Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
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domingo, 18 de fevereiro de 2018
O ar salgado do mar
Há uma praia distante onde as ondas vêm pousar de mansinho. Grandes blocos de pedra, erguem-se como guardiões, impedindo a fúria do mar de alcançar terra firme.
Sei que daqui a muitos milhões de anos a água mole vencerá a pedra dura. Talvez nem seja preciso tanto tempo, com o aumento do nível dos oceanos, a água mole passará por cima da pedra dura.
Mas por enquanto sinto-me protegido aqui. E posso sentar-me por longo tempo assistindo ao vai e vem das marés, ouvindo apenas as ondas a desfazerem-se em espuma, o vento a soprar para longe os salpicos do mar salgado e as gaivotas a piar enquanto voam em círculos procurando o peixe da próxima refeição.
sábado, 19 de agosto de 2017
Sem hora marcada
Passear à beira mar é sempre que um pássaro quiser. Não havendo ninguém à espera no ninho, não há horas para nada. Apenas o estômago decide quando e onde se vai à procura de peixe.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
quarta-feira, 28 de junho de 2017
A maré baixa
Era uma conjugação de vários factores baixos. Não só a maré mas também o humor e mesmo a vontade.
Não disse nada, mas via claramente que não tinha vontade nenhuma de estar ali. Estando ela contrariada, que vontade me poderia restar a mim?
Felizmente que a natureza deu uma ajuda. Foi um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos, e a praia quase desapareceu. Assim, mesmo com a maré vazia, a água cobria a quase totalidade da pouca areia existente, deixando pouco ou nenhum espaço livre para os visitantes.
Não foram precisas palavras para compreendermos que ali não era o nosso local, e assim iniciámos o caminho de regresso.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
segunda-feira, 8 de maio de 2017
Época balnear
Uma nova época balnear está quase a chegar e eu preciso de comprar um fato de banho novo. No antigo não cabem os músculos todos que entretanto ganhei com o treino.
domingo, 2 de abril de 2017
Caminhando
Percorro descalço os caminhos de areia onde as ondas vieram depositar os seus restos.
Enterro os pés na areia a espero pela próxima.
Lá vem ela, devagar, porque a maré baixa é sinónimo de vagar, que as ondas também se cansam.
Lentamente a água transforma-se em espuma e avança até se desvanecer a dois passos de mim.
É a minha vez de avançar, porque a água já não tem força para chegar onde eu estou.
É um bailado tropego: eu que nem sei dançar, avanço ao ritmo do recuo das ondas.
Depois, com o Sol quase a desligar o interruptor da claridade do dia, despeço-me das ondas que me acompanharam durante estes largos minutos.
O caminho de regresso agora é a subir.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
À sombra da beira mar
Descemos os dois as escadas que conduzem ao vasto areal, e caminhámos lentamente pela beira mar. Desceste a escada da ponta norte e eu a do lado sul. O mar estava calmo e a maré baixa transmite uma sensação de segurança que é um convite a caminhar pela água. Sentei-me na areia, tirei os sapatos e fiquei por instantes a ver o Sol cruzar a linha do horizonte. Depois levantei-me e continuei o caminho, desta vez com os pés enterrados na espuma das ondas que, vagarosas, davam à costa.
As sombras da noite começavam a acentuar-se e tive dificuldade em distinguir-lhe as feições quando nos cruzámos, Os cabelos compridos e escuros que a brisa teimosamente empurrava para a cara apenas deixaram ver um nariz arrebitado.
Disse "boa noite" quando passou por mim, ao que eu respondi na mesma moeda. e antes que levantasse o pé para dar o passo seguinte, a voz voltou a dirigir-se a mim, desta vez em tom de pergunta: António?
Parei, virei-me e dei de caras com uma cara com ar tão surpreendido como o meu. O meu cérebro trabalhava a toda a velocidade e buscando recordações nos confins longinquos da memória consegui associar a imagem vaga que tinha à minha frente ao tom de voz que me interpelou e apenas consegui dizer "Vanda".
Ao ouvir o nome o tom de surpresa desapareceu e fez um sorriso, como se se tivesse desvanecido o receio de que não a recordasse ou reconhecesse.
O sorriso no entanto foi breve. Aproximou-se e cumprimentou-me. Logo de seguida deu uns passos atrás e sentou-se onde a areia não estava ainda molhada pelas ondas. Sentei-me também, mantendo alguma distância.
Com os olhos postos na ténue claridade que indicava onde estava a linha do horizonte, disse: "Reconheci-te pela voz".
- Eu não, lamentei cabisbaixo.
sábado, 14 de janeiro de 2017
Memórias de uma praia deserta
Levar as feridas a passear à praia tem um efeito dolorosamente benéfico. O contacto com a água do mar arde, e muito, mas depois saram mais depressa.
O tratamento não é subsidiado. Não há nenhum médico que o receite nem nenhum sistema de saúde que o comparticipe.
As farmácias também não vendem frasquinhos com água do mar.
Ali estava uma toalha. E por cima tinha um corpo a apanhar banhos de Sol. Um corpo que falava e ria, e beijava e abraçava. Depois deu-se a erosão, e a praia ficou vazia. Primeiro foram umas ondas pequeninas, que a pouco e pouco foram crescendo. Por fim uma maré imensa de desprezo e raiva veio das profundezas do oceano e levou tudo à sua frente, incluindo o corpo sobre a toalha. Nem uma mensagem de despedida ficou escrita na areia. Nada.
Hoje trouxe as minhas feridas até à praia. Ardeu muito, Por pouco até que a água do mar não me lavava as memórias também.
A erosão muda quase tudo. Mudou a praia, Mudou-me a mim. Só as feridas permanecem. Mas agora, com o tratamento estão a caminho de ficar curadas mais rapidamente.
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
À beira mar plantado
O pescador destