Tempo de crise ou crise do (no) tempo?
Não sei, mas o tempo em pleno mês de Agosto, não apresenta os "valores normais para a época" como dizem os mentirologistas na tv.
Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
L'arbre et la forêt
Qu'est-ce que c'est ça en face de moi? C'est ce que je vois ou ce que je pense qu'il est?
Je ne pouvais pas être plus trompé. Parce que ce que je vois ç’est juste ce que me semble que c'est et ce que je pense est loin d'atteindre toute la réalité qui l'apparence dissimule.
J'étais trompé. Les deux hypothèses alternatives ont été toutes les deux fausses. Et quand les deux alternatives sont erronées, il doit y avoir au moins une troisième hypothèse- considérer, même si elle est peu probable.
Les arbres ne sont pas tous égaux. Ni la forêt. Il y a des arbres droits, arqués et d’autres. Mais tous ont le tronc, les branches et les feuilles, au moins. Une forêt, qui est un ensemble d'arbres, obstrue la vue et ne permet pas à l'observateur de voir ce qui est au-delà. Un arbre, si vous y êtes très proche, ne permet pas de voir au-delà, même si c’est un seul arbre.
Une chaude journée d'été nous appelle pour une promenade. À la campagne où à la plage. Dans la forêt ou à la montagne. Ou à la forêt dans la montagne, dans le cas où la forêt se situe dans la montagne.
Le départ tôt de la maison le matin était prévu. Tout le reste n'était pas prévu. La première étape était de me diriger vers la montagne. Les circonstances de la vie m’ont fait pénétrer ensuite dans la forêt. Même si ça n'était pas prévu et même si je ne conaissais pas cette forêt.
À l'arrivée, au lieu de prêter attention à la forêt, j'ai remarqué un arbre. Le vent soufflait à bouger les branches comme des bras qui veulent me saisir. Je me suis approché et les branches, tels que fantômes, passaient devant moi et ne m’ attrapaient pas. Peut-être que le fantôme était moi et je n'étais pas assez solide pour que les branches se fixent.
Je ne pouvais penser à l'idée, mais il est possible que l'arbre ne m’a pas attrapé tout simplement parce qu'elle ne le voulait pas.
J'ai avancé un peu plus, en regardant ces branches et la touffe. C'est seulement quand je suis tombé le nez par terre que je me suis aperçu que l'arbre a également des racines.
Le vent s'est arrêté, les branches ont cessé de trembler et ont reculé ne me permettant pas même de me prendre là pour me lever.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Nova espécie de traça
Já havia a mosca da sopa. Eu hoje descobri a traça do microondas. Espero que a Academia das Ciências me condecore por ter descoberto esta nova espécie.
Já não sei o que fazer com tantas traças, tenho bolas de naftalina penduradas por tudo quando é sítio.
Hoje pus um prato de sopa a aquecer no microondas. Dois minutos depois quando abro a porta, lá estava ela: viva e a esvoaçar.
Cientificamente posso comprovar duas coisas: esta espécie de traças é imune à radiação do microondas e não gosta de sopa de grão com espinafres.
Que nome científico lhe hei-de dar?
domingo, 3 de julho de 2011
Crónica de uma derrota anunciada
Hoje estive não sei bem onde. Ou melhor, eu sei onde estive, não sei é o que aquilo é ou como se chama. Para mim é o Jamor. Mas poderá bem ser o Estádio do Jamor, o Complexo Desportivo do Jamor, o Centro de Alto Rendimento do Jamor, sei lá. Quanto mais complicado o nome mais importância lhe atribuem.
(pausa para esfregar as pernas. Isto hoje está mau...)
Há mais de dez anos que não andava por aquelas paragens. Não sei o que mais me decepcionou, se o Alto Rendimento, se o baixo rendimento.
O rendimento de quem (se) governa aquilo deve ser altíssimo. Tal como o dos que de por lá negoceiam. Só em cercas, vedações, redes de arame, postes, pilares, portas, portões e portinholas quanto não terão gasto? Fora as outras coisas...
