Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O meio


Estávamos ali os dois parados no meio da ponte. A ponte era suficientemente larga para passarmos os dois, mas nenhum de nós o fez.
Não se tratava daquela típica estória em que só cabia um de cada vez, e após uma discussão e combate para ver quem passava, aprendem o conceito de cooperação e então um recua para deixar o outro passar, avançando depois em seguida.
Não, não era nada disso, era mais sério. Era uma história real e não daquelas patranhas pseudo-moralistas para fazer lavagem ao cérebro a criancinhas.
Na verdade não queríamos ir os dois na mesma direcção, era precisamente o oposto, cada um de nós queria ir para o seu lado da ponte.
O problema, há sempre um problema, é que o “meu” lado da ponte era o que ela queria. Haveria algum tipo de cooperação que pudesse resolver isso?
Não, cooperação não havia. O que havia era falta de paciência, que também resolve muitas coisas.
Há sempre um outro lado do outro lado do rio. “Outro lado” é apenas uma questão de perspectiva.
Foi para lá que me dirigi.