Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
A cadeira de sonho
Não é só o André Villas-Boas que tem uma cadeira de sonho.
O Anibal Vidda-Boa também tem uma e não a larga por nada.
Neste momento há duas casotas de cão no quintal, mas já houve quatro e não consegui que ele entrasse em nenhuma. Não troca a sua cadeira por nenhuma casota.
Recentemente resolvi fazer-lhe um acrescento de luxo. Madeira da mais alta qualidade e paredes revestidas a papel.
Talvez o tecto tenha ficado um pouco alto, mas antes a mais do que a menos, posso sempre cortar e ajustar a altura. Tive receio de que se fosse baixo demais ele não entrasse.
Vou candidatar a casa ao prémio da próxima bienal de arquitectura de Mem Martins.
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Na noite
Confesso que já não me lembrava. Tantos anos se passaram, tantas memórias já esquecidas, tantas imagens desvanecidas e distorcidas.
Os sonhos têm essa capacidade, de nos fazer transcender as limitações que a vida física nos impõe. Mas nos sonhos também se cometem erros. E eu comecei logo pelo erro de não te reconhecer.
Estavas ali, mas para mim eras uma estranha. Foi preciso que me dissesses quem eras.
O meu primeiro pensamento foi: "Como a vida é estranha". Mal sabia eu que aquilo não era vida, era sonho. São coisas diferentes, sabes? Digo-te eu.
Não te disse, mas pensei que a vida é realmente estranha. Foste-te embora e no entanto estavas ali. Porque voltaste? Não ousei perguntar. Não tinhas mais nada para fazer, disseste um dia. O que estavas ali a fazer agora? Não quis saber.
Estavas ali e eu deixei-te ficar, como se fosse uma coisa natural. Cometi um erro mas tenho desculpa, pois não sabia que era um sonho.
.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Foz de um rio mau
Havia
ali um barco
Era
só um sonho
À
vela se movia
Era
apenas um sonho
Tu
e eu no convés
Era
mais que um sonho
Rumando
ao horizonte
Era
mais do que um sonho.
Porém
naquela rocha
Algo
acabou com o sonho
Lá
havia um sereio
Há
sereios neste sonho
A
cantar te enfeitiçou
Isto
é pior que um sonho
Com
uma onda te levou
E
contigo foi-se o sonho.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Sonho de criança
Lembro-me que se chamava Susana, tinha um nariz pequeno arrebitado e um primo que não gostava nada que eu falasse com ela.
Depois, na passagem da escola primária para o ciclo, desapareceu, mais o respectivo primo. Mudou de escola? Mudou de casa? Mudou de vida?
Para mim a vida mudou, pois que deixei de a ver.
domingo, 27 de setembro de 2015
Encapotado
A memória tem sombras que a própria memória não memoriza. Diluem-se num horizonte vago e distante cujas brumas se desfazem nos recantos da imaginação como vagas espraiando-se na areia em noite de calmaria.
Das suas entranhas saem personagens que habitam de forma fugaz os sonhos delirantes de quem partiu par anão voltar.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Um rio de águas pardacentas
Um rio de águas pardacentas, que reflectem
a cor pardacenta do céu, corre entre margens pardacentas habitadas por gente
pardacenta que tenta viver a sua pardacenta vida o menos pardacentemente possível.
Os ladrões de aguarelas roubaram as cores
todas, menos o preto e o branco. Por isso sonhamos a preto e branco.
Ah, mas sonhamos, que isso eles não roubam.
Nem que se pintem todos.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Ilusão II
Não é todos os dias que acontece, mas tive
um sonho. E, mais raro ainda, quando acordei, lembrei-me dele.
Era um sonho lindo, cheio de coisas boas, maravilhosas,
felicidade, alegria, tudo coisas que pareciam saídas de um conto de fadas.
Devia ter desconfiado logo, porque eu nem
sequer acredito em fadas, mas pareceu-me tudo tão real, que até poderia ser
possível, e iludi-me a mim próprio.
Seja como for, não dei muito crédito à
situação, mas um belo dia, abro a porta e… ZÁS!
Ali estava. Era mesmo o que eu tinha sonhado.
Reconheci logo, e mesmo estando acordado, pus-me a sonhar de novo.
Sonhei, sonhei, sonhei, e de tanto ter
sonhado acordado, acho que adormeci.
Quando acordei, chamou-me à atenção um
pormenor: “isto não devia estar aqui”, pensei eu. Aproximei-me mais e constatei
que havia ali realmente qualquer coisa que não funcionava bem.
Assim como quem não quer a coisa, fui dando
a volta, e, cada vez que olhava, encontrava algo em falta ou fora do sítio.
A decepção foi-se apoderando de mim. Não
era isto que eu esperava encontrar. Foi um sonho tão lindo. Foi bom enquanto
durou a ilusão, mas quando me apercebi da realidade…
Quem me manda a mim sonhar sem óculos!
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Na loja de sonhos
Portalegre, 5 Abril 2013
- Boa tarde, em que posso ajudar?
- Boa tarde, queria uma embalagem de
Impossível, faz favor.
- Temos estas aqui, são muito boas, mais
impossível que isto não há, são garantidas.
- Sim, eu sei, foi dessas que levei da
última vez, e concordo consigo, aquilo era mesmo impossível, mas não era bem
isso que eu procurava…
- Entendo, queria Impossível Light, não é
verdade? Lamento informá-lo mas de momento está esgotado. É o que se vende
mais, caro senhor. Sabe, a maioria das pessoas dizem que querem o impossível,
mas na hora da verdade, quando têm que se esforçar mesmo para o conseguir,
desistem. É por isso que estes se vendem mais, são mais fáceis de realizar.
- Não entendi, falou em conseguir o
impossível?
- Então V.Exa. não sabe? Deixe-me dizer-lhe
uma pequena inconfidência: o impossível não existe.
- Não? Mas vocês vendem-no…
- Sim, é verdade, mas compreenda, é
impossível nós controlarmos ou impedirmos alguém de o realizar. O impossível
como tudo na vida, tem regras, e como sabe não há regra sem excepção. “Todo o
impossível é impossível até ao momento em que se torna possível”, é esta a
excepção, caro senhor, embora deva dizer-lhe que só é acessível em casos
raríssimos, a quem for excepcionalmente esforçado.
- Ah, nesse caso…
- Deixe-me sugerir-lhe uma coisa, porque
não leva desta vez uma embalagem de Realidade?
- Realidade? Isso tomo eu todos os dias e
só me faz mal…
domingo, 29 de dezembro de 2013
O raio verde
Sintra, Praia da Adraga, 20 Agosto 2013
Disse Júlio Verne que o último raio do Sol
quando se põe é verde.
Obviamente é história, obviamente é ficção.
Mas, e se fosse verdade?
Hoje vi o por do Sol e não queria que fosse
verdade por duas razões.
Na verdade já o vi centenas de vezes e não
tenho razões para acreditar que seja verdade.
Estou a delirar.
domingo, 22 de dezembro de 2013
Azul
Sintra, Praia Grande, 20 Dezembro 2013
A vastidão azul do horizonte
É mais pequena que o pensamento:
Milhões de ideias em cada momento
Esquecidas, pois não tenho as quem as conte.
A vastidão azul do mar sem fim
É mais pequena que a solidão
No meio das ondas brancas falta a mão
Que me possa salvar de ser assim.
Tão perto mas tão longe em cada instante
A branca espuma, a areia, o vento, o mar.
Pegadas sem destino conhecido
Por todo o areal de forma errante.
Praia onde os sonhos não sabem amar
Perdidos num lugar desconhecido.
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