Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

sábado, 7 de junho de 2014

A chaminé


- Vede irmão, já se avista o palácio, daqui a nada poderemos descansar os nossos pés cansados.
- É aqui que nos separamos, vou ficar aqui atrás destas moitas.
- Aqui irmão? Acaso não quereis retemperar as forças gastas na jornada? Não quereis sacudir o pó do gibão, molhar a garganta seca com o vinho das terras de Colares, estender a corpo num leito de penas de ganso e deixar que o sono vos invada o espírito?
- Sim, quero isso e muito mais, mas… olhai, há fumo branco na chaminé.
- Por todos os santos do altar, imaginai quantos petiscos não terá cozinhado. Fumo branco numa chaminé é sempre uma boa nova.
- Não neste caso, irmão. Este fumo branco significa apenas que Dona Genoveva, minha mui amada amante, se encontra ainda entregue às suas lides de cozinheira real. Protegido por estas moitas e agasalhado pelo hábito que envergo, esperarei que todo o fumo se desvaneça, para depois, através das cavalariças entrar pela porta das traseiras.
- Pois se ides fornicar, que São Tiago vos acompanhe, irmão.
- Até amanhã, irmão, ide na paz do Senhor.