Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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sábado, 13 de julho de 2019

A linha que nos separa



Andar na linha nem sempre é a melhor solução. Mensagem para cá, mensagem para lá, e a maior parte das vezes não se passa disso.
As linhas actuais não ligam, prendem. É a prisão sem grades de onde ninguém quer fugir. Talvez só os pássaros as compreendam na totalidade, porque não lhes servem para nada, nem para pousar.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Partem em bandos


Partem. Para logo de seguida voltar. Ou mais logo, quando lhe apetecer.
É assim a vida de pássaro, vôos constantes, curtos ou longos, seguidos ou espaçados, sem lógica, sem destino, só porque sim.
Talvez não faça sentido à observação humana, mas e dentro da cabeça do pássaro? Faz sentido?
O que é isso de fazer sentido?, pergunta o pássaro.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

No trilho das cenouras


E quando eu pensava que os pássaros tinham comido tudo, eis que aparecem as pequenas folhas das cenouras ao cimo da terra.
Demoraram algum tempo a aparecer e eu já pensava que a sementeira não ia dar nada.
É que os pássaros parece que têm radar.
Tenho uma janela virada para a horta, embora não a veja directamente, e junto da qual tenho uma secretária. É ali que passo uma parte do dia, a tratar dos pacotes de açúcar ou a tocar guitarra. Pode parecer estranho tocar guitarra à secretária mas eu não tenho estante, por isso coloco as partituras em cima da secretária.
E a partir do dia em que semeei as cenouras a quantidade de pássaros que por ali aparecem cresceu enormemente, principalmente pardais. Era normal ver grupos de dois ou três, e a partir desse dia cheguei a contar bandos com nove e dez pardais.
Apesar de se notar que a terra estava remexida, afinal as cenouras parece que estão no bom caminho.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Passarolândia


Está encontrado o criminoso. Finalmente descobri o porquê de tanta desarrumação.
O melro, esse pássaro idiota que existe por aqui às dúzias, todos os dias mete o bico na tijela do cão.
O resultado é a comida espalhada em redor.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O pássaro


De bico afiado comendo a minhoca
Caçaste-a num salto ao sair da toca
Repousas as penas no chão empedrado
Enquanto mastigas teu belo bocado
Olhaste em volta e riste de mim
Por me veres aqui fechado assim
Desta vez as grades não são da gaiola
São trancas à porta de quem se isola.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Música para pássaros


Eu bem que tento afugentar os pássaros da minha horta, mas a música que eu lhes dou em vez de os afastar, tem como único efeito atrair o cão, que fica maluco com as sombras e os reflexos.


domingo, 26 de junho de 2016

Pássaros do sul


Os pássaros, tal como os restantes seres vivos precisam de se alimentar. E nada melhor para isso do que o lixo.
É verdade, o lixo. E de uma forma que é transversal a todos. Os animais encontram no lixo o seu alimento. As plantas encontram na terra os nutrientes fornecidos pelo estrume. No caso dos humanos há quem defenda que a alimentação moderna é uma porcaria.

Havendo lixo assim em tal quantidade à vista desarmada a culpa será de quem? De quem o colocou lá ou de quem não o recolheu atempadamente?
Às tantas ainda sou eu o culpado da má imagem da Praia da Ilha, porque não tinha nada de andar por ali a fotografar logo às sete e pouco da manhã.
Essa hora é boa só para pássaros.


sexta-feira, 17 de junho de 2016

O lago dos pássaros delirantes


Uniram-se todos. Uns com o bico, outros com as patas, agarraram as nuvens e estenderam-nas no chão. Queriam o Sol, o vento, o céu todo, tudo, sem restrições.
Humanos não eram bem vindos. Quando podiam cagavam-lhes em cima. Quando não, escondiam-se quando os queriam fotografar.
Alimentavam-se do ar e da esperança. Minhocas e sementes eram só para entreter o estomago.
Voavam sim, mas isso não era o maior feito que conseguiam. O mais importante de tudo, e que aconteceu quando pela primeira vez saltaram do ninho, é que perderam o medo. Foi isso que os tornou livres.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Um olhar desconfiado


O que é que eu hei-de fazer?
Até o pássaro olha para mim de lado, desconfiado.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O último vôo do pássaro ferido


Morrer é um destino comum a todos os pássaros. Não há forma de escapar. Mas, por qualquer razão desconhecida, não lhe apetecia morrer. Pelo menos para já. Apesar de isso ser uma forma de se livrar das dores na asa.

A vida, mesmo a de um pássaro, ou sobretudo a de um pássaro, é uma luta constante. Contra os inimigos que de todos os lados surgem. Não há um minuto de descanso, é preciso estar permanentemente alerta. Gostava de conseguir ter tempo para parar e pensar.

Apenas isso: apenas parar, não ter de estar com os sentidos todos alerta para prevenir qualquer ataque, e poder pensar.
Neste momento queria pensar sobre a razão que o levava a não querer morrer. Mas ao longo da sua curta vida de pássaro houve tantas situações em que também quis parar para pensar e não foi possível. Teve de se limitar a agir. Sem saber se bem, se mal.

É estranho um pássaro pensar sobre o bem e o mal. Numa vida de pássaro as coisas não têm de ser boas ou más, apenas são. Além de que é tudo relativo.
É bom conseguir alimentar-se, mas se calhar a lagarta que foi comida não achará isso bem.
É bom continuar vivo, mas o predador que falhou o alvo e ficou com fome talvez não goste da ideia.

Mas, e se o bem e o mal não se limitasse a isso? As questões básicas da existência funcionam por instinto, não têm que ser boas ou más. Mas há mais para além do básico.
Só que continuava sem tempo para poder pensar nisso.


sexta-feira, 21 de março de 2014

Abutres

                                          Lisboa, Jardim Zoológico, 9 Março 2014

Os abutres aves olham longe,
Vêm além a desgraça,
Da qual se alimentam.
Os abutres homens pelo contrário,
Alimentam-se das desgraças,
Que eles próprios causaram.



quinta-feira, 20 de março de 2014

A crista


Quem é aquele ali com a crista empinada?
É o corvo marinho de crista.
Ohhh, um corvo marinho de crista… como é que alguém tem coragem de vir a terra naquele estado.
Sim, e como é que alguém tem coragem de andar com a crista eriçada daquela maneira
E as penas, repara bem naquelas penas, todas pretas.
Ai filha, eu digo-te uma coisa, nunca gostei muito de corvos marinhos de crista, e desde que fiquei a saber que comem peixe, ainda gosto menos.
E sabias que quando levantam a crista é porque estão na época de acasalamento?
Oh, agora reparo... parece-me que está a olhar para mim… espera aí que eu já venho…


quarta-feira, 19 de março de 2014

Pássaro preto



Esta semana é dedicada aos pássaros. Pretos em particular, mas todos, de uma forma geral, são bem vindos.
Porque há penas, e asas, e vôos. Há aves migratórias e de arribação. Há os que vão, e os que vêm, há os que partem e os que já não voltam.
Nunca mais.