Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 3 de julho de 2011

Crónica de uma derrota anunciada

Hoje estive não sei bem onde. Ou melhor, eu sei onde estive, não sei é o que aquilo é ou como se chama. Para mim é o Jamor. Mas poderá bem ser o Estádio do Jamor, o Complexo Desportivo do Jamor, o Centro de Alto Rendimento do Jamor, sei lá. Quanto mais complicado o nome mais importância lhe atribuem.

(pausa para esfregar as pernas. Isto hoje está mau...)

Há mais de dez anos que não andava por aquelas paragens. Não sei o que mais me decepcionou, se o Alto Rendimento, se o baixo rendimento.
O rendimento de quem (se) governa aquilo deve ser altíssimo. Tal como o dos que de por lá negoceiam. Só em cercas, vedações, redes de arame, postes, pilares, portas, portões e portinholas quanto não terão gasto? Fora as outras coisas...
E não estou a falar apenas do que está à vista. Estou a falar do que já houve e que por incúria, desleixo ou por mudança das cabeças pensantes foi depois abandonado e substituído. Quantas estruturas houve que duraram apenas alguns anos, até nova “requalificação” da área?
À dez anos aquilo estava em obras, hoje está em obras. São as mesmas ou são outras?

(Uma carta da DGDQQ (Direcção Geral De Qualquer Coisa)? Deixa lá ver o que é...
Olha, ganhámos o concurso público para o fornecimento e instalação do sistema de retenção e controle de acessos não autorizados (vulgo vedação de arame) ao Sector 4. Vou já telefonar ao sôdoutor a agradecer.)

(outra pausa, agora por causa do joelho)

Hoje foi dia de exame. Daqueles em que não se pode copiar, não é como os dos magistrados. E chumbei, nem à oral vou. A uma semana da corrida do Sintrense tinha que fazer um teste para ver como está o andamento e em função disso definir a estratégia. Esta foi a parte mais fácil, a estratégia vai ser um passo a seguir ao outro até chegar à linha da meta.
O teste consistia em 3 x 1.000m com 8 min de intervalo. Logo ao fim dos 20 min de aquecimento já estava cansado. Os tempos foram de #$%&?*+ e de +*?&%$#. Ainda bem que me esqueci de levar meias e fiquei com bolhas nos pés. Assim tive uma boa desculpa para não fazer a terceira repetição.

O meu rendimento foi muito baixo. E eu que esperava ir à corrida para ganhar. Ganhar experiência para a corrida seguinte, claro. Assim nem sei bem se vale a pena.

Nem tudo foi mau na minha deslocação ao Jamor. Um dos objectivos era ir treinar, o outro era ir assistir ao Campeonato Nacional Masters – Open de Verão. Em vista deste nome estrangeiro, os mais incautos poderão pensar que se trata de algum evento internacional importante. O Jamor é um local importante. Tem, também com nome estrangeiro o Estoril Open. Acham que se se chamasse Torneio de Ténis da Cruz Quebrada teria tantos VIP's, daqueles que de desporto apenas sabem que a bola é redonda, a passearem-se em frente às câmaras de televisão?

Outras histórias importantes passaram também pelo Jamor. Gastaram-se dezenas de milhares de contos a fazer uma pista de corta mato, onde se disputou um campeonato do mundo e no qual Carlos Lopes foi campeão do mundo, para passados poucos (seriam 2?) anos ser destruída servindo para uma etapa do rali de Portugal. O que resta disso são apenas as memórias de quem assistiu.
Há também o importante Estádio Nacional, local que não tinha iluminação e onde há alguns anos gastaram centenas de milhares de euros a construir torres de iluminação para fazerem jogos (1 jogo por ano!) de dia.

Voltando ao Campeonato Masters. O lema “compre o que é nosso” só se aplica aos produtos do merceeiro Belmiro, aqueles que vêm do estrangeiro e são embrulhados cá com o código de barras a começar por 560, linguisticamente o que vier em inglês ou no dialecto do acordo ortográfico é muito melhor.
Traduzindo para português corrente, trata-se do campeonato nacional de natação para veteranos. Tive a oportunidade e o prazer de ver em acção os meus amigos João Paulo Campos e Isabel Raimundo. Um grande beijinho à minha septuagenária amiga Isabel por ter sido campeã e recordista nacional de 100 metros bruços, 50 metros costas, estafeta mista 4x50 metros, 100 metros livres. Isto na jornada de hoje sábado, ainda falta o dia de amanhã.

Amanhã lá estarei novamente, para treinar mais um pouco (pouco mesmo que a vontade não é muita) e assistir a mais algumas provas de natação.

(agora vou esfregar mais um bocado os músculos, ui)