Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Namorar num banco de jardim
Levar a namorada para um banco de jardim à luz da Lua foi talvez um ícone do relacionamento entre as pessoas durante muitas gerações.
Mas os tempos mudaram.
Mesmo que o espaço não seja bem um jardim, mesmo que o assento não seja bem um banco, mesmo que a namorada não passe de uma amiga colorida, o importante é que a Lua continue a brilhar com toda a intensidade.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Estrela decadente
A noite estava estrelada. Esticou as pernas
para a frente, deixou cair o corpo para trás até ficar apoiado nas costas do
banco, colocou as mãos atrás da nuca com os dedos entrelaçados e deixou-se ali
ficar a olhar o céu.
Tantas estrelas. Pelas suas contas deviam
ser mil e uma. Todas aquelas que tinha ali à sua frente e eram tantas, deviam
ser umas mil, depois havia mais uma, a outra, a decadente, que não lhe saia da
cabeça.
Estrela decadente era o nome mais
apropriado que encontrou para a definir. Sim, não tinha vergonha de o admitir, adorou-a
como se fosse uma estrela, tantos caminhos que percorreu ao ritmo da sua luz,
para ir ter com ela, para estar com ela.
De repente, sim foi de repente, sem
qualquer aviso prévio, a luz deixou de estar lá. Ela estava, mas a luz não.
Era a mais brilhante de todas. Foi-se a
luz, vieram as trevas. Depois de um período em que nem iluminava nem respondia
aos apelos, o corpo e os olhos foram-se aos poucos habituando à nova realidade.
A confiança estava perdida, o melhor era
começar a procurar outra órbita.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Talvez te espere
Olhou mais uma vez para o relógio, um pouco
a medo, temendo que os ponteiros, por via da pilha nova que colocara na véspera
tivessem desatado a corre atrás um do outro cheios de energia e chegassem
primeiro que ele à hora marcada.
Mas não, verificou suspirando de alívio, ainda
faltavam vários minutos para a hora marcada e os ponteiros moviam-se com a
mesma lentidão de sempre. Moviam-se à velocidade de sessenta eternidades por
hora. Cada minuto que esperava por ela parecia-lhe uma eternidade.
À hora marcada, chegou ao local marcado. Ao
local marcado por si, onde resolvera esperá-la, desde que resolvera esperá-la.
O banco de jardim lá estava à sua espera. Era a única coisa que o esperava.
Sentou-se e esperou.
À hora habitual ela apareceu ao fundo do
caminho, caminhando em passos cadenciados e seguros, passos de quem sabe para
onde vai.
À medida que se ia aproximando a sua figura
ia aumentando de tamanho, deixando de ser uma figura minúscula do tamanho de
uma formiga, até atingir a altura da mulher que conhecera dez anos antes no
momento em que passava em frente do banco onde estava sentado, diminuindo depois
de tamanho à medida que se afastava pelo lado oposto.
Tal como todos os dias, seguia-a com o
olhar, desde que aparecia, pelo seu lado direito, até que desaparecia ao fundo do
caminho pela sua esquerda.
Tal como todos os dias, o olhar dela
mantinha-se sempre fixo em algum lugar, no infinito, à sua frente.
Só então, depois de ela desaparecer de
vista se levanta, virava à esquerda também e iniciava o caminho de regresso a
casa.
Mas neste dia aconteceu algo de diferente. Quando
passava em frente do banco onde estava sentado, parou, deus dois passos como
que coxeando na direcção do banco de jardim e sentou-se na outra extremidade.
Baixou-se, tirou um sapato, virou-o ao contrário e sacudiu-o fazendo sair uma
pedra que lá tinha entrado. Calçou-o novamente, levantou-se e continuou o seu
caminho de todos os dias.
Ao fim de alguns minutos, que pareceram
eternidades, desapareceu por fim na última curva do caminho.
Levantou-se então, virou também à esquerda
e antes de começar o caminho de regresso pensou “talvez te espere amanhã”.
sábado, 21 de junho de 2014
O banco de jardim
Quando e se for velho, quero morar numa cidade com muitos bancos de jardim.
De preferência à sombra, e com gente sentada neles.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Um banco de jardim
Lisboa, Belém, 25 Fevereiro 2012
O banco de
jardim era velho,
A vontade
de sentar nele era nova.
Os passos
caminhavam vagarosos,
Os corações
batiam acelerados.
As palavras
confundiam-se com o silêncio,
O transito
fazia ouvir o seu ruído.
Os corpos,
na expectativa, pararam,
Os
pensamentos, extasiados, continuaram.
As pernas
cansadas sentaram-se,
Os egos
enaltecidos levantaram-se.
O calor do
Sol alegrava-o,
A frieza
dela aborrecia-o.
Decidiram
trocar o banco comum,
Pelos seus
caminhos particulares.
Ele seguiu
de mãos nos bolsos para o norte,
Ela de
cigarro na boca para o sul.
O banco de
jardim, esse, ficou lá.
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