Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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sábado, 22 de outubro de 2016

A escada dupla


A escada dupla funcionava a duas velocidades.
Subia-se à velocidade que o cansaço permitia e descia-se à velocidade da atracção da gravidade, descontando o atrito nos degraus.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Escada para as nuvens


Chegado lá acima deixei cair o martelo. Tive de voltar a descer. Mas primeiro parei e olhei em volta. Queria ter a certeza que a escada ia mesmo até às nuvens. Dali de onde estava não me pareceu. Continuavam tão distantes como quando estava no chão. Resignado desci, peguei o martelo e voltei a subir. Desta vez tinha martelo, não tinha era pregos. Respirei fundo e iniciei o caminho descendente. Fui à caixa dos pregos, coloquei meia duzia no bolso e recomecei a subir. A meio da subida lembrei-me de olhar para cima. Confirma-se, a tábua não estava lá. Estava a ficar um bocado farto desta obra. Entre o cansaço das constantes subidas e descidas e a vontade de desistir, ali fiquei a olhar o vazio.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Indecisão


Não me lembro de alguma vez ter subido esta escada. Nas várias vezes que aqui passei, fi-lo sempre a descer. Porém, o que é curioso, nunca vou ter ao mesmo sítio, de cada vez que lá passo vou sempre ter a um local mais abaixo, cada vez mais abaixo, como se um novo lanço se abrisse rumo às profundezas da terra a cada nova descida.
Deve ser problema meu com certeza, porque a escada parece-me normal.
Talvez que se eu a subisse…
Não me posso esquecer é que quanto mais se sobe, maior é a queda!


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ascensão


Há quem suba e não vá ter a lugar nenhum. Na escada como na vida.
Mas, e quantos o reconhecem?
Sendo visto em cima fica-se com um ar tão superior...

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A escada de acesso


Não se sabia bem aonde conduziam aqueles degraus. Uma lenda muito antiga dizia que quem fosse por aquela escada acima havia de subir na vida.
A rir estarão certamente os duendes que habitam esta floresta e que habitualmente se escondem por trás das folhas e dos troncos. A rir dos incautos, que fiados na lenda, sobem sabe-se lá com que esforço a escada, pensando que chegados ao cimo terão subido na vida.
Bem, e não é que subiram mesmo?
Mas… e para que? O que ganharam com isso?
Eles nada, mas ganhámos nós, pois ficámos a saber que aquela escada conduz a um novo patamar da ganância.


sábado, 4 de outubro de 2014

A escada de acesso


Ia a meio da escada, ofegante. A inclinação não era muita, o peso da mala que carregava e cujas rodas estavam partidas é que dificultava o seu avanço.
De repente a porta abriu-se e ela apareceu, puxando também por uma mala. Pareceu ficar surpreendida por o ver chegar ou talvez ficasse surpreendida por ele a ver a partir. Deu um jeito no casaco e no cabelo, deitou a mão à porta como se a fosse fechar, mas retirou-a ao fim de uns segundos de hesitação, virando-se então para a frente e aguardando que ele acabasse de subir o que faltava da escada.
A surpresa era mútua. Também ele estava surpreendido por a ver sair da casa de hóspedes com uma mala, como se fosse partir. Ia partir, de facto, embora tivesse acabado de chegar. À última hora mudou de opinião.
Chegado ao último degrau inclinou-se para a frente para a cumprimentar com um beijo mas ela recuou. Desculpou-se de olhos postos no chão, sem o encarar de frente, dizendo que não podia ficar, tinha sido um erro, tudo desde o início tinha sido um erro. Contornou a mala dele que atravancava o caminho e começou a descer a escada.
Ainda ergueu um braço, com a mão aberta e os dedos estendidos e trémulos como se a quisesse agarrar, ao mesmo tempo que da boca entreaberta começou a sair um nome, mas depressa baixou o braço e fechou a boca. Não valia a pena.
Ficou a vê-la afastar-se até desaparecer no fim do caminho, depois pegou na mala, entrou na hospedaria e após as formalidades foi para o quarto que tinha marcado.
Da janela não se via grande coisa, apenas os telhados das outras casas, uma parte da muralha da vila e o céu azul com algumas nuvens. O único movimento eram os pardais e os pombos que por ali esvoaçavam e ficou ali a vê-los.
Vendedor de cafés de profissão, fazia esta zona há vários anos. Tinha-a conhecido há alguns meses na vizinha cidade das Caldas, era empregada de um estabelecimento seu cliente. Tinham combinado passar o primeiro fim de semana juntos.

Afinal tudo não passara de um erro. Sim, ela tinha razão, como geralmente as mulheres têm, tudo desde o princípio tinha sido um erro. Ele é que ainda acreditava que as coisas eram o que pareciam ser.