E não estou a falar apenas do que está à vista. Estou a falar do que já houve e que por incúria, desleixo ou por mudança das cabeças pensantes foi depois abandonado e substituído. Quantas estruturas houve que duraram apenas alguns anos, até nova “requalificação” da área?
À dez anos aquilo estava em obras, hoje está em obras. São as mesmas ou são outras?
(Uma carta da DGDQQ (Direcção Geral De Qualquer Coisa)? Deixa lá ver o que é...
Olha, ganhámos o concurso público para o fornecimento e instalação do sistema de retenção e controle de acessos não autorizados (vulgo vedação de arame) ao Sector 4. Vou já telefonar ao sôdoutor a agradecer.)
(outra pausa, agora por causa do joelho)
Hoje foi dia de exame. Daqueles em que não se pode copiar, não é como os dos magistrados. E chumbei, nem à oral vou. A uma semana da corrida do Sintrense tinha que fazer um teste para ver como está o andamento e em função disso definir a estratégia. Esta foi a parte mais fácil, a estratégia vai ser um passo a seguir ao outro até chegar à linha da meta.
O teste consistia em 3 x 1.000m com 8 min de intervalo. Logo ao fim dos 20 min de aquecimento já estava cansado. Os tempos foram de #$%&?*+ e de +*?&%$#. Ainda bem que me esqueci de levar meias e fiquei com bolhas nos pés. Assim tive uma boa desculpa para não fazer a terceira repetição.
O meu rendimento foi muito baixo. E eu que esperava ir à corrida para ganhar. Ganhar experiência para a corrida seguinte, claro. Assim nem sei bem se vale a pena.
Nem tudo foi mau na minha deslocação ao Jamor. Um dos objectivos era ir treinar, o outro era ir assistir ao Campeonato Nacional Masters – Open de Verão. Em vista deste nome estrangeiro, os mais incautos poderão pensar que se trata de algum evento internacional importante. O Jamor é um local importante. Tem, também com nome estrangeiro o Estoril Open. Acham que se se chamasse Torneio de Ténis da Cruz Quebrada teria tantos VIP's, daqueles que de desporto apenas sabem que a bola é redonda, a passearem-se em frente às câmaras de televisão?
Outras histórias importantes passaram também pelo Jamor. Gastaram-se dezenas de milhares de contos a fazer uma pista de corta mato, onde se disputou um campeonato do mundo e no qual Carlos Lopes foi campeão do mundo, para passados poucos (seriam 2?) anos ser destruída servindo para uma etapa do rali de Portugal. O que resta disso são apenas as memórias de quem assistiu.
Há também o importante Estádio Nacional, local que não tinha iluminação e onde há alguns anos gastaram centenas de milhares de euros a construir torres de iluminação para fazerem jogos (1 jogo por ano!) de dia.
Voltando ao Campeonato Masters. O lema “compre o que é nosso” só se aplica aos produtos do merceeiro Belmiro, aqueles que vêm do estrangeiro e são embrulhados cá com o código de barras a começar por 560, linguisticamente o que vier em inglês ou no dialecto do acordo ortográfico é muito melhor.
Traduzindo para português corrente, trata-se do campeonato nacional de natação para veteranos. Tive a oportunidade e o prazer de ver em acção os meus amigos João Paulo Campos e Isabel Raimundo. Um grande beijinho à minha septuagenária amiga Isabel por ter sido campeã e recordista nacional de 100 metros bruços, 50 metros costas, estafeta mista 4x50 metros, 100 metros livres. Isto na jornada de hoje sábado, ainda falta o dia de amanhã.
Amanhã lá estarei novamente, para treinar mais um pouco (pouco mesmo que a vontade não é muita) e assistir a mais algumas provas de natação.
(agora vou esfregar mais um bocado os músculos, ui)
(pausa para esfregar as pernas. Isto hoje está mau...)
Há mais de dez anos que não andava por aquelas paragens. Não sei o que mais me decepcionou, se o Alto Rendimento, se o baixo rendimento.
