Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A parede


Era uma parede oca. Não por dentro mas por fora, que a vida lhe tinha fugido em todas as direcções. Do interior rasgado espreitava um Sol que entrava por onde já não havia telhado. Não se demorava muito tempo e saia sem precisar de autorização que a vidraça escancarada não oferecia resistência.
O interior vazio combinava com o exterior deserto. O chão servia de pasto a ervas que cresciam até ocuparem todo o espaço, criando uma floresta que servia de abrigo aos animais da zona.
A parede oca não resistiria por muito mais tempo. Um dia o vento trazido pela passagem dos anos sopraria os tijolos que restassem para bem longe. As ervas daninhas, essas haviam de ficar, apenas mudariam de nome. Seriam um hotel ou um condomínio. Ou as duas coisas.