Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O caminho errado

                                                Monte Real, 22 Junho 2012

Enquanto esperava, sentei-me. Não que isso fizesse alguma diferença. Não iria fazer o tempo passar mais depressa, não me ajudaria a pensar melhor, talvez a única vantagem seria descansar um pouco as pernas. A jornada ainda seria longa.
Longa e dura.
Porque para falar verdade, estava no caminho errado. Sabia que estava no caminho errado, mas, por qualquer razão obscura, obstinava-me em percorre-lo.
A dureza não estava na dificuldade do caminho propriamente dita, estava no que me custava percorre-lo mesmo sabendo que não levava a lado nenhum. Mesmo sabendo o que iria custar quando o caminho chegasse ao fim.
É um pouco irracional, eu sei, é quase como a fuga à morte. É inevitável, todos sabemos, mas queremos adiá-la o mais possível. Eu sabia o que me irisa custar chegar ao fim do caminho, seria assim como uma morte, mas queria adiar essa chegada o mais possível, queria adiar o momento de ter de admitir mais um falhanço.
Vendo bem as coisas, este falhanço, ao contrário de outros, começou no preciso instante em que me meti ao caminho. O porquê de não ter parado logo e ter continuado, persistindo no erro, é que permanece um mistério.
No fundo, ao fim de tantos caminhos mal percorridos, e de tantos erros, talvez seja altura de finalmente reconhecer a minha incapacidade de me orientar pelos métodos tradicionais, e comprar finalmente um GPS.