Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Namorar num banco de jardim


Levar a namorada para um banco de jardim à luz da Lua foi talvez um ícone do relacionamento entre as pessoas durante muitas gerações.
Mas os tempos mudaram.
Mesmo que o espaço não seja bem um jardim, mesmo que o assento não seja bem um banco, mesmo que a namorada não passe de uma amiga colorida, o importante é que a Lua continue a brilhar com toda a intensidade.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

O lado oculto da Lua


"And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forebodings too
I'll see you on the dark side of the moon"

Pink Floyd, Brain Damage




quarta-feira, 31 de maio de 2017

Monte da Lua


Olhou pelas janelas em redor não fosse estar ali algum fiscal. Não estava. Optimo.
Abriu a porta do carro, foi à bagageira e tirou o tripé.
Montou-o, colocou a máquina, regulou-a e disparou.
Enquanto arrumava as coisas sentiu-se satisfeito pelo seu papel de fora-da-lei-que-usa-tripé-sem-licença-para-usar-tripé.

sábado, 13 de maio de 2017

Quarto crescente


Estava à espera que viesses e vieste. Não sei bem o que vou dizer, se é que vou dizer alguma coisa. Talvez até nem diga nada. Talvez fique só a ver as estrelas e a imaginar que a mais brilhante de todas me veio visitar.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Debaixo do mesmo tecto


Era a hora dos morcegos. O dia tinha acabado há pouco tempo, o que lhes permitiu saírem das suas tocas. Com o passar das horas acalmam-se, mas nestes primeiros instantes esvoaçavam em todas as direcções como se não houvesse amanhã.
Não gostava de morcegos. Irritava-o senti-los a voar junto à sua cabeça, muitas vezes sentia as asas a roçarem-lhe o cabelo. Havia no entanto um período do dia em que tinham de conviver debaixo do mesmo tecto.
Era a hora em que esperava pela Joana que saia do turno no supermercado. Mesmo em frente, do outro lado da rua havia um pequeno jardim e quando não chovia era aí que gostava de esperar, sentado num dos bancos de madeira gastos pelo passar dos anos.
Mesmo apesar dos morcegos

domingo, 16 de outubro de 2016

A parra


Talvez porque não tivesse roupa, talvez porque nem sequer tivesse parra que a substituisse, a Lua, que hoje era cheia e super, não se deixou ver. Chamou as nuvens e tratou de se esconder dos olhares indiscretos, alguns até armados com máquinas fotográficas.
As parras é que não gostaram nada de serem rejeitadas. Em protesto, prometem cair como as folhas no outono.

domingo, 15 de maio de 2016

A espreitadela


Levantou-se tarde, como quase sempre acontecia. Não gostava muito de acordar cedo. Conhecia de cor aqueles adágios populares do “cedo erger”, “dá saúde”, “quem madruga, não sei o què” e blá blá blá.
Achava que não passavam de patranhas para encher as mentes de pacóvios, daqueles que aceitam as coisas apenas porque alguém lhas diz, sem se darem ao trabalho de pensar se são verdade ou mentira.
Cedo ou tarde, o seu dia tinha as mesmas horas e realizava as mesmas tarefas tal como qualquer outro, daí que não se preocupasse muito com falatórios.
Eram vinte horas mais um minuto quando se levantou hoje. Um dia, ou uma noite, como tantas outras, nada de novo, era algo há muito tempo previsto no grande livro dos dias e das noites, a sua rotina de vida a isso obrigava.
Assim que as nuvens permitiram, espreitou cá para baixo. Era uma das suas tarefas, verificar o estado das coisas, embora muitas vezes por condições atmosféricas adversas isso não fosse possível.
O que os aparelhos lhe indicavam é que nesse dia, tal como em qualquer dia que fosse, estavam sempre um pouco à frente do que estavam no dia anterior. A essência da existência a isso obrigava, porque não há nada estático no Universo e a vida é uma espiral continua que marca o ritmo da evolução.
Esta lei, como qualquer lei, tem excepções, e há de facto coisas estáticas no Universo. São algumas das mentes humanas.
Hoje, ao espreitar, ouviu um grande ruido. Não teve ilusões, conhecendo a cobardia e o comodismo humanos como conhecia, sabia que não estava ninguém a lutar pelos seus direitos. Ainda assim teve curiosidade em saber o que era e debruçou-se um pouco mais sobre a nuvem que lhe tapava parte da visão.

