Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Quando o telefone toca


Quando o telefone toca não é ela que me liga. Todos os dias repito para mim próprio que não espero nenhum telefonema mas a verdade é que não consigo enganar ninguém nem a mim próprio, e lá vou eu ver o que me reserva o visor não vá ela precisar de alguma coisa. Sim, que quando precisa, liga.
Também não é para pedir música, isso já não se usa.
Ultimamente o telefone tem tocado sempre duas vezes e não é o carteiro. É telemarketing e parece que é legal.
Tudo o que é contra as pessoas, desde o que mata até o que apenas moi, parece que é legal. E estes telefonemas todos moem-me a paciência.
Não serve de nada dizer que estão a incomodar e exigir que escrevam na base de dados que têm à frente do focinho que não quero ser contactado de novo. Eles estão-se marimbando para os meus incómodos e voltam mesmo a ligar.
Ah, mas quanto aos incómodos deles, parece que a coisa é diferente. Vai daí comecei eu incomodar-lhes a carteira, que é a única coisa a que esta escumalha dá valor.
Todas as vezes que ligam, e são muitas, pagam uma chamadinha, porque eu atendo-os, só que o telefone fica pousado onde estiver e eles falam sozinhos até se cansarem.
Talvez assim aprendam.