Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O palhaço triste


O palhaço andava triste. As coisas até teriam graça se não fossem tão tristes. Tudo tinha a sua piada, mas ninguém lhe achava graça.
O palhaço ria-se de tudo, até de si próprio, sobretudo de si próprio. Mas era constantemente acusado de estar sempre a brincar, de não levar as coisas a sério. Como se a vida fosse para levar a sério.
Um dia alguém o acusou até de se sentir ofendido. E era com uma brincadeira, imaginem se fosse a sério. Como se não houvesse já coisas bastantes a separá-los, agora até uma simples brincadeira os afastava mais.
Não era isso que queria. Por isso resolveu que daí em diante iria ficar calado. Assim não ofenderia ninguém.
Continuaria a ser palhaço, porque isso não se deixa nunca, a única diferença é que passaria a ser o palhaço silencioso.