Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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terça-feira, 30 de maio de 2017

A bolha


Hoje estou com a bolha. Esta e não só, há muitas outras. Treze horas em pé na Feira da Ladra deixam algumas marcas. Nada do outro mundo, que isto é ultrapassável e curável. O que arde cura e o que aperta segura. E amanhã é outro dia.
O que custa mesmo é atender o telemóvel durante o trabalho e ouvir a senhora do banco dizer que a puta a quem servi de fiador, que não procura trabalho porque não quer, só se for patroa, porque empregada não é com ela, tem o empréstimo à habitação novamente em vias de entrar em contencioso.
Se eu deixar de escrever as minhas crónicas da varanda, já sabem, é porque me passei dos cornos e fui preso.
Mas não se preocupem. Como eu nem seque fumo, não precisam de ficar com peso na consciência por não me levarem um maço de tabaco.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

As vinhas da raiva


Estamos na época delas, mas isso não justifica tudo.
Há até quem da uva só lhe prove o bago e esses são os piores.
Mas no calmo remanso da sombra da parreira, nas tardes ensolaradas e quentes de final de verão, descobre-se afinal que por debaixo da parra quem vai nu não era rei, quem segura o manto cobre-se com o manto diáfano do ridículo, quem faz rir tem vontade de chorar, e apenas a plebe se mantém igual a si própria, aceitando servilmente a inferioridade imposta e abanando freneticamente a bandeirinha à passagem do cortejo, no insano desejo de ser notado.