Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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terça-feira, 14 de novembro de 2017
A calçada deserta
Não é dia nem é noite
É aquele momento mágico
Em que a luz finge resistir
Ao avanço das trevas.
Todos sabemos o resultado,
Que por fim se entregará
Aos braços negros da noite.
As pernas cansadas
Por um dia de trabalho
Há muito que deixaram
De arrastar os pés pela calçada.
Em silêncio, as pedras gastas
Apenas servem de espelho
Que reflecte a luz dos candeeiros.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
A rua escura
Fez-se escuro antes de estar escuro. Fez-se silêncio antes de as vozes se calarem. As portas, fechadas, indicavam que cada pequenino mundo se encontrava fechado em si próprio. A cultura da igualdade apesar de todas as diferenças.
E era isto. Apenas isto. Levantar, trabalhar, dormir, para novamente levantar, trabalhar e dormir.
Quanto mais a existência se aproximava dos padrões estabelecidos, mais os peitos se inchavam de orgulho, repetindo interiormente pensamentos que não se atreviam a divulgar.
"- Vês, eu sou mais normal que tu. trabalho mais para parecer melhor que tu, rebaixo-me mais para receber mais que tu, sou mais cumpridor das regras para parecer mais importante que tu, vejo os programas que toda a gente vê, mas em HD, vou de férias quando toda a gente vai mas para mais longe, fico preso nas filas de trânsito como toda a gente mas num carro maior, rio quando toda a gente ri, choro quando toda a gente chora, celebro quando toda a gente celebra, vou às inaugurações onde toda a gente vai, encho os centros comerciais que toda a gente enche, compro os detergentes anunciados na TV que toda a gente compra, vou à praia quando toda a gente vai, compro música em saldo na fnac como toda a gente compra, compro livros no supermercado como toda a gente compra.
Infelizmente morro como toda a gente morre, mas quando isso acontecer vou para o mausoléu da família."
sábado, 17 de setembro de 2016
À espera que o dia volte
- Tenho medo do escuro, sabes...
Não sabia, nunca lhe tinha dito.
Recordou-se que só se conheciam há três meses. É tão pouco tempo, É claro que não sabiam quase nada um do outro.
- Quando estou deitado ouço barulhos, percebes, depois levanto-me e tento perceber de onde vêm ...e nada. Acho que vêm do meu cérebro.
Abanou a cabeça como quem está a perceber.
Fez uma pausa. Achou que estava a falar demais. Não devia contar isto a quem conhecia há tão pouco tempo. Medos são as últimas coisas que se confessam a alguém.
Sentiu que tinha um par de olhos colados em si, à espera que continuasse. Continuou.
- A noite para mim é apenas um intervalo, enquanto espero que o dia volte.
sábado, 13 de agosto de 2016
Chuva de estrelas II
Trinta segundos de céu não são suficientes para ver uma estrela a cair. Tenho várias imagens cada uma de trinta segundos (é o máximo que a máquina dá sem cabo disparador) e nenhuma estrela cai.
Há muitos anos que não vejo nenhuma estrela a cair. E segundo dizem elas continuam a cair.
Vejo muitas outras coisas a cair, inclusivamente eu caio, mas estrelas é que não me aparecem à frente.
Se calhar tenho de sair da cidade e escolher uma noite sem nuvens.
domingo, 22 de maio de 2016
Ao entardecer
É a hora dos mosquitos e das melgas. É a hora do regresso a casa após um dia de trabalho. É a única hora que nos permite encontrar e falar, sem ser por telemóvel ou por computador.
É à hora dos mosquitos e das melgas que nos encontramos num banco do jardim da cidade. Há quem prefira uma mesa de café. Outros, a confusão de um centro comercial.
Nós, porque é a loucura que nos une, preferimos o jardim da cidade, de onde vemos surgir a pouco e pouco as sombras que dominarão a noite enquanto o Sol estiver a dormir.
Há tolos que chamam a isto amor.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
O recomeço
Jazem inertes nas profundezas escuras do
pensamento apagado. À primeira vista parecem aniquilados para sempre.
Porém, mal soam as primeiras badaladas,
ei-los que se levantam, pulam e avançam, prontos a comandar a vida.
São os sonhos.
Cai a noite e caem também por umas quantas
horas os entraves à livre circulação das ideias.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Enquanto a noite dorme
Não havia luz, só o brilho pálido da Lua
coado por farrapos de nuvens que ainda não se tinham desfeito em chuva.
Não havia sons, só a música triste e
ritmada da maré a embater nas rochas do paredão.
Não havia cheiro, só o perfume acre do lodo
deixado a descoberto pela maré.
Não havia calor, a noite estava fria e tu
não te chegavas a mim.
Mil vezes me aproximei, mil vezes te
afastaste.
Mil vezes te chamei, mil vezes não
respondeste.
Mil vezes te olhei, mil vezes viraste a
cara.
Tenho a agradecer-te a confiança que
depositas e mim. No regresso, enquanto eu conduzia tu dormias profundamente.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Talvez nada
Talvez não haja nada para lá da escuridão da noite. Talvez não haja nada para lá da escuridão da vida. Talvez nem haja vida. Talvez...
Esta areia onde enterro os pés. Esta água que me gela os ossos. Este vento que me arrefece a cara. E no entanto...
No entanto nada.
Esta vontade de sair voando. Esta vontade de correr saltando. Esta vontade de dizer gritando. Esta vontade talvez não seja nada.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
O caminho das sombras
Cai a noite sobre a rua.
Chegou a hora das sombras,
Que não têm medo do escuro.
Acendem-se os pirilampos
Que até aí vivam escondidos.
Abrem-se portas mas ninguém entra
Acendem-se luzes mas ninguém vê
Desbravam-se caminhos
Mas ninguém os percorre.
As sombras, indiferentes a tudo
Até à sua própria indiferença,
Cobrem a cidade com o manto
Cinzento do esquecimento.
Esquecem quem são ou o que sabem
E partem em busca da inatingível luz,
Apenas alcançável quando nasce o dia.
Então, despem-se de todas as cores
Que a aurora lhes fornece,
E esquecidos de tudo,
Voltam a ser quem eram.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
As sombras da noite
Um último raio de Sol permite-nos ver
a estranha dança que as criaturas do ar executam, como se fossem sereias com
asas convidando-nos a segui-las.
Em breve as trevas vão obrigar a uma pausa
na imaginação mais delirante.
As sombras da noite ocultam as aves que
voam sobre as nossas cabeças.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Todas as cores numa só noite
É como se de repente uma tampa se abrisse e de dentro da caixa saltassem mil foguetes que enchessem o ar de todas as cores.
Não necessariamente com esta exuberância, mas está lá tudo, basta apenas olhar e ver.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Noite
Num mundo de pesadelo, sonhar é subversivo.
E eu tive um sonho. Ao contrário dos sonhos normais em que se dorme, eu
acordei. Ignorando o apelo dos lençóis, saí para o mundo.
Onde esperava encontrar luz, encontro
apenas uma luz. Pior do que não haver luz ao fundo do túnel, é nem seque haver
túnel.
Luz havia, mas fraca demais para iluminar a
escuridão.
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