O rendimento de quem (se) governa aquilo deve ser altíssimo. Tal como o dos que de por lá negoceiam. Só em cercas, vedações, redes de arame, postes, pilares, portas, portões e portinholas quanto não terão gasto? Fora as outras coisas...
E não estou a falar apenas do que está à vista. Estou a falar do que já houve e que por incúria, desleixo ou por mudança das cabeças pensantes foi depois abandonado e substituído. Quantas estruturas houve que duraram apenas alguns anos, até nova “requalificação” da área?
À dez anos aquilo estava em obras, hoje está em obras. São as mesmas ou são outras?
(Uma carta da DGDQQ (Direcção Geral De Qualquer Coisa)? Deixa lá ver o que é...
Olha, ganhámos o concurso público para o fornecimento e instalação do sistema de retenção e controle de acessos não autorizados (vulgo vedação de arame) ao Sector 4. Vou já telefonar ao sôdoutor a agradecer.)
(outra pausa, agora por causa do joelho)
Hoje foi dia de exame. Daqueles em que não se pode copiar, não é como os dos magistrados. E chumbei, nem à oral vou. A uma semana da corrida do Sintrense tinha que fazer um teste para ver como está o andamento e em função disso definir a estratégia. Esta foi a parte mais fácil, a estratégia vai ser um passo a seguir ao outro até chegar à linha da meta.
O teste consistia em 3 x 1.000m com 8 min de intervalo. Logo ao fim dos 20 min de aquecimento já estava cansado. Os tempos foram de #$%&?*+ e de +*?&%$#. Ainda bem que me esqueci de levar meias e fiquei com bolhas nos pés. Assim tive uma boa desculpa para não fazer a terceira repetição.
O meu rendimento foi muito baixo. E eu que esperava ir à corrida para ganhar. Ganhar experiência para a corrida seguinte, claro. Assim nem sei bem se vale a pena.
Nem tudo foi mau na minha deslocação ao Jamor. Um dos objectivos era ir treinar, o outro era ir assistir ao Campeonato Nacional Masters – Open de Verão. Em vista deste nome estrangeiro, os mais incautos poderão pensar que se trata de algum evento internacional importante. O Jamor é um local importante. Tem, também com nome estrangeiro o Estoril Open. Acham que se se chamasse Torneio de Ténis da Cruz Quebrada teria tantos VIP's, daqueles que de desporto apenas sabem que a bola é redonda, a passearem-se em frente às câmaras de televisão?
Outras histórias importantes passaram também pelo Jamor. Gastaram-se dezenas de milhares de contos a fazer uma pista de corta mato, onde se disputou um campeonato do mundo e no qual Carlos Lopes foi campeão do mundo, para passados poucos (seriam 2?) anos ser destruída servindo para uma etapa do rali de Portugal. O que resta disso são apenas as memórias de quem assistiu.
Há também o importante Estádio Nacional, local que não tinha iluminação e onde há alguns anos gastaram centenas de milhares de euros a construir torres de iluminação para fazerem jogos (1 jogo por ano!) de dia.
Voltando ao Campeonato Masters. O lema “compre o que é nosso” só se aplica aos produtos do merceeiro Belmiro, aqueles que vêm do estrangeiro e são embrulhados cá com o código de barras a começar por 560, linguisticamente o que vier em inglês ou no dialecto do acordo ortográfico é muito melhor.
Traduzindo para português corrente, trata-se do campeonato nacional de natação para veteranos. Tive a oportunidade e o prazer de ver em acção os meus amigos João Paulo Campos e Isabel Raimundo. Um grande beijinho à minha septuagenária amiga Isabel por ter sido campeã e recordista nacional de 100 metros bruços, 50 metros costas, estafeta mista 4x50 metros, 100 metros livres. Isto na jornada de hoje sábado, ainda falta o dia de amanhã.
Amanhã lá estarei novamente, para treinar mais um pouco (pouco mesmo que a vontade não é muita) e assistir a mais algumas provas de natação.
(agora vou esfregar mais um bocado os músculos, ui)
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Retalhos da vida
Hoje no noticiário da noite na RTP1 apresentaram uma reportagem sobre a situação na Grécia. Logo de seguida o assunto era o casamento do principe do Mónaco.
