Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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sábado, 3 de junho de 2017
O pugresso
Para que o "pugresso" e o desenvolvimento atinjam o seu ponto máximo, ainda falta ver o rio cheio de tuk-tuks.
Já não falta muito, autocarros já la andam. E só não põem eléctricos porque parece que a água dá choque.
sábado, 13 de maio de 2017
Quarto crescente
Estava à espera que viesses e vieste. Não sei bem o que vou dizer, se é que vou dizer alguma coisa. Talvez até nem diga nada. Talvez fique só a ver as estrelas e a imaginar que a mais brilhante de todas me veio visitar.
sexta-feira, 12 de maio de 2017
domingo, 15 de maio de 2016
A espreitadela
Levantou-se tarde, como quase sempre
acontecia. Não gostava muito de acordar cedo. Conhecia de cor aqueles adágios
populares do “cedo erger”, “dá saúde”, “quem madruga, não sei o què” e blá blá
blá.
Achava que não passavam de patranhas para
encher as mentes de pacóvios, daqueles que aceitam as coisas apenas porque
alguém lhas diz, sem se darem ao trabalho de pensar se são verdade ou mentira.
Cedo ou tarde, o seu dia tinha as mesmas
horas e realizava as mesmas tarefas tal como qualquer outro, daí que não se
preocupasse muito com falatórios.
Eram vinte horas mais um minuto quando se
levantou hoje. Um dia, ou uma noite, como tantas outras, nada de novo, era algo
há muito tempo previsto no grande livro dos dias e das noites, a sua rotina de
vida a isso obrigava.
Assim que as nuvens permitiram, espreitou
cá para baixo. Era uma das suas tarefas, verificar o estado das coisas, embora
muitas vezes por condições atmosféricas adversas isso não fosse possível.
O que os aparelhos lhe indicavam é que
nesse dia, tal como em qualquer dia que fosse, estavam sempre um pouco à frente
do que estavam no dia anterior. A essência da existência a isso obrigava,
porque não há nada estático no Universo e a vida é uma espiral continua que
marca o ritmo da evolução.
Esta lei, como qualquer lei, tem excepções,
e há de facto coisas estáticas no Universo. São algumas das mentes humanas.
Hoje, ao espreitar, ouviu um grande ruido.
Não teve ilusões, conhecendo a cobardia e o comodismo humanos como conhecia,
sabia que não estava ninguém a lutar pelos seus direitos. Ainda assim teve
curiosidade em saber o que era e debruçou-se um pouco mais sobre a nuvem que
lhe tapava parte da visão.
Não era nada de importante, era apenas por
causa de um jogo de futebol.
domingo, 13 de março de 2016
O recanto escondido
O local ficava nos confins de um vale
perdido entre montanhas distantes. Só a água se fazia ouvir ali. Os pássaros,
que os havia por ali às centenas, esvoaçavam de árvore em árvore, mas os seus
trinados eram abafados pela queda da água proveniente das chuvadas do fim do
inverno.
Aproximou-se o mais que pode da cascata e
procurou um sítio para se sentar. Havia por ali vários troncos de árvores
tombadas e escolheu uma. Tirou a mochila das costas e pousou-a nos joelhos que
o chão estava molhado dos salpicos da água.
Sem pressa abriu-a e tirou o farnel, e com
toda a calma do mundo ali ficou a mastigar enquanto as sandes duraram.
Ficou contente consigo próprio por ter
escolhido bem o sítio. Estava-se bem ali. O telemóvel que normalmente só tocava
quando alguém precisava de si, ali não tinha possibilidade de o incomodar
porque nem rede havia.
Acabada a comida passou à bebida, e
novamente sem pressa ali ficou até que as sombras da tarde lhe indicaram que
era tempo de deixar a civilizada natureza e iniciar o caminho de regresso à
selva da vida quotidiana.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
O raio verde
Segundo Júlio Verne, o último raio do Sol quando se põe, é verde.
Ainda não foi desta vez que o consegui ver.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Estrela decadente
A noite estava estrelada. Esticou as pernas
para a frente, deixou cair o corpo para trás até ficar apoiado nas costas do
banco, colocou as mãos atrás da nuca com os dedos entrelaçados e deixou-se ali
ficar a olhar o céu.
Tantas estrelas. Pelas suas contas deviam
ser mil e uma. Todas aquelas que tinha ali à sua frente e eram tantas, deviam
ser umas mil, depois havia mais uma, a outra, a decadente, que não lhe saia da
cabeça.
Estrela decadente era o nome mais
apropriado que encontrou para a definir. Sim, não tinha vergonha de o admitir, adorou-a
como se fosse uma estrela, tantos caminhos que percorreu ao ritmo da sua luz,
para ir ter com ela, para estar com ela.
De repente, sim foi de repente, sem
qualquer aviso prévio, a luz deixou de estar lá. Ela estava, mas a luz não.
Era a mais brilhante de todas. Foi-se a
luz, vieram as trevas. Depois de um período em que nem iluminava nem respondia
aos apelos, o corpo e os olhos foram-se aos poucos habituando à nova realidade.
A confiança estava perdida, o melhor era
começar a procurar outra órbita.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Enquanto a noite dorme
Não havia luz, só o brilho pálido da Lua
coado por farrapos de nuvens que ainda não se tinham desfeito em chuva.
Não havia sons, só a música triste e
ritmada da maré a embater nas rochas do paredão.
Não havia cheiro, só o perfume acre do lodo
deixado a descoberto pela maré.
Não havia calor, a noite estava fria e tu
não te chegavas a mim.
Mil vezes me aproximei, mil vezes te
afastaste.
Mil vezes te chamei, mil vezes não
respondeste.
