Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Ventania


Abrem-se as portas
Solta-se o vento
Sopram rajadas
Tudo rodopia.
Abrem-se então
Goelas profundas
Ouvem-se os gemidos
Das árvores que gritam.
Erguem-se do chão
As folhas caídas
Torcem-se os ramos
Caem mais folhas
Das nuvens ao alto
Saem grossos pingos
Engrossam os rios
Nas margens da vida.
De tudo o que sobra
Já nada mais resta
Quando a tempestade
Retorna à bonança.
Nos rostos e olhos
Há sinais de medo
Da esperança que é vâ
Do futuro incerto.
As mãos impotentes
Agarram o que podem
Da vida já resta
Pouco mais que nada.
São horas agora
De outro recomeço
Contam-se os estragos
À vida que resta.