Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2016
O Ano da Enxada
Hoje é o primeiro dia do Ano da Enxada. Já devia ter sido há uns meses atrás mas as luas andam trocadas e só agora foi possível começar o ano.
Entre as festividades previstas estava, como é tradição, o fogo de artifício, mas o orçamento sofreu uma derrapagem, pelo que as comemorações ficaram-se pelo descerrar de um balde com lixo e entulho tirado da horta. Paradoxalmente não com uma enxada mas com um ancinho.
Numa conjuntura macro-económica desfavorável, e no sentido de aproveitamento das sinergias e de maximização do lucro, procedeu-se à deslocalização da produção. Nesse sentido foi encerrada a unidade de produção da varanda, onde incidia uma carga fiscal elevada sobre os vasos, e reaberta em muito melhores condições no offshore do quintal.
Houve ainda um investimento em material, nomeadamente umas botas de borracha com direcção assistida e tracção aos dois pés.
Ainda dentro do plano de actividades para o corrente ano aguarda-se o aumento de capital do final do mês para se proceder à aquisição de um metro cúbico de terra.
Passados os momentos de euforia voltou tudo ao normal.
quinta-feira, 9 de junho de 2016
O Gato sem Botas
Tinha
uma espécie de magnetismo. Atraia lixo. Toda a espécie de lixo lhe vinha parar
às mãos. Coisas boas não o procuravam, agora o lixo, até quando dormia, vinha
ter consigo.
Já
tinha experimentado quase tudo, inclusivamente viver no lixo. Tinha ouvido dizer
que polos iguais se repelem. Mas a experiência não resultou, as leis da física
não se aplicaram aqui, e atraia cada vez mais lixo.
Por
estranho que possa parecer, também a outra lei, a de que os polos opostos se
atraem, não funcionou. Nenhuma coisa boa veio ter consigo.
Apesar
de muitas coisas lhe virem parar às mãos, nomeadamente lixo, quanto aos pés,
nada. Nada caia a seus pés, nem umas simples botas. Andava descalço e por esse
motivo ficou conhecido como o Gato sem Botas.
Um
dia o Gato sem Botas morreu.
Quem
sentiu a sua falta foi o lixo.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
As botas
Os pés há muito que seguiram outros
caminhos. As botas ficaram. Cobertas de pó, o mesmo pó que tantas vezes
pisaram.
Os pés já se transformaram em pó, rezam as
crónicas. Das botas sabe-se apenas que morreram no dia em que deixaram de ter
pés dentro, pois que sozinhas e sem se poderem deslocar, resta-lhes apenas
esperar que também elas se transformem no pó do esquecimento.
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