Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
quarta-feira, 29 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
O pato branco
O pato branco vivia num mundo cinzento. Tinha um lago de águas cinzentas só para si, rodeado de margens cinzentas e com uma ilha cinzenta no meio.
O pato branco gostava tanto do seu lago, da sua ilha e das suas margens cinzentas, que repetia inúmeras vezes para quem quisesse ouvir: o meu coração só tem uma cor: cinzento e branco.
O pato branco não conhecia mais nenhum lago, nem mais nenhuma ilha, nem mais nenhuma margem, nem mais nenhuma cor, nem mais nenhum pato.
O pato branco não precisava de mais lagos, nem mais ilhas, nem de mais margens, nem de mais cores, nem de mais patos.
O pato branco não sabia o que era a tristeza, e vivia feliz por nunca ter sido misturado com laranja ou arroz ou laca.
O pato branco nem sabia o que era o branco. Existia apenas e isso chegava-lhe.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Que sorte
Foi o meu dia de sorte, não me cortaram a inteligência toda, ainda fiquei com dois dedos de testa.
Devo agradecer ao fotógrafo, que é mesmo bom.
domingo, 26 de julho de 2015
A plataforma
Não é uma plataforma petrolífera, a qual seria muito útil.
Não é uma plataforma de entendimento, o que seria muito importante.
É uma plataforma de passagem, que permite ir daqui para ali sem molhar os pés.
É simultaneamente útil e importante.
sábado, 25 de julho de 2015
A ver navios
Outras terras e outras águas.
Outras partidas e outras chegadas.
Outros ferros e outras tábuas.
Outros caminhos, outras estradas.
Outros destinos, a mesma vontade.
Outras ideias, o mesmo desejo.
Outras diferenças, a mesma igualdade.
Outras alegrias, o mesmo festejo.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
quarta-feira, 22 de julho de 2015
No shelter
It's cold outside
And I'm walking on a crowded street
My mind is so far
That I can't see the people I meet.
terça-feira, 21 de julho de 2015
segunda-feira, 20 de julho de 2015
domingo, 19 de julho de 2015
O caminho da felicidade
E depois há esta mania de não por placas nos caminhos. Como é que eu vou saber se o caminho da felicidade é por ali ou por ali?
sábado, 18 de julho de 2015
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Maternidade de árvores
O que eu precisava mesmo era de uma maternidade de árvores.
O meu berçário parece que não esta a funcionar muito bem.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
Degraus
Uns degraus mais acima e está-se noutro patamar. Um recanto esquecido e escondido, perdido nas memórias de um tempo que teima em passar, gravado nas pedras que resistem ainda e sempre aos invasores, como se fossem as guardiãs de segredos ainda por desvendar.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
No médico
- Então, de que é que se queixa?
- Olhe doutor, eu estou muito mal disposto,
agoniado, só me apetece vomitar… iogurtes, vejo iogurtes por todo o lado, tenho
alucinações com iogurtes, vejo colheres cheias de iogurte a virem atrás de mim
em câmara lenta…
- Mas comeu assim tantos iogurtes?
- De certa forma sim, doutor, com os olhos,
sabe eu estou na sala de espera há mais de duas horas, tenho estado sentado em
frente ao ecrã onde aparecem os números das senhas, e que por uma infeliz
coincidência também mostra o programa da manhã de um canal qualquer, eu nunca
vi tantos anúncios de iogurte na minha vida doutor, salve-me doutor, eles vêm
atrás de mim doutor…
- Calma, tenha calma… vamos lá medir a sua
atenção…
- Pois, bem me parecia, a sua atenção está
um bocado alta. Eu vou receitar-lhe um chapéu de abas largas, quando voltar a
estar em frente de um ecrã, enfie-o pela cabeça abaixo, mas atenção, não o
enterre até às orelhas, senão além de não ver nada também não ouve quando
chamarem a sua senha.
- Sim senhor, senhor doutor.
- Pronto, aqui está, pode aviar a receita
em qualquer chapelaria.
- Eles têm genéricos?
- Genéricos só numa loja chinesa.
- Ah sim, muito obrigado doutor.
- Pronto, bom dia e as melhoras.
- Bom dia doutor.
- Mas… espere lá, você vai aí assim a coxear?
- Quem? Eu?... Ah, sim, veja lá, que cabeça
a minha, foi mesmo por causa do pé que eu vim às urgências…
terça-feira, 14 de julho de 2015
Euromilhões
(Imagem copiada da net)
Hoje é que era...
Mas nem pude jogar, passei cinco horas no Amadora-Sintra...
Hoje é que era...
Mas nem pude jogar, passei cinco horas no Amadora-Sintra...
segunda-feira, 13 de julho de 2015
A derrota
A liberdade hoje perdeu.
Vamos beber um copo para ganhar forças para o que aí vem.
A luta vai (tem) de ser dura.
domingo, 12 de julho de 2015
Aqui há gatos
Não era minha intenção, até porque eu detesto gatos. O que queria mesmo era fotografar a fechadura e o puxador. Mas depois, ao analizar a foto mais em pormenor descobri que fotografei também alguns gatos.
O ninho
É uma espécie de casa. Não tem porta mas
pode-se entrar e sair à vontade. Não tem janelas mas vê-se tudo o que se passa
em redor. Não tem aquecimento central, ainda assim o calor gerado mantém-se e é
suficiente para a manutenção da vida. Não tem telhado, mas para que é preciso
um telhado se a função principal é servir de pista de descolagem para o vôo da
liberdade?
sexta-feira, 10 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
O caminho das sombras
Cai a noite sobre a rua.
