Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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quarta-feira, 25 de outubro de 2017
O parque da cidade
António, chamemos-lhe assim, passava todos os dia por ali, bem cedo. Invariavelmente parava sobre a ponte, e fazia uma limpeza aos bolsos, deitando para o ribeiro tudo o que eles continham e que já não lhe interessava, principalmente papéis, muitos papéis, alguns amarfanhados, outros rasgados em bocadinhos, a às vezes ate moedas pretas, quando lá as havia, que segundo as suas próprias palavras, "só serviam para fazer peso nas algibeiras".
Depois continuava a seu caminho em direcção ao centro da cidade, enquanto endireitava o nó da gravata e alisava o bigode. António, chamemos-lhe assim, era uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas na cidade.
sábado, 5 de agosto de 2017
domingo, 23 de abril de 2017
Os malmequeres da cidade
Já não atraem as abelhas como antigamente. O facto de serem plantas pequenas que vivem junto ao chão, onde se concentram os gases nocivos que são mais pesados que o ar, talvez explique alguma coisa.
Outra das explicações é que em boa verdade, não há muitas abelhas para atrair. E assim entramos num circulo vicioso.
O lado bom da história é que felizmente há malmequeres que não desistem.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Sai um hostel para o prédio do canto
- Aqui era o quarto onde aqueles objectos dormiam, deitamos esta parede abaixo e ali pode ficar a caixa registadora. O que acham?
- Acho muito bem senhor engenheiro, o projecto todo está excelente, parabéns.
- Obrigado sôtor, mas eu é que tenho de felicitá-los pelo vosso empreendedorismo.
domingo, 26 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
Cruzamento
Enquanto uns param outros andam. Enquanto
uns seguem outros viram. Enquanto uns ficam outros vão. Enquanto uns depressa
outros devagar. Enquanto uns sobem outros descem. Enquanto uns mais perto
outros mais longe.
Depois muda o sinal e volta tudo ao início,
com outros personagens, outros figurantes. A cidade não dorme e as suas gentes
não querem ficar quietas.
sábado, 14 de novembro de 2015
O rio que passa na cidade
Numa mesma imagem
O rio e a cidade
O fim do dia e o começo da noite
O céu e a terra
A escuridão e a luz
A ponte e a margem
A solidão e a companhia
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segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A cidade vazia
Era uma cidade onde os bancos de jardim
estavam vazios. O próprio jardim estava vazio.
As pessoas, vazias, refugiavam-se longe dos
olhares vazios de esperança de quem acidentalmente passava.
Esvaziaram corações e carteiras. Esvaziaram
sonhos e desejos. Esvaziaram frigoríficos e despensas. Esvaziaram
fábricas e escolas. Esvaziaram até a própria vida.
A cidade, vazia de vida e de vidas jazia
solitária e inerte sob o calor do Sol que teimava em passar todos os dias.
terça-feira, 7 de julho de 2015
A cidade
A
cidade
A
cidade é um mar de gente.
As
marés humanas, cíclicas, movem-se
Ao
sabor dos interesses da propaganda.
“Todos
à praça, vamos festejar”
Vamos
deixar o chão com mais lixo
Do
que grãos de areia tem a praia.
Alguém
limpará no dia seguinte.
Os
interesses privados devem justificar
A
razão de serem contratados.
A
cidade é um mar, todo cultivado.
Cultivam-se
notas, moedas, cifrões.
Estes
agricultores vestem fato e gravata,
Não
sabem da poda, só sabem da foda.
Têm
vastos terrenos, são os donos da quinta,
Têm
grandes navios que cruzam oceanos,
Compram
e vendem, em negócios sem fim,
Arrecadam o lucro do trabalho dos outros,
Dos
que vivem nas rochas, dos que são mexilhões.
Na
cidade há canais
Onde correm rios de gente,
Levados
na enxurrada
Da azáfama diária,
São um rebanho ordeiro
Que regressa
ao fim do dia
Ao ponto de partida.
A
cidade é um cais de partida,
Rumo à desumanidade.
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