Lembrei-me logo desta música da Alcione.
Triste mundo este...
Lembrei-me logo desta música da Alcione.
Triste mundo este...
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Parecer técnico
Parece-me que o presidente de Junta de Freguesia de Alcabideche tem um amigo que negoceia em mármores e granitos
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Notícias da marinha
Agora que as lâmpadas incandescentes são (quase) proibidas e estão sendo substituidas, a marinha resolveu ir mais longe na atitude de poupança (há que pagar os submarinos, né?) e desligou todas as lâmpadas dos faróis.
Para compensar colocou um marinheiro no cimo de cada farol a dar indicações aos navios.
- VIRA, VIRA TUDO, DESTROÇE
- ANDA, ANDA MAIS
- AGORA TRAVA, TRAAAAAVA
CABRUUUUMM!!!!!!
glu glu glu glu....
por mares nunca dantes naugrafados....
segunda-feira, 20 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
Jeux Interdits
Quando gravei este vídeo nao sabia o nome da música.
Graças aos amigos do Facebook fiquei a saber que se chama Jeux Interdits.
O autor é anónimo (provávelmente o espanhol Fernando Sor).
Graças aos amigos do Facebook fiquei a saber que se chama Jeux Interdits.
O autor é anónimo (provávelmente o espanhol Fernando Sor).
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Meio Metro
O Metro do Porto expandiu a sua rede, com a abertura da linha F. Se cada vez que acrescentam mais meia dúzia de metros de carril atribuem uma letra do abecedário, qualquer dia não há letras que cheguem.
Do meu ponto de vista, os transportes públicos são inquestionáveis, e subscrevo totalmente tudo o que sejam políticas para os dinamizar e melhorar, DESDE que sirvam para melhorar a qualidade de vida das pessoas que os utilizam, e não para promover vaidades inauguracionistas e dar dinheiro a ganhar a empreiteiros, sub-empreiteiros, sub-sub-empreiteiros, etc.
Nos últimos anos tem-se assistido a um ataque cerrado aos diversos meios de transporte, tudo em nome do lucro. Tal ataque vai desde a redução de horários e supressão de carreiras, até ao aniquilamento completo de ramais ferroviários inteiros.
Dão-se ao trabalho de apresentar estatísticas com o número de utentes para justificar o que considero injustificável.
Porém, agora ocorreu uma situação inversa. Abriu uma estação de metro que, pela sua localização, poucos ou quase nenhuns utilizadores terá.
A linha F tem uma estação chamada Nau Vitória, que fica precisamente ao fundo da Rua da Nau Vitória.
A rua da Nau Vitória até começa numa zona da cidade com bastante movimento. Recentemente até tem mais do que o normal porque numa das suas esquinas fica uma loja da ptui, Via Verde. Depois começa a descer, descer, descer, descer, os prédios e o movimento vão diminuindo, continua a descer, descer e quando chega ao meio de nada, zás, temos a estação do metro.
Não se trata de um simples apeadeiro, como as estações que estão imediatamente antes e depois, é uma estação desnivelada, com dois pisos, elevadores, escadas rolantes, muito cimento. O cimento, como toda a gente sabe, é o melhor amigo do empreiteiro. É feito com água, e tudo o que leva água é óptimo para o negócio.
Ou seja, foi uma obra de muitos milhares com uma rentabilidade se é que se pode chamar assim, diminuta, porque os passageiros ao poucos.
Os títulos de transporte têm de ser validados electronicamente, portanto a empresa sabe com exactidão quantos utilizadores tem a estação. E esta tem muito poucos.
Gostava que a empresa tivesse a coragem de divulgar os números para que se veja que são inferiores a muitos que em ocasiões anteriores serviram de pretexto para alguns encerramentos.
As imagens anexas ajudam a compreender a localização e a imaginar o movimento. Os arruamentos envolventes são também novos, porque ali anteriormente não havia mesmo NADA.
