza
E mais um copo à ousadia
De querer vencer a fraqueza

Um café e um bagaço
Um café e um bagaço
Um café e um bagaço
Um café e um bagaço 
Um café
Um café
Um café
E um bagaço (Refrão)

Sou dos que tira a camisa
Para socorrer um amigo
Mas Deus não me recompensa
Será que embirrou comigo?
Um café e um bagaço
Para manter o equilíbrio
Para que nada troque o passo
A um bom cidadão ébrio

Um copo contra o sistema
Um copo contra a inflação
Um copo contra a gangrena
Que nos dói o coração

(Refrão)

Já espaireci a fadiga
Queria soltar o meu brado
Mas sem armar grande espiga
Para que não seja constado
Sou respeitado e pacato
Sou ordeiro sou discreto
Bebo uns copos em recato
Para não ir tão circunspecto

Um café e um bagaço 
Só para assentar a bebida
Quero ver tudo bem baço
Só assim acho saída

(Refrão)

Agora estou como o aço
Vou começar a plissar
Um soluço e um abraço
E a vontade de cantar

(Refrão)

domingo, 16 de agosto de 2015

Luzes


Nem tudo o que luz é ouro.
Nem tudo o que parece uma pessoa é um ser com cérebro e coluna vertebral.
Às vezes é um ser rastejante da pior espécie.

sábado, 15 de agosto de 2015

Trevas


Escuridão é escuridão e o resto é conversa.
Há gente que por mais luz que tenha há-de viver sempre no escuro.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Triste constatação do dia


A melhor maneira de ter as janelas abertas sem entrarem moscas é... fechá-las.

sábado, 8 de agosto de 2015

Folha verde


O que é que eu vou escrever hoje?
Tenho uma folha verde à minha frente e não me ocorre ideia nenhuma. Ainda se fosse uma folha em branco, haveria de encontrar alguma coisa para escrever, agora verde...
Já sei! Vou escrever sobre o vermelho.
Nunca pensei que alguma vez na vida fosse capaz de dizer isto, mas pela primeira vez gostaria que os lampiões ganhassem um jogo. O de amanhã.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ervas no telhado


A degradação é propositada, só pode.
Porque depois, com a especulação, ganha-se muito dinheiro.
Até quando é isto permitido?

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A inconfessável leveza do (pare)ser


É por debaixo do pano
Que a gente entra pelo cano
Sem ninguém saber
(Ney Matogrosso)

É por debaixo do telhado
Que a gente...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

À luz de um archote apagado.


Como é possível que alguma da capacidade de raciocínio em pleno século XXI esteja ao nível da idade das trevas?
O que aconteceu à capacidade de pensar, distinguir, escolher?
Porque é que se aceita tudo, até o inaceitável?
É ignorância, comodismo ou cobardia?



domingo, 2 de agosto de 2015

As tábuas da verdade


É triste, mas estas são as tábuas da verdade.
Estas tábuas, são a única verdade que encontrei durante o dia de hoje.
O resto, tudo o resto, é mentira, é falso, é um tremendo faz de conta, um jogo de aparências colectivo. Ninguém ganha, mas todos julgam que não perdem.


sábado, 1 de agosto de 2015

A jornada


Mesmo por caminhos tortos havemos de chegar direitos.
Porque é nossa a razão, porque cada vez mais, mais e mais de nós abrem os olhos e se juntam na defesa dos valores da paz, da justiça da liberdade e da igualdade.
A questão que se põe é: quantos milénios mais demorará?