Mil vezes te olhei, mil vezes viraste a
cara.
Tenho a agradecer-te a confiança que
depositas e mim. No regresso, enquanto eu conduzia tu dormias profundamente.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Nú
Dei-te o meu casaco de folhas e fiquei despido.
E a noite está fria.
A culpa é minha, eu sei. Dei porque quis, tu não me pediste nada. Nem querias, só aceitaste para ser simpática.
Não te preocupes que as folhas hão-de crescer outra vez. E se não morrer enregelado até lá hei-de renascer mais forte.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
A boa disposição
A boa disposição deveria estar sempre presente.
Acontece que a teoria nem sempre se aplica na prática. E a tradição já não é o que era.
Porque quando vêm marrar connosco e foder-nos os cornos, é uma questão de tempo até haver merda.
Da grossa.
domingo, 15 de novembro de 2015
O urso
Não passava de um animal. Irracional e inerte. Não raciocinava nem se mexia. Mas via as coisas à sua maneira. E custava-lhe a entender o mundo que o rodeava. Sobretudo quando esse mundo incluía humanos. Não percebia porque é que eram todos iguais.
Sabia distinguir todos os ursos que conhecia, os que habitavam na sua zona e com os quais se cruzava. Todos tinham a sua personalidade, o seu jeito próprio de fazer as coisas.
Mas os humanos faziam-lhe confusão. Tirando as aparências, a cor do pelo que lhes cobria a cabeça, a cor e o feitio das peles de outros animas com que cobriam o corpo e a que chamavam roupas, tudo o resto, o essencial, era igual em todos: todos eram superiores aos restantes seres, inclusivamente entre eles alguns eram mais superiores do que outros, todos eram donos de alguma coisa, todos viviam dentro de muros fechados à chave para se guardarem a si e às suas coisas.
Que vida estúpida devia ser a dos humanos. Não trocaria nunca a sua vida de peluche por uma dessas.
domingo, 4 de outubro de 2015
Mensagem
Depois de cair em mim com a perplexidade tenho de me levantar. De novo.
Amanhã é outro dia e há sempre um Sol a iluminar estas trevas.
Estou farto deste mundo que me rodeia, mete-me nojo a gente com que me cruzo.
A luta continua, mas desta vez uma luta diferente, a luta pela sobrevivência. Cada um por si e eu por mim. Era isto que eles queriam e por mim ganharam, mas foi a única vitória que tiveram. A minha dignidade, isso nunca irão conquistar.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Sem tinta
Quantas palavras, frases e ideias já saíram
daquele bico. Quantos riscos, rabiscos e rascunhos. Quantos pensamentos e
sentimentos.
Tantas coisas que se dizem ou escrevem, e
tantas que ficam por dizer e escrever.
E o que falta parece ser sempre o
fundamental. Falta sempre aquela palavra que poderia mudar o destino.
Até que, calam-se as vozes, já nada há para
dizer, seca a tinta, já nada há para escrever.
O bico há-de aparecer um dia partido, no
chão. Tal é a raiva.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
O meio
Estávamos ali os dois parados no meio da
ponte. A ponte era suficientemente larga para passarmos os dois, mas nenhum de
nós o fez.
Não se tratava daquela típica estória em
que só cabia um de cada vez, e após uma discussão e combate para ver quem
passava, aprendem o conceito de cooperação e então um recua para deixar o outro
passar, avançando depois em seguida.
Não, não era nada disso, era mais sério.
Era uma história real e não daquelas patranhas pseudo-moralistas para fazer
lavagem ao cérebro a criancinhas.
Na verdade não queríamos ir os dois na
mesma direcção, era precisamente o oposto, cada um de nós queria ir para o seu
lado da ponte.
O problema, há sempre um problema, é que o “meu”
lado da ponte era o que ela queria. Haveria algum tipo de cooperação que
pudesse resolver isso?
Não, cooperação não havia. O que havia era
falta de paciência, que também resolve muitas coisas.
Há sempre um outro lado do outro lado do
rio. “Outro lado” é apenas uma questão de perspectiva.
Foi para lá que me dirigi.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
O dia em que choveu demais
Choviam críticas de todos os lados. Era
porque tinha feito desta maneira, porque não devia ter feito daquela maneira,
porque tinha ido por aqui, porque não devia ter ido por ali, porque tinha dito
isto, porque devia ter dito aquilo, porque não gostava de fazer, porque queria
ter feito, e sabe-se lá o que mais.
Não havia guarda-chuva que aguentasse.
Ficou todo molhado.
Porém, mal veio o Sol, a água desapareceu
num instante e ficou novamente seco.
Mas, sem saber porquê, a sensação de
humidade permanecia.
domingo, 31 de agosto de 2014
Auto defesa
Sim, eu admito que posso ter ar de presidiário, mas não era preciso insultar perguntando se já tinha 65 anos para ter desconto na porcaria do bilhete!!!
quinta-feira, 17 de julho de 2014
O bico
A avestruz tem o olho maior que o seu cérebro. Por outro lado, mantêm o bico fechado, falam pouco.
Em contrapartida conheço gente que nem cérebro tem, e talvez por isso mesmo, apresentam uma disfunção ao nível da goela, que a faz estar permanentemente aberta, qual cano de esgoto, por onde saem todo o tipo de verbalizações sobre o que julgam "saber", que vai desde cabeças de alfinete até naves espaciais, ou seja, tudo e mais alguma coisa.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Repetição
Acho que já uma vez, há muito tempo, citei aqui esta frase, mas vou voltar a repeti-la:
"Quando achamos que sabemos as respostas todas, vem a vida e muda todas as perguntas".
É só o que me apetece dizer hoje.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
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