Do meu ponto de vista, os transportes públicos são inquestionáveis, e subscrevo totalmente tudo o que sejam políticas para os dinamizar e melhorar, DESDE que sirvam para melhorar a qualidade de vida das pessoas que os utilizam, e não para promover vaidades inauguracionistas e dar dinheiro a ganhar a empreiteiros, sub-empreiteiros, sub-sub-empreiteiros, etc.
Nos últimos anos tem-se assistido a um ataque cerrado aos diversos meios de transporte, tudo em nome do lucro. Tal ataque vai desde a redução de horários e supressão de carreiras, até ao aniquilamento completo de ramais ferroviários inteiros.
Dão-se ao trabalho de apresentar estatísticas com o número de utentes para justificar o que considero injustificável.
Porém, agora ocorreu uma situação inversa. Abriu uma estação de metro que, pela sua localização, poucos ou quase nenhuns utilizadores terá.
A linha F tem uma estação chamada Nau Vitória, que fica precisamente ao fundo da Rua da Nau Vitória.
A rua da Nau Vitória até começa numa zona da cidade com bastante movimento. Recentemente até tem mais do que o normal porque numa das suas esquinas fica uma loja da ptui, Via Verde. Depois começa a descer, descer, descer, descer, os prédios e o movimento vão diminuindo, continua a descer, descer e quando chega ao meio de nada, zás, temos a estação do metro.
Não se trata de um simples apeadeiro, como as estações que estão imediatamente antes e depois, é uma estação desnivelada, com dois pisos, elevadores, escadas rolantes, muito cimento. O cimento, como toda a gente sabe, é o melhor amigo do empreiteiro. É feito com água, e tudo o que leva água é óptimo para o negócio.
Ou seja, foi uma obra de muitos milhares com uma rentabilidade se é que se pode chamar assim, diminuta, porque os passageiros ao poucos.
Os títulos de transporte têm de ser validados electronicamente, portanto a empresa sabe com exactidão quantos utilizadores tem a estação. E esta tem muito poucos.
Gostava que a empresa tivesse a coragem de divulgar os números para que se veja que são inferiores a muitos que em ocasiões anteriores serviram de pretexto para alguns encerramentos.
As imagens anexas ajudam a compreender a localização e a imaginar o movimento. Os arruamentos envolventes são também novos, porque ali anteriormente não havia mesmo NADA.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Adeus Porto (parte III)
O divórcio
“Cara Cidade
Acho que chegou a hora de nos separarmos. Não temos mais nada a ver um com o outro, aliás creio que nunca tivemos, a nossa união, de facto, foi um erro.
Penso que o maior problema foi que nunca nos entendemos, por falarmos línguas diferentes.
Quando me disseste para ir para a tua beira, dirigi-me primeiro ao interior do país, antes de descobrir que és de Massarelos.
Quando me dizias todas as noites que estavas ourada, eu percebia “dourada” e pensava que tinha os meus problemas financeiros resolvidos.
Quando me disseste que querias um molete, pensei que estavas a reclamar do meu durex.
Não percebo porque me dizias que não gostavas das minhas espinhas, se eu não sou peixe, sou gémeos.
Gostava dos teus elogios quando me chamavas trengo ou sostro, só não percebia porque dizias isso com ar que quem me queria bater.
Em termos gastronómicos as coisas também não correram melhor. Não gosto das tuas tripas, tal como tu não gostas dos legumes da minha horta. (1)
Até que chegou o dia em que me mandaste ir para a postura.
Pois bem, como eu sempre tive uma postura vertical, excepto quando estou deitado, tive que te deixar e acabar com tudo.
Cansei-me que tentasses endrominar-me com as tuas histórias, como por exemplo estares sentada à mesa e dizeres que te entalaste ou estares a arrumar a loiça no armário e dizeres que te atracaste. A quem? A mim não foi, porque nunca demonstraste interesse pela minha âncora.
Vai no Batalha.
(1) referencia à condição de ex-vegetariano do autor.”
“Cara Cidade
Acho que chegou a hora de nos separarmos. Não temos mais nada a ver um com o outro, aliás creio que nunca tivemos, a nossa união, de facto, foi um erro.
