Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 10 de novembro de 2013

A ponte

                                        Tarouca, Ucanha, Ponte Fortificade de Ucanha, 17 Julho 2010

 O silêncio manso do vale apenas interrompido pelo canto dos pássaros e pela água a murmurar baixinho junto às rochas que ladeiam as margens do rio, foi agitado pela intempestiva chegada de um grupo de cavaleiros.
O som abafado do cavalgar na terra seca e poeirenta deu lugar, quando se aproximaram da ponte, ao estridente som metálico dos cascos contra as pedras da calçada.
Diminuíram a sua marcha, e avançaram reagrupados e em passo lento até ao pesado portão fechado, em frente do qual pararam.
Do alto da torre uma voz perguntou: Quem vem lá?
Um dos cavaleiros fez a sua montada dar um passo em frente e respondeu:
- Gente de bem, Dom Gualdim Espadachim, Senhor de Riba Monte, regressa a casa depois de ter dado uma lição aos infiéis de Além Rio, com a ajuda de São Tiago.
- Que os Céus vos tragam em Paz, respondeu a mesma voz. Porém conheceis as regras de passagem instituídas por Dom Venâncio Ganâncio, o senhor meu amo e dono destas terras?
- O saque que trazemos será suficiente para pagarmos o tributo que nos for exigido pela passagem, acrescentou o mesmo cavaleiro.

                                        Tarouca, Ucanha, Ponte Fortificade de Ucanha, 17 Julho 2010

O resto da história já é conhecido. Desde tempos imemoriais e até ao presente, com o apoio dos santos, os Gualdins saqueiam e os Venâncios extorquem as populações indefesas. Tudo gente de bem e tudo por causa da infidelidade.
Que, quer no seu sentido lato quer no restrito, será tema para outro dia.