Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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domingo, 18 de fevereiro de 2018

O ar salgado do mar


Há uma praia distante onde as ondas vêm pousar de mansinho. Grandes blocos de pedra, erguem-se como guardiões, impedindo a fúria do mar de alcançar terra firme.
Sei que daqui a muitos milhões de anos a água mole vencerá a pedra dura. Talvez nem seja preciso tanto tempo, com o aumento do nível dos oceanos, a água mole passará por cima da pedra dura.
Mas por enquanto sinto-me protegido aqui. E posso sentar-me por longo tempo assistindo ao vai e vem das marés, ouvindo apenas as ondas a desfazerem-se em espuma, o vento a soprar para longe os salpicos do mar salgado e as gaivotas a piar enquanto voam em círculos procurando o peixe da próxima refeição.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Olhos postos no infinito


Interrogações que aliviam as certezas de uma vida incerta.

domingo, 25 de junho de 2017

O passeio de bicicleta


Sonhei com um passeio de bicicleta. Mas não havia pedal, nem corrente, nem guiador. Na verdade nem havia bicicleta. Também não havia estrada, nem trilho, nem caminho. Só um mar imenso, sem fundo e sem fim.
Sem bicicleta e sem barco, nada mais restava do que continuar sentado naquela rocha.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Época balnear


Uma nova época balnear está quase a chegar e eu preciso de comprar um fato de banho novo. No antigo não cabem os músculos todos que entretanto ganhei com o treino.

domingo, 19 de março de 2017

Mar calmo


O mar estava tão calmo, tão calmo, tão calmo, que nem me apeteceu por a prancha de fora.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Maré alta


A água que vai e vem encontra sempre saída no labirinto de rochas que formam a barreira de defesa da costa. Forças opostas que desde o começo do mundo travam um combate sem tréguas, cada um com as suas armas.
Dizem que no fim a água vai vencer.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Memórias de uma praia deserta


Levar as feridas a passear à praia tem um efeito dolorosamente benéfico. O contacto com a água do mar arde, e muito, mas depois saram mais depressa.
O tratamento não é subsidiado. Não há nenhum médico que o receite nem nenhum sistema de saúde que o comparticipe.
As farmácias também não vendem frasquinhos com água do mar.

Ali estava uma toalha. E por cima tinha um corpo a apanhar banhos de Sol. Um corpo que falava e ria, e beijava e abraçava. Depois deu-se a erosão, e a praia ficou vazia. Primeiro foram umas ondas pequeninas, que a pouco e pouco foram crescendo. Por fim uma maré imensa de desprezo e raiva veio das profundezas do oceano e levou tudo à sua frente, incluindo o corpo sobre a toalha. Nem uma mensagem de despedida ficou escrita na areia. Nada.
Hoje trouxe as minhas feridas até à praia. Ardeu muito, Por pouco até que a água do mar não me lavava as memórias também.
A erosão muda quase tudo. Mudou a praia, Mudou-me a mim. Só as feridas permanecem. Mas agora, com o tratamento estão a caminho de ficar curadas mais rapidamente.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A ilha


A ilha é quase deserta. Como qualquer deserto que se preze não lhe falta a areia do respectivo banco de areia onde está assente. A única utilidade conhecida é tomar conta do rio, não vá ele desaguar com muita força no mar. Convém salientar que a ilha está situada mesmo na foz, o que faz com que não seja uma ilha do rio nem uma ilha do mar. É apenas um monte de cascalho capaz de estragar algum navio que vá por ali mais distraido.
Além de tomar conta do rio, dá emprego a um farol. Tem ainda na sua superfície um forte, tão fraquinho, tão fraquinho, que nunca nenhum inimigo se deu ao trabalho de o tentar conquistar.
Quando o aquecimento global provocar o degelo dos polos a a água do mar subir, passa o farol a trabalhar subaquáticamente.
Muito útil para um país que gastou tantos milhões em submarinos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O vício do mar


Havia pequenas diferenças desde que ali estivera pela última vez. O local era o mesmo e as rochas também, mas as ondas pareciam-lhe diferentes. Estas batiam na costa com muito mais força. Estas nuvens que quase tapam o Sol em nada se parecem com as outras que deixavam ver um resplandecente céu azul.
O vento é que se mantinha sempre igual, e nem deixava abrir a janela. Consequencia disso é que os vidros começavam a embaciar por dentro, sinal de que estava na hora de partir.
Satisfeito o vício de ver o mar, já nada mais ali havia a fazer.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Na rota das grandes ondas


