Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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sábado, 19 de agosto de 2017

Sem hora marcada


Passear à beira mar é sempre que um pássaro quiser. Não havendo ninguém à espera no ninho, não há horas para nada. Apenas o estômago decide quando e onde se vai à procura de peixe.

sábado, 27 de maio de 2017

Tempo


Como esta foto é antiga. Como eu sou antigo.
Isto é do tempo em que eu estava preso ao tempo. Usava até uma pulseira electrónica em forma de relógio, para não poder fugir das horas nem dos minutos.
Hoje já não uso a pulseira, deitei-a fora há muitos anos. Com ela foram-se também as horas, os minutos e os segundos. Agora tenho o tempo todo à minha disposição, sem divisões.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Horas que parecem dias


Talvez tenham passado cinco minutos. Ou seis, ou sete, vá lá, dez no máximo. Nestas coisas da relatividade já se sabe que tudo depende do lado da barricada em que estamos.
Quando o telemóvel tocou, a voz do outro lado disse que estava a chegar. E passado este tempo todo ainda não tinha chegado.
A saudade não é um estado mental, é um mecanismo que interfere com os ponteiros do relógio, às vezes até mesmo com as folhas do calendário.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Janela sem tempo


A mala numa das mãos,
O cajado na outra.
Curvados
Que o peso de existir
É muito grande.
Sem uma despedida,
Sem um olhar vago,
Avançaram
Arrastando os pés
Pelo caminho.
Na mala
Carregavam as memórias
De uma vida inteira.
Por falta de espaço
Deixaram ficar os sonhos
As promessas,
Os trabalhos inacabados
De quem vive do trabalho.
Partiram
Talvez para sempre,
Que a esperança de voltar
Era pouca ou nenhuma.
A janela e o tempo
Agora pertenciam às teias de aranha.


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Restos do tempo


Restos de um tempo cujo passado não chegou a ter futuro.
Horas ou minutos, dias ou anos, tudo foi varrido da memória.
O relógio perdeu os ponteiros, o calendário perdeu as folhas, as pessoas perderam a lembrança.
Ali, onde as portas não fecham e as janelas não abrem, entre um chão levantado e um tecto a cair, vagueiam formigas e moscas, osgas e aranhas, entre o pó dos anos e o lixo trazido pelo vento.
É a vida possível num local já sem vida.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Em linha


A minha atracção por ela provoca uma onda gravitacional que deforma o meu espaço tempo.
Deforma o meu espaço de diálogo porque tento ligar-lhe e ela não me atende.
Deforma o meu tempo porque o comboio está atrasado e vou chegar tarde ao encontro.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Paciência


Às vezes perdemo-nos no espaço e então procuramos o tempo. Há sempre um tempo para tudo até para nos encontrarmos.
Outras vezes perdemos o tempo e só nos resta procurar o espaço, porque há sempre um espaço onde há tempo para tudo.
Quando tudo parece igual, monótono, repetitivo, é uma questão de paciência, até encontrarmos o que procuramos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A vontade


Assim, de repente, só lhe apetecia ficar ali parado, a ver o tempo passar.
Mas não era possível fazê-lo para sempre.
Era preciso descruzar aos braços.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

As mãos nos bolsos


O tempo só passa a correr para quem não tem tempo.
Quando se tem tempo, o tempo passa devagar. Tão devagar que por mais devagar que se vá chega-se sempre a tempo.


quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2015


Mais logo, sobre a região do "doze", o ponteiro dos minutos passará rápido e sem se deter sobre o ponteiro das horas. 
Dirão todos que entrámos num ano novo. Dirão alguns que não mudará nada. Dirão outros que irão mudar alguma coisa.
Pior estarão os utilizadores de relógios digitais que ficarão reduzidos a zero.
Em todo o caso convém lembrar que o tempo não muda, avança. Quem muda são as pessoas.
Aquelas que querem claro.
Para aqueles(as) que quiserem mudar, os meus votos de que mudem para o melhor possível.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Não é longe


Procurei-te nos caminhos perdidos na memória. Vasculhei os recantos mais sombrios do pensamento e só encontrei sombras do passado. Nuvens tenebrosas cobriam com pingos de chuva os locais outrora percorridos por alegres raios de Sol. O vento soprava inclemente e a cada nova rajada trazia-me aos ouvidos ecos distantes do teu nome.

