Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Virados para o mesmo lado


Cada um segue o seu caminho, virados para o mesmo lado - o da frente.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

A falésia do esquecimento


Ainda a noite não tinha chegado e já os ventos sopravam com força galopante, esses mesmos ventos que era habitual fazerem-se ouvir nas escuras noites de inverno,
Sopravam de norte, talvez, que ninguém sabia ao certo, e transportavam sons produzidos por seres desconhecidos que habitavam nas profundezas do mar.
As nuvens corriam pelo céu fora como que tentando fugir do tremendo vento que as empurrava umas contra as outras até se desfazerem em gotas de chuva.

Para quem é menos imaginativo, este tempo de inverno é apenas um pretexto para lhe por o braço por cima do ombro, puxá-la para si e perguntar se tem frio.
Só que... quem precisa de pretextos destes para por um braço por cima do ombro, em breve será votado ao esquecimento.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Ponte sem destino


Passa-se a ponte e chega-se a um território onde só há salpicos das ondas, vento e gaivotas.
É o local ideal para te dizer coisas que não queres ouvir, porque não consegues ouvir: a força do vento é superior à convicção da minha voz.
Depois, porque não há mais nada para dizer, porque o vento agreste corta a pele, porque a espuma das ondas molha-nos a cara como lágrimas que não conseguem sair, atravessamos novamente e ponte, desta vez em sentido contrário, a caminho de nada.


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Na rota das grandes ondas


João levou-a de carro até a Boca do Inferno. Estacionaram, sairam e sentaram-se num muro a uma distância segura, a ver o mar bater contra as rochas.
João é um nome fictício. Sempre quisera ter um pseudónimo mas nunca tivera arte para criar nada pelo qual pudesse ficar conhecido. Restava-lhe arranjar um nome fictício, que até combinava bem com a sua fictícia existência.
João não gostava da água, tinha medo do mar, detestava as ondas e enjoava só de pensar nos balanços de um navio.
Mas o melhor sítio que encontrou para levar a amiga nova a passear foi precisamente o local onde a fúria da água se mostra em todo o seu esplendor. Talvez se sentisse mais corajoso por isso.
Sentados no tal muro a uma distância segura, contou-lhe histórias de navegadores, aventureiros e piratas. Relatou-lhe proezas de velejadores e surfistas.
Daqui a alguns meses, com a chegada do verão, uma simples ida à praia iria revelar toda a verdade da sua relação com o mar. Até lá tinha que aprender a nadar.
É verdade, João nem sequer sabia nadar. Talvez fosse esse o trauma maior da sua existência.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A costa do fim do mundo


Como um espelho partido em mil bocados, a superfície do mar reflecte em todas as direcções os poucos raios do Sol que conseguem furar as nuvens.
As rochas agrestes já nem ligam. Com a luz do dia ou na escuridão da noite, estão habituadas a resistir aos avanços e recuos das ondas e marés.
É assim, sempre igual, desde há milénios. Só o viajante destemido é que encontra sempre diferenças, sempre motivos de interesse para a sua observação.