João levou-a de carro até a Boca do Inferno. Estacionaram, sairam e sentaram-se num muro a uma distância segura, a ver o mar bater contra as rochas.
João é um nome fictício. Sempre quisera ter um pseudónimo mas nunca tivera arte para criar nada pelo qual pudesse ficar conhecido. Restava-lhe arranjar um nome fictício, que até combinava bem com a sua fictícia existência.
João não gostava da água, tinha medo do mar, detestava as ondas e enjoava só de pensar nos balanços de um navio.
Mas o melhor sítio que encontrou para levar a amiga nova a passear foi precisamente o local onde a fúria da água se mostra em todo o seu esplendor. Talvez se sentisse mais corajoso por isso.
Sentados no tal muro a uma distância segura, contou-lhe histórias de navegadores, aventureiros e piratas. Relatou-lhe proezas de velejadores e surfistas.
Daqui a alguns meses, com a chegada do verão, uma simples ida à praia iria revelar toda a verdade da sua relação com o mar. Até lá tinha que aprender a nadar.
É verdade, João nem sequer sabia nadar. Talvez fosse esse o trauma maior da sua existência.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A escarpa dos ventos uivantes


Não gostaria de ali passar a noite, era a única ideia que lhe vinha à cabeça. E já tinha passado tantas noites em tantas praias. Mas ali...
Olhando em volta o que via era uma escarpa imponente atrás de si e o mar sem fim à sua frente. E era precisamente por isso.
Do mar soprava o vento gelado que lhe arrancava o chapéu e despenteava o cabelo, que batia em cheio na rocha e penetrava em cada orifício, que trepava por cada fresta até ao cimo e depois já livre da parede que oprimia continuava o seu caminho até às nuvens.
Cada abertura na parede rochosa produzia à passagem do ar o seu som característico, e todas juntas criavam uma sinfonia de gritos como se todos os naufragos do mundo ali tivessem ido parar arrastados pelas correntes.
Sim, ainda bem que não iria passar a noite ali.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

No limite


Sente-se o peso do céu. Não é por acaso que tem a cor do chumbo.
Esmagada entre o peso do ar e a fúria do mar, a essência do ser reduz-se à sua insignificância,
De nada valem as palavras porque a fúria dos elementos não permite que sejam ouvidas.
O tempo, a quarta dimensão da natureza, um dia vai revelar os seus segredos.
Vai tarde. O universo está em expansão e tudo se afasta, cada vez mais. Vai chegar um dia em que a distância será intransponível.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Barco à vista


Alguém gritou: "Olha um barco".
Normalmente é ao contrário, dos barcos é que se grita quando avistam terra.
A proa altiva lá estava. Mas era a única coisa. Não tinha mastros nem velas. Nem âncora, chaminés ou escotilhas. Não havia água nem cais. Nem capitão, imediato ou tripulação.
Era um país de marinheiros. Hoje é apenas um país onde outrora havia marinheiros.

terça-feira, 28 de junho de 2016

À beira mar


Por vezes a água vem de mansinho lavar-nos os pés. Com aquele jeito que só a água do mar conhece, primeiro desfaz-se em espuma, depois avança devagarinho até se enrolar gelada em volta de nós.
Em seguida retira-se, mas não por muito tempo, que logo outra onda vem tomar o lugar da primeira.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Esta chuva molhada


A chuva caia com força e fustigada pelo vento. O mar, apesar de bravo deixava ver uma larga extensão de areia porque a maré estava baixa. Era o tempo ideal para um passeio pela praia.
Porém o banco do lado estava vazio. Ela não estava, para repetirmos o que já fizemos mais que uma vez.
E, não sei se é psicológico ou não, sozinho parece que a chuva molha mais.


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Agitação marítima


Parece que há quem coma peixe a mais, diz um relatório, naturalmente feito por “especialistas” na matéria.
Os que comem, acrescento eu, porque há muitos que nem peixe nem (quase) nada, infelizmente. Mas sobre isso não há “especialistas” a debruçarem-se.
Ainda há uns dias apareceu outro relatório, este sobre a carne e os enchidos.
Ninguém acha estranho tantos “especialistas” e tantos relatórios. E ninguém acha mais estranho ainda haver relatórios sobre tudo e mais alguma coisa e não haver relatórios sobre mac-hamburgueres ou sobre tota-tola ou sobre batatas fritas.
Sobre isso os cobardes dos “especialistas” não têm coragem de se pronunciar.
E (quase) ninguém parece ter coragem de se importar


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dia de tempestade


Não se nota, mas está a chover. Não muito, mas o suficiente para molhar. Pergunto-me por onde andarão as gaivotas, Tempestade no mar, gaivotas em terra, diz o ditado, Talvez noutra terra, aqui nesta não estão.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015