Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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domingo, 2 de abril de 2017

Caminhando


Percorro descalço os caminhos de areia onde as ondas vieram depositar os seus restos.
Enterro os pés na areia a espero pela próxima.
Lá vem ela, devagar, porque a maré baixa é sinónimo de vagar, que as ondas também se cansam.
Lentamente a água transforma-se em espuma e avança até se desvanecer a dois passos de mim.
É a minha vez de avançar, porque a água já não tem força para chegar onde eu estou.
É um bailado tropego: eu que nem sei dançar, avanço ao ritmo do recuo das ondas.
Depois, com o Sol quase a desligar o interruptor da claridade do dia, despeço-me das ondas que me acompanharam durante estes largos minutos.
O caminho de regresso agora é a subir.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Calmaria


- Calma Maria, não te aprochegues muito que lá vem uma onda das grandes
- Calma Manel, é só pra tirar uma selfie, tu nem pra carregar no botão serves.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Ponte sem destino


Passa-se a ponte e chega-se a um território onde só há salpicos das ondas, vento e gaivotas.
É o local ideal para te dizer coisas que não queres ouvir, porque não consegues ouvir: a força do vento é superior à convicção da minha voz.
Depois, porque não há mais nada para dizer, porque o vento agreste corta a pele, porque a espuma das ondas molha-nos a cara como lágrimas que não conseguem sair, atravessamos novamente e ponte, desta vez em sentido contrário, a caminho de nada.


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Na rota das grandes ondas


João levou-a de carro até a Boca do Inferno. Estacionaram, sairam e sentaram-se num muro a uma distância segura, a ver o mar bater contra as rochas.
João é um nome fictício. Sempre quisera ter um pseudónimo mas nunca tivera arte para criar nada pelo qual pudesse ficar conhecido. Restava-lhe arranjar um nome fictício, que até combinava bem com a sua fictícia existência.
João não gostava da água, tinha medo do mar, detestava as ondas e enjoava só de pensar nos balanços de um navio.
Mas o melhor sítio que encontrou para levar a amiga nova a passear foi precisamente o local onde a fúria da água se mostra em todo o seu esplendor. Talvez se sentisse mais corajoso por isso.
Sentados no tal muro a uma distância segura, contou-lhe histórias de navegadores, aventureiros e piratas. Relatou-lhe proezas de velejadores e surfistas.
Daqui a alguns meses, com a chegada do verão, uma simples ida à praia iria revelar toda a verdade da sua relação com o mar. Até lá tinha que aprender a nadar.
É verdade, João nem sequer sabia nadar. Talvez fosse esse o trauma maior da sua existência.

domingo, 11 de setembro de 2016

Praia das sombras


Vagarosas, as sombras movem-se sobre a água cor de prata. A intervalos regulares uma nova onda chega até à praia, despeja a água que trás ao som da sua música e retira-se levando consigo para as profundezas os acordes da sua melodia.
Maré cansada esta que não faz mais do que imprimir reflexos de prata nas águas da baia.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Praia das ondas claras


Há uma praia onde as ondas
Vestidas de claro branco
Irrompem na areia a sorrir
Trazendo os cheiros do mar
A espuma desfaz-se em canções
De ouriços e estrelas do mar
E os salpicos são flores
Que atiram ao passar.
Há uma praia com ondas
Perfumadas de marés
Correm na areia, suaves
Vem-te molhar os pés


terça-feira, 28 de junho de 2016

À beira mar


Por vezes a água vem de mansinho lavar-nos os pés. Com aquele jeito que só a água do mar conhece, primeiro desfaz-se em espuma, depois avança devagarinho até se enrolar gelada em volta de nós.
Em seguida retira-se, mas não por muito tempo, que logo outra onda vem tomar o lugar da primeira.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A costa do fim do mundo


Como um espelho partido em mil bocados, a superfície do mar reflecte em todas as direcções os poucos raios do Sol que conseguem furar as nuvens.
As rochas agrestes já nem ligam. Com a luz do dia ou na escuridão da noite, estão habituadas a resistir aos avanços e recuos das ondas e marés.
É assim, sempre igual, desde há milénios. Só o viajante destemido é que encontra sempre diferenças, sempre motivos de interesse para a sua observação.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Onda curta


O botão de sintonizar já estava gasto de tanto procurar outro canal. Não havia outro canal, a onda era curta demais.
O que precisava era de outra banda, mas os vizinhos reclamavam da música.
Se ao menos conseguisse encontrar outra estação. Mas depois teria de arranjar também dinheiro para o bilhete, visto que não tinha passe.
Uma parabólica talvez resolvesse a situação, mas temia ficar paranóico com tanta escolha.
O melhor seria esperar pela subida da maré. Dizem que tem ondas maiores.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Vagas de silêncio


Viramos as costas fechamos os olhos e tapamos os ouvidos.
A luz que ofusca transforma-se em escuridão. O ruído das ondas, abafado pelos pensamentos, transforma-se em silêncio.
Tudo pronto, a viagem interior pode começar.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A onda


Grande é a onda que vira o barco.
Mas não grande o suficiente, há outras maiores, que batem recordes.
Recordes de altura, de pranchas, de máquinas de filmar, de máquinas fotográficas, de microfones, de pares de olhos embasbacados, de livros de recordes, de aberturas de telejornal.
Esta era uma onda sem importância, da qual, sabe-se agora, só se vem a saber depois.

sábado, 23 de maio de 2015

A sombra


Ele olhava, olhava, olhava, mas não havia ali nada para ver, além de ondas e mais ondas e mais ondas.
As mãos nos bolsos ajudavam a aconchegar o casaco, pois apesar de estar Sol, era ainda inverno.
Os pensamentos, sempre os mesmos pensamentos, teimavam em não o largar, e nem mesmo a brisa marinha os levava para longe.
Pelo tamanho e direcção da sombra, diria que era quase meio dia. Hora de almoço portanto. Era a única coisa que se aproveitava ali.


domingo, 19 de abril de 2015

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Splash


Há tréguas durante a maré baixa, mas logo que começa a subir recomeçam os confrontos entre as ondas e o muro.

sábado, 14 de junho de 2014

Ondas de luz


Onde as ondas de água se juntam com as ondas de luz, criam-se salpicos de espuma iluminados por reflexos do Sol, ausente da vista, mas sempre presente no sentimento de liberdade.