Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Na noite


Confesso que já não me lembrava. Tantos anos se passaram, tantas memórias já esquecidas, tantas imagens desvanecidas e distorcidas.
Os sonhos têm essa capacidade, de nos fazer transcender as limitações que a vida física nos impõe. Mas nos sonhos também se cometem erros. E eu comecei logo pelo erro de não te reconhecer.
Estavas ali, mas para mim eras uma estranha. Foi preciso que me dissesses quem eras.
O meu primeiro pensamento foi: "Como a vida é estranha". Mal sabia eu que aquilo não era vida, era sonho. São coisas diferentes, sabes? Digo-te eu.
Não te disse, mas pensei que a vida é realmente estranha. Foste-te embora e no entanto estavas ali. Porque voltaste? Não ousei perguntar. Não tinhas mais nada para fazer, disseste um dia. O que estavas ali a fazer agora? Não quis saber.
Estavas ali e eu deixei-te ficar, como se fosse uma coisa natural. Cometi um erro mas tenho desculpa, pois não sabia que era um sonho.
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