Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Ao som dos grilos


O longo entardecer nada mais tem para dar do que a promessa da chegada da noite que se deseja fresca. Não há vento e se houvesse era quente. As camisolas suadas coladas aos corpos são um bem a preservar porque os mosquitos preparam o seu cortejo infernal.
Não há vento e se houvesse não levaria o calor embora. Nem os mosquitos.
Há sempre lugar para uma cerveja, mesmo contra os conselhos da balança, do espelho e do cinto das calças.
O calor dilata os corpos, menos os ponteiros do relógio, que a noite nunca mais chega. E se calhar têm razão para não avançar. O tempo e o mundo parecem parados.
Até o som parece abster-se de chegar a este canto do planeta. Ouvem-se apenas os grilos e algum mergulho ocasional dos patos no rio com o seu nome.