Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
...Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:
Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.
Bocage
Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
domingo, 19 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
A pena, a morte e a pena de morte
A pena
“Numa mão sempre a espada e noutra a pena”
Luís de Camões, Os Lusíadas, canto VII
A pena esteve desde sempre associada à morte.
A mão que segura a pena que escreve é a mesma que empunha a espada que mata.
Temos pena de quem morre, porém inventámos a pena de morte.
Depenar uma galinha implica matá-la primeiro.
Vários usos para as penas poderiam ser referidos, como por exemplo a almofada de penas, todos eles no entanto implicam a prévia morte dos seus anteriores e legítimos proprietários, as aves.
“O pavão de hoje é o espanador de amanhã”
(autor desconhecido)
A morte
“A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim”
José Afonso, A morte saiu à rua
Estar morto não é o contrário de estar vivo, como foi alarvemente dito um dia.
Estar morto é uma consequência e uma continuação de se ter estado vivo.
Há mortos que continuam vivos nos nossos pensamentos.
Só morre quem viveu.
Não existe vida eterna, logo quem vive tem de morrer.
Morrer custa muito, sobretudo para quem está (continua) vivo.
Há quem não goste de morrer e prefira continuar vivo. Feitios.
A morte é um negócio. A natural, para os cangalheiros. A não natural sobretudo para o maior fabricante mundial de armas.
A pena de morte
Quando a pena se junta à morte, temos pena mas cria-se a pena de morte.
A pena de morte existe por todo o lado, é um facto.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de estar à hora errada no local errado, o caminho da bala disparada por um qualquer assassino assaltante.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de estar à hora errada no local errado, o caminho de um carro guiado por um qualquer condutor irresponsável e assassino.
Houve pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de ter nascido em países possuidores de bens como ouro, canela e marfim, bens esses cobiçados pelos poderosos assassinos de então.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de nascer em países possuidores de petróleo, pretendido pelos poderosos assassinos actuais.
Há pessoas condenadas a morrer de fome porque alimentá-las sai muito caro. Há dinheiro suficiente para isso, como porém é impossível (ao dinheiro) estar em dois sítios ao mesmo tempo, quem nos (se) governa prefere com ele alimentar contas na Suíça e em offshores do que alimentar pobres famintos.
Houve pessoas condenadas a morrer pela justiça divina, aplicada por seres humanos. Os maus, quando morrem, têm à sua espera do outro lado o caldeirão e o tridente do diabo, por isso não deveria ser preciso fazer nada, mas, não vá o diabo tecê-las e isto da religião ser tudo uma treta, é conveniente aqui deste lado dar uma ajudazinha. O que só prova que nem os próprios apregoadores das tais verdades acreditam naquilo que apregoam.
Há pessoas condenadas a morrer pela justiça do direito penal. Até têm direito a um padre nos últimos instantes de vida. Não é bem justiça divina mas anda lá perto, é quase como se fosse.
O homem, enquanto foi um animal irracional semelhante aos macacos a partir dos quais evoluiu, matava para comer. Depois, com a evolução descobriu a existência de valores e passou então a matar para se alimentar a si e aos seus valores.
Na vida e na morte, como em tudo o resto, há desigualdades. Está tudo mal distribuído.
Dependendo do ponto de vista, isto pode ser uma causa ou uma consequência de todos os males e problemas que existem pelo mundo fora.
E era tão fácil resolver estes problemas. Bastava que a morte estivesse mais bem distribuída.
Não é preciso andar por aí a matar mais gente, bastava que houvesse uma melhor distribuição. Há tanta gente boa que morre. Se fosse possível salvá-los e se começassem a morrer mais dos outros...
“Numa mão sempre a espada e noutra a pena”
Luís de Camões, Os Lusíadas, canto VII
A pena esteve desde sempre associada à morte.
A mão que segura a pena que escreve é a mesma que empunha a espada que mata.
Temos pena de quem morre, porém inventámos a pena de morte.
Depenar uma galinha implica matá-la primeiro.
Vários usos para as penas poderiam ser referidos, como por exemplo a almofada de penas, todos eles no entanto implicam a prévia morte dos seus anteriores e legítimos proprietários, as aves.
“O pavão de hoje é o espanador de amanhã”
(autor desconhecido)
A morte
“A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim”
José Afonso, A morte saiu à rua
Estar morto não é o contrário de estar vivo, como foi alarvemente dito um dia.
Estar morto é uma consequência e uma continuação de se ter estado vivo.
Há mortos que continuam vivos nos nossos pensamentos.
Só morre quem viveu.
Não existe vida eterna, logo quem vive tem de morrer.
Morrer custa muito, sobretudo para quem está (continua) vivo.
Há quem não goste de morrer e prefira continuar vivo. Feitios.
A morte é um negócio. A natural, para os cangalheiros. A não natural sobretudo para o maior fabricante mundial de armas.
A pena de morte
Quando a pena se junta à morte, temos pena mas cria-se a pena de morte.
A pena de morte existe por todo o lado, é um facto.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de estar à hora errada no local errado, o caminho da bala disparada por um qualquer assassino assaltante.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de estar à hora errada no local errado, o caminho de um carro guiado por um qualquer condutor irresponsável e assassino.
Houve pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de ter nascido em países possuidores de bens como ouro, canela e marfim, bens esses cobiçados pelos poderosos assassinos de então.
Há pessoas condenadas a morrer porque tiveram o azar de nascer em países possuidores de petróleo, pretendido pelos poderosos assassinos actuais.
Há pessoas condenadas a morrer de fome porque alimentá-las sai muito caro. Há dinheiro suficiente para isso, como porém é impossível (ao dinheiro) estar em dois sítios ao mesmo tempo, quem nos (se) governa prefere com ele alimentar contas na Suíça e em offshores do que alimentar pobres famintos.
Houve pessoas condenadas a morrer pela justiça divina, aplicada por seres humanos. Os maus, quando morrem, têm à sua espera do outro lado o caldeirão e o tridente do diabo, por isso não deveria ser preciso fazer nada, mas, não vá o diabo tecê-las e isto da religião ser tudo uma treta, é conveniente aqui deste lado dar uma ajudazinha. O que só prova que nem os próprios apregoadores das tais verdades acreditam naquilo que apregoam.
Há pessoas condenadas a morrer pela justiça do direito penal. Até têm direito a um padre nos últimos instantes de vida. Não é bem justiça divina mas anda lá perto, é quase como se fosse.
O homem, enquanto foi um animal irracional semelhante aos macacos a partir dos quais evoluiu, matava para comer. Depois, com a evolução descobriu a existência de valores e passou então a matar para se alimentar a si e aos seus valores.
Na vida e na morte, como em tudo o resto, há desigualdades. Está tudo mal distribuído.
Dependendo do ponto de vista, isto pode ser uma causa ou uma consequência de todos os males e problemas que existem pelo mundo fora.
E era tão fácil resolver estes problemas. Bastava que a morte estivesse mais bem distribuída.
Não é preciso andar por aí a matar mais gente, bastava que houvesse uma melhor distribuição. Há tanta gente boa que morre. Se fosse possível salvá-los e se começassem a morrer mais dos outros...
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