Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O reflexo


Pareceu-me que te vi por entre as gotas da chuva. Uma aberta nas nuvens deixou passar um raio de sol, e imediatamente mil reflexos nasceram por todo o lado, da mais ínfima gota balouçando, quase a cair, do galho de uma árvore, até à poça de água mais lamacenta.
Procurei-te com o olhar. Não tenho mais forma nenhuma de te procurar, senão com o olhar. Mas, por mais que semicerrasse os olhos, por mais que rodasse a cabeça em todas as direcções, por mais que esticasse o pescoço e me pusesse em bicos dos pés, de ti, vi apenas o reflexo fugidio e baço, desvanecendo-se na distância, sumindo-se na neblina da chuva que recomeçou a cair.