Apetecia-me sentar mas além do chão que pisava não havia mais nada. Apetecia-me voltar para trás mas sabia que tinha que continuar em frente. Apetecia-me fazer alguma coisa diferente daquilo que sabia que tinha que fazer. Apetecia-me fazer tanta coisa, mas era tarde. Era tão tarde.

Um carro passou por mim e uns metros mais adiante parou na berma da estrada. Quando me aproximei uma janela abriu-se e uma voz lá de dentro perguntou-me para onde ia e se queria boleia. Agradeci a oferta recusando-a, dizendo que não valia a pena molhar-lhe o carro pois estava ensopado. O local para onde ia não era longe, acrescentei.


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tempo


Dezembro de dois mil e oito. É a data de nascimento desta fotografia. Tão pouco tempo de vida e tanta coisa para contar. Fui encontrá-la enquanto procurava algo sobre o que escrever hoje, e deparei-me com isto.
À falta de melhor, tive de me contentar com o que encontrei. Porque o que é verdade hoje pode não ser amanhã, e hoje estou virado para o tempo. Não o atmosférico, que esse está de chuva apesar de estarmos no verão, mas o outro, a quarta dimensão.

No tempo em que esta fotografia foi tirada havia tantas coisas diferentes. Encontrei-as junto com esta imagem. Não as queria encontrar, mas aconteceu. Não as queria lembrar, mas recordei-as. Não as queria ver, mas lá estavam elas a olhar para mim.
Do alto dos seus quase seis anos de existência, esta foto lembrou-me que o tempo não passa, fica. Fica na memória do esquecimento. Pronto a reaparecer quando menos se espera.

Não era sobre o tempo de há seis anos atrás que eu queria falar, era sobre o actual. Salvaguardando as devias distâncias e apesar das semelhanças e das diferenças, a espiral do tempo traz de volta histórias que se repetem ao longo dos ciclos da vida.
Talvez… a falta de motivo para falar dos dias actuais, seja o mesmo motivo que me levou a recordar os dias do passado.
Talvez…


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Orvalho

                                          Mem Martins, 17 Dezembro 2013

Estás a ver? É o orvalho.
Molha-nos


domingo, 17 de novembro de 2013

O tempo


Tempo para mim são (ou eram) horas, minutos, segundos.
E também dias, meses, anos.
Hoje descobri que estava errado. O tempo não é nada disso, porra, é algo completamente diferente.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os cinco minutos que mudaram o mundo


Querida, estás pronta?
Só mais cinco minutos, ´mor.

17H45 Vê aí no jornal que filmes estão no shopping, apetecia-me ir ao cinema.
17H50 Sabes, afinal acho que prefiro ficar em casa, começa hoje uma série nova.

07H17 Aquece também uma caneca de café para mim.
07H22 O que me apetecia mesmo era chá.

10H04 Vens ao café? Vou, deixa-me só acabar este mail.
10H09 Olha, vai sozinha, estou à espera de uma chamada.

13H31 Depois do almoço podias ir comigo àquela loja de roupa.
13H36 Ah, olha, vamos amanhã, afinal agora não me apetece.

11H09 Agora não posso sair, quero por a roupa a lavar.
11H14 Sempre vais sair? Então anda que eu preciso de ir ao supermercado.

19H13 Agora não, não vês que estão ali os meus pais?
19H18 Dá-me um beijo, eles não estão a olhar.

12H40 Queres ir ao cinema amanhã?
12H45 E se fossemos antes a casa dos teus primos?

15H32 Está tão bom tempo, anda passear a pé.
15H37 Vamos voltar para trás, já estou cansada.

18H56 Querido leva-me ao centro comercial. Sim, eu sei que as tintas não podem ficar assim abertas e é chato teres de limpar os pincéis, mas é que preciso mesmo da blusa para amanhã sem falta.
19H01 Querido, deixa estar porque liguei à minha prima e ela tem uma do mesmo tom e empresta-me.

19H44 Querido vou só lá abaixo comprar tabaco.
19H49 É dos bombeiros? Ai, venham depressa por favor, o meu marido está pendurado na casa de banho; saí de casa há cinco minutos para comprar cigarros e ele estava bem
Não sei porque fez isto…


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tempo de crise no tempo

Tempo de crise ou crise do (no) tempo?
Não sei, mas o tempo em pleno mês de Agosto, não apresenta os "valores normais para a época" como dizem os mentirologistas na tv.