Não era nada de importante, era apenas por causa de um jogo de futebol.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Eclipse da Super Lua


Eclipsou-se a Lua e também a cor. Estas fábricas de tinta que patrocinam os eclipses não prestam para nada. Não havia nada da cor que diziam que a Lua teria durante o eclipse. A parte eclipsada estava escura (preta) e invisível e a parte visível estava tão branca como habitualmente.
Não me parece que tenha valido a pena a espera.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Escrito na varanda


Da varanda vejo a Lua
E o que há em volta dela.
Vejo Vénus mais ao fundo
A olhar pra este mundo,
Reflectido na janela,
Do outro lado da rua.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Quarto crescente


Foi por uma unha negra que não chocaram os dois, à luz pálida e tímida da unha luminosa em que ciclicamente se transforma a Lua no seu deambular errante, constante e infinito, pelo espaço.
Um ia a entrar, o outro ia a sair e ali ficaram os dois, não porque por vontade própria o tivessem planeado, mas porque o destino a isso os conduziu.
O momento era propício a que se ouvisse o esvoaçar de um morcego ou o piar de uma coruja, mas apenas o matraquear constante de uma cigarra quebrava o silêncio. O um porque não tinha nada a dizer, o outro porque timidamente não sabia o que dizer.

O que ia a entrar entrou, o que ia a sair saiu, e a Lua ali ficou a derramar a sua pálida luz de quarto crescente.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A teia


Não há fios que prendam a liberdade.
Ao contrário da raposa que entrou no galinheiro por um buraco e depois de comer as galinhas todas engordou de tal maneira que não conseguiu voltar a sair, a Lua vai aumentar de tamanho e mesmo assim vai sair do emaranhado onde se encontra e iluminar a noite em todo o seu esplendor.

sábado, 30 de agosto de 2014

Mar das crises


O mar das crises é um oceano de soluções. Em tempo de crise busca-se a solução em longos períodos de isolamento frente à rebentação das ondas.
Nem sempre se encontra mas pelo menos volta-se com a cabeça mais fresca.


(O “Mar das crises” está mesmo à nossa frente)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Atracado


Nem eram precisas amarras. Estava atracado e bem atracado. Em terra seca. As águas calmas da maré baixa apenas apresentavam alguma ondulação com o passar vagaroso das embarcações.
De resto a espera antevia-se longa. Estupidamente acreditara numa notícia de jornal, sem procurar confirmação. Os jornais (e os órgãos de comunicação em geral) não só mentem, como também se enganam.
Mentem descaradamente na sua missão de informar, de acordo com as orientações ideológicas dos grandes grupos económicos que os controlam; enganam-se desavergonhadamente porque o que interessa são as aparências, e é mais importante parecer que se escreve muito do que efectivamente escrever bem.
Escreveu o Jornal de Notícias que o nascer da SuperLua seria às 19h09, e lá vai o otário do aprendiz de fotógrafo com a máquina ao ombro e o tripé na mão. Nem uma camisolinha, só uma t-shirt em cima do pelo.
Mais tarde começam a juntar-se mais algumas pessoas em busca do mesmo, e conversa daqui e conversa dali, chega-se à conclusão que seria às oito e um quarto.
O problema maior não foi a espera. O problema mesmo foi o aparecimento de nuvens que taparam quase por completo um céu anteriormente limpo.
Não se pode acreditar nos jornais nem nas páginas de meteorologia.


domingo, 10 de agosto de 2014

Ó Lua que vais tão alta


A SuperLua de hoje foi (mais) um fiasco. Há dois anos subi a Serra de Sintra até ao miradouro de Santa Eufémia e só vi nuvens. Hoje desci até ao Rio Tejo e as nuvens voltaram a perseguir-me. Desta vez porém consegui ver um bocadinho de Lua, mas nada que me fizesse ficar satisfeito. Ou seja, vou ter de esperar por outra SuperLua para ver se finalmente consigo fotografar uma Lua grande e redonda que nem um tamanco.
Desta não gostei.

Mais fotos na página WebPicasa:
https://picasaweb.google.com/104016268436238696301/201408Superlua?noredirect=1

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Terra, temos um problema


- Alô Terra, temos um problema.
- Aqui Terra, qual é o problema?
- Não queremos voltar!
- Como?
- Não é interferência estática, é isso mesmo que ouviram: não queremos voltar!
- Mas... vocês estão loucos?
- Loucos nós? E vocês, que falam de algo que não existe a que chamam deus, governam-se à custa de milhões de desgraçados em nome de algo que não existe a que chamam deus, matam em nome de algo que não existe a que chamam deus? Vocês são normais?
- Se não voltarem morrem aí em cima...
- Se voltarmos morremos aí em baixo. Sabemos perfeitamente que todos morremos. Vocês é que se esquecem que também morrem. E deixem-nos dizer que se morre melhor aqui em cima do que às mãos das vossas ditaduras.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O võo solitário


Em cada bater de asas há um acto de inconformismo. Em cada fuga à rotina, um acto de liberdade.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Lua Cheia


A Lua vai cheia sim, mas de sonhos e ilusões, névoas e atracções, desencontros e desilusões, marés e ventos do deserto, pernilongos e morcegos, mochos e corujas, sombras e uivos de lobo, dúvidas e incertezas.


sábado, 7 de dezembro de 2013

A Lua

                                               Mem Martins, 6 Dezembro 2013

Talvez a Lua esteja quase a desaparecer.
Por hoje, porque amanhã volta de novo.
E depois de amanhã.
E depois de depois de amanhã.
E depois de…
E quando voltar volta igual.
Mas nem tudo o que volta, volta igual.
Nem tudo volta.