Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Maria

Maria é um ser imaginário que habita numa remota e longínqua masmorra encravada nos alicerces do castelo perdido no fundo da floresta negra.
Porque há florestas de outras cores.
Mas esta é negra.

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Sabes Maria, vejo-te despida
De roupa por fora, sonhos por dentro
Olho-te e vejo, pareces perdida
Não sabes que és da vida o centro.

Sabes Maria, eu vejo-te nua
Olhando em volta à procura de abrigo
Perdeste a noção da vida que é tua
Procuras em vão a mão de um amigo.

Sabes Maria, sinto que desistes
Deixaste a vida passar por ti
Olho e reparo em teus olhos tristes
E nessa boca que nunca sorri.

Sabes Maria, eu toco teu rosto
Agarras-me a mão, não posso sair
Ajudo a quebrar o grilhão imposto
Ergo-te do chão, vejo-te partir.

Olha Maria, levanta-te e sai
Desta gaiola de grades douradas
Olha em frente, caminha, vai
Deixa p'ra trás as almas enganadas.

Isso Maria, és livre agora
Junta tuas coisas, parte depressa
Não olhes p'ra trás, vai daqui embora
Tenta ser feliz, que nada te impeça.