Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

As vinhas da raiva


Estamos na época delas, mas isso não justifica tudo.
Há até quem da uva só lhe prove o bago e esses são os piores.
Mas no calmo remanso da sombra da parreira, nas tardes ensolaradas e quentes de final de verão, descobre-se afinal que por debaixo da parra quem vai nu não era rei, quem segura o manto cobre-se com o manto diáfano do ridículo, quem faz rir tem vontade de chorar, e apenas a plebe se mantém igual a si própria, aceitando servilmente a inferioridade imposta e abanando freneticamente a bandeirinha à passagem do cortejo, no insano desejo de ser notado.