Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Na hora do chá


As duas últimas aquisições para a minha horta.
Depois de muito procurar pela internet, julguei que ia ser mais difícil do que na realidade foi.
Ao pesquisar por cidreira ou lúcia-lima, invariávelmente me apareciam lojas de venda de chás.
Se à pesquisa adicionasse as palavras "plantar" ou "semear" apareciam montes de páginas ou blogues com dicas para semear ou plantar, mas continuava a faltar o principal, a informação sobre onde comprar a porcaria das sementes ou plantas.

A cooperativa agrícola não tem, vários hortos que contactei não têm, os expositores com sementes em vários supermercados da zona não têm.
Em conversa, a menina da loja de frutas e legumes disse-me para procurar no Leroy. Já lá tinha estado e não vi nada, mas seguindo o simpático conselho, fui lá novamente com tempo livre, para pegar nos pacotes todos do corredor inteiro e aproximá-los dos olhos que as letras são minúsculas demais para mim. E ao fim de muito tempo lá apareceu um pacotinho de cidreira.
Fui logo para casa e no próprio dia pus algumas sementes a germinar.

Mas quanto à lúcia-lima, nada. Diz a internet que é originária da América do Sul, que não se dá bem com o frio, blá, blá, blá. Se calhar não há mesmo à venda em sementes.

Até que...
Um dia a Judite, com quem já tinha falado anteriormente,  levou-me um copinho de plástico com uma muda de cidreira (é o copinho da direita). A Judite é a senhora que limpa a casa da minha tia.
Depois, palavra puxa palavra e digo eu que ao andar a pé pelas ruas passei num determinado sítio e me pareceu que num quintal havia um arbusto de lúcia-lima mas não tinha a certeza. É sim, confirmou logo a Judite, que conhece bem a zona.
E como é que vou arranjar uma haste para plantar? Durante vários dias passei por ali a pé na esperança de ver alguém na casa. Os donos são velhotes e claro que com este tempo frio não andam no quintal.

Hoje foi dia de aula de guitarra. Desde há uns meses que vou para Lisboa de comboio porque não há dinheiro para gasolinas.
Às oito horas a que chego já é noite cerrada. No caminho da estação para casa, fiz um desvio e passei pelo tal sítio. Vou junto ao muro, paro, debruço-me para o outro lado com risco da própria vida, estico-me todo e colho um ramo, que não terá mais que meio palmo de tamanho, mas foi o que consegui. É o que está no copinho da esquerda na imagem.

Agora, enquanto aguardo que as plantas cresçam para poder fazer chá, vou bebendo vinho.