Penso que o maior problema foi que nunca nos entendemos, por falarmos línguas diferentes.
Quando me disseste para ir para a tua beira, dirigi-me primeiro ao interior do país, antes de descobrir que és de Massarelos.
Quando me dizias todas as noites que estavas ourada, eu percebia “dourada” e pensava que tinha os meus problemas financeiros resolvidos.
Quando me disseste que querias um molete, pensei que estavas a reclamar do meu durex.
Não percebo porque me dizias que não gostavas das minhas espinhas, se eu não sou peixe, sou gémeos.
Gostava dos teus elogios quando me chamavas trengo ou sostro, só não percebia porque dizias isso com ar que quem me queria bater.
Em termos gastronómicos as coisas também não correram melhor. Não gosto das tuas tripas, tal como tu não gostas dos legumes da minha horta. (1)
Até que chegou o dia em que me mandaste ir para a postura.
Pois bem, como eu sempre tive uma postura vertical, excepto quando estou deitado, tive que te deixar e acabar com tudo.
Cansei-me que tentasses endrominar-me com as tuas histórias, como por exemplo estares sentada à mesa e dizeres que te entalaste ou estares a arrumar a loiça no armário e dizeres que te atracaste. A quem? A mim não foi, porque nunca demonstraste interesse pela minha âncora.
Vai no Batalha.
(1) referencia à condição de ex-vegetariano do autor.”
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Adeus Porto (parte II)
Do outro lado da ponte, que é uma passagem, está a outra margem. Ou será uma miragem?
Por baixo corre o Rio Douro, de águas cinzentas da cor do céu, cujas nuvens, indiferentes a quem passa, se transformam em água que engrossa o caudal do rio. É época das chuvas, estamos em Novembro.
Por cima, como que a tentar colorir a paisagem, um arco-íris deslavado pelo sol enfraquecido do fim da tarde, indica a localização de um pote cheio de moedas de ouro para lá de onde a vista alcança.
Pelas minhas contas assim de cabeça, o arco-íris terminava para os lados de Contumil. Foi para aí que me dirigi.
Nada. Nem uma única moeda, quanto mais um pote de ouro. Ainda tive que pagar para procurar o fim do arco-íris.
Ao fim de nove anos na terra de Ramalho Ortigão, de novo uma ponte e outra margem pela frente. A ponte até pode ser a mesma, mas a margem é mesmo outra, e desta vez não é uma miragem.
A carteira continua tão cinzenta como a cor do céu à chegada. O pensamento, fruto das lições da vida, roubou as cores do arco-íris. E não tenciona devolvê-las.
Por baixo corre o Rio Douro, de águas cinzentas da cor do céu, cujas nuvens, indiferentes a quem passa, se transformam em água que engrossa o caudal do rio. É época das chuvas, estamos em Novembro.
Por cima, como que a tentar colorir a paisagem, um arco-íris deslavado pelo sol enfraquecido do fim da tarde, indica a localização de um pote cheio de moedas de ouro para lá de onde a vista alcança.
Pelas minhas contas assim de cabeça, o arco-íris terminava para os lados de Contumil. Foi para aí que me dirigi.
Nada. Nem uma única moeda, quanto mais um pote de ouro. Ainda tive que pagar para procurar o fim do arco-íris.
Ao fim de nove anos na terra de Ramalho Ortigão, de novo uma ponte e outra margem pela frente. A ponte até pode ser a mesma, mas a margem é mesmo outra, e desta vez não é uma miragem.
A carteira continua tão cinzenta como a cor do céu à chegada. O pensamento, fruto das lições da vida, roubou as cores do arco-íris. E não tenciona devolvê-las.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Adeus Porto (parte I)
Não ficas eternamente na memória porque a eternidade não existe.
Ficas enquanto eu tiver memória.
Enquanto me lembrar das coisas boas que quero recordar e das más que não consigo esquecer.
Até à próxima.
Ah, sim! Porque vai haver próxima.
Não te vês livre de mim assim tão facilmente.
Eu hei-de voltar.
Não é uma promessa, é uma ameaça.
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