Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Adeus Porto (parte II)


Do outro lado da ponte, que é uma passagem, está a outra margem. Ou será uma miragem?
Por baixo corre o Rio Douro, de águas cinzentas da cor do céu, cujas nuvens, indiferentes a quem passa, se transformam em água que engrossa o caudal do rio. É época das chuvas, estamos em Novembro.
Por cima, como que a tentar colorir a paisagem, um arco-íris deslavado pelo sol enfraquecido do fim da tarde, indica a localização de um pote cheio de moedas de ouro para lá de onde a vista alcança.
Pelas minhas contas assim de cabeça, o arco-íris terminava para os lados de Contumil. Foi para aí que me dirigi.
Nada. Nem uma única moeda, quanto mais um pote de ouro. Ainda tive que pagar para procurar o fim do arco-íris.
Ao fim de nove anos na terra de Ramalho Ortigão, de novo uma ponte e outra margem pela frente. A ponte até pode ser a mesma, mas a margem é mesmo outra, e desta vez não é uma miragem.
A carteira continua tão cinzenta como a cor do céu à chegada. O pensamento, fruto das lições da vida, roubou as cores do arco-íris. E não tenciona devolvê-las.