Chegou a hora das sombras,
Que não têm medo do escuro.
Acendem-se os pirilampos
Que até aí vivam escondidos.
Abrem-se portas mas ninguém entra
Acendem-se luzes mas ninguém vê
Desbravam-se caminhos
Mas ninguém os percorre.
As sombras, indiferentes a tudo
Até à sua própria indiferença,
Cobrem a cidade com o manto
Cinzento do esquecimento.
Esquecem quem são ou o que sabem
E partem em busca da inatingível luz,
Apenas alcançável quando nasce o dia.
Então, despem-se de todas as cores
Que a aurora lhes fornece,
E esquecidos de tudo,
Voltam a ser quem eram.
terça-feira, 7 de julho de 2015
A cidade
A
cidade
A
cidade é um mar de gente.
As
marés humanas, cíclicas, movem-se
Ao
sabor dos interesses da propaganda.
“Todos
à praça, vamos festejar”
Vamos
deixar o chão com mais lixo
Do
que grãos de areia tem a praia.
Alguém
limpará no dia seguinte.
Os
interesses privados devem justificar
A
razão de serem contratados.
A
cidade é um mar, todo cultivado.
Cultivam-se
notas, moedas, cifrões.
Estes
agricultores vestem fato e gravata,
Não
sabem da poda, só sabem da foda.
Têm
vastos terrenos, são os donos da quinta,
Têm
grandes navios que cruzam oceanos,
Compram
e vendem, em negócios sem fim,
Arrecadam o lucro do trabalho dos outros,
Dos
que vivem nas rochas, dos que são mexilhões.
Na
cidade há canais
Onde correm rios de gente,
Levados
na enxurrada
Da azáfama diária,
São um rebanho ordeiro
Que regressa
ao fim do dia
Ao ponto de partida.
A
cidade é um cais de partida,
Rumo à desumanidade.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Às vezes ouço passar o vento
Às vezes, de facto, ouço passar o vento, escuto o que ele me diz. Mas são poucas as vezes em que tenho a predisposição para o ouvir, em parte porque geralmente não traz noticias boas.
A maior parte das vezes, e nós encontra-mo-nos muitas vezes, já somos velhos conhecidos, apenas o sinto passar, umas vezes devagar, outras cheio de pressa, e devido à azáfama do dia a dia, nem ligo ao que ele me diz.
Por obra e graça de um grupo de pessoas
A
Mulher rege
O
Homem toca
A
obra nasce
Cais
dos sonhos
Era
uma vez
Um
monte de palavras soltas.
Palavras
belas mas soltas,
Gozando
a liberdade
Intrínseca
de existirem.
Veio
o vento soprando forte,
Mas
antes que tivesse tempo
De
as atirar em todas as direcções,
Soltou-se
uma corda do contrabaixo
Que as prendeu, uma por uma,
Como
fio condutor ligando-as à vida.
Assim,
presas pelo som
Que
se faz ouvir acima de todas as vozes,
Dirigiram-se
todas para a beira do cais,
Onde
ficaram fitando o infinito,
Enquanto
aguardavam a barca
Que
as havia de levar longe,
Tão
longe que apenas os sonhos
As
poderiam alcançar.
Notas:
Sendo o vídeo feito por uma-máquina-que-filma-sozinha, acho que não está mal de todo, foi o melhor que se pode arranjar.
Quero agradecer à Margarida, ao João, a todos os companheiros desta aventura, ao Festival Silêncio e à Fundação Portuguesa das Comunicações, a oportunidade que tive de poder participar. Muito obrigado.
Sendo o vídeo feito por uma-máquina-que-filma-sozinha, acho que não está mal de todo, foi o melhor que se pode arranjar.
Quero agradecer à Margarida, ao João, a todos os companheiros desta aventura, ao Festival Silêncio e à Fundação Portuguesa das Comunicações, a oportunidade que tive de poder participar. Muito obrigado.
sábado, 4 de julho de 2015
Lado a lado
No silêncio da viela
Onde a luz do Sol não cabe
Percorremos o caminho
Até que a estrada se acabe.
Temos pés de caminhantes
Cabeças de sonhadores
As mãos livres como o vento
Para colhermos flores.
Adoramos viajar
Amamos o mundo inteiro
No ranking das nações
Estão todas em primeiro.
Em toda a parte aprendemos
O que o povo nos ensina
Apoiamos os que lutam
E quem se opõe a quem domina.
Temos como recompensa
A alegria de viver
Não esperamos pela sorte
Fazemos acontecer.
Não medimos a distância
Que nos separa do fim
Caminhamos lado a lado
Nós os dois somos assim.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Silêncio
Silêncio! Que se vai dizer Lisboa.
É já amanhã o primeiro dos dois dias do Recital Popular.
Sábado e domingo às 19H na Fundação Portuguesa das Telecomunicações.
Espectáculo criado por Margarida Mestre com acompanhamento musical de João Madeira.
Entrada livre.
Reportagem Sic Notícias
http://sicnoticias.sapo.pt/cultura/2015-06-29-Festival-Silencio-comeca-esta-quinta-feira-no-Cais-do-Sodre-em-Lisboa
Página do Festival Silêncio
http://festivalsilencio.com
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Alternativa
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Agricultura em Lilliput
... ou...
O Aprendiz de Agricultor
Ficou tudo em tamanho minúsculo
Não sei o que aconteceu.
Fotos tiradas em 17 Junho 2015
Pensando bem, talvez a vida em Lilliput seja melhor do que aqui.
Se encontrar um meio de transporte, talvez mude um dia destes...
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