Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O deserto

                           Cascais, Praia do Guincho, 15 Janeiro 2013

Deserto, terra do grande nada.
Não se avista vivalma. Avistam-se vivos mas não são almas.
O vento sopra com força, levantando turbilhões de areia, que afinal não passa de lixo acumulado nos passeios.
O sol inclemente obriga a semicerrar os olhos por baixo do turbante, em forma de óculos Ray-Ban comprados numa loja de chineses.
Os camelos caminham devagar sob o calor, todos iguais nos seus fatos cinzentos, aliviando a rédea com a forma de uma gravata, como manda a ministra.
Ninguém olha, ninguém vê, ninguém repara, todos seguem apenas e só a sua rota pré-definida.
De repente, avisto um oásis. No meio do grande nada deserto, alguém estende a mão a alguém.
Seria um acto de solidariedade sem dúvida, não fosse tratar-se de uma miragem. Era a gaja da EMEL com o papelinho da multa de estacionamento.