Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 28 de julho de 2015

O pato branco


O pato branco vivia num mundo cinzento. Tinha um lago de águas cinzentas só para si, rodeado de margens cinzentas e com uma ilha cinzenta no meio. 
O pato branco gostava tanto do seu lago, da sua ilha e das suas margens cinzentas, que repetia inúmeras vezes para quem quisesse ouvir: o meu coração só tem uma cor: cinzento e branco.
O pato branco não conhecia mais nenhum lago, nem mais nenhuma ilha, nem mais nenhuma margem, nem mais nenhuma cor, nem mais nenhum pato.
O pato branco não precisava de mais lagos, nem mais ilhas, nem de mais margens, nem de mais cores, nem de mais patos.
O pato branco não sabia o que era a tristeza, e vivia feliz por nunca ter sido misturado com laranja ou arroz ou laca.
O pato branco nem sabia o que era o branco. Existia apenas e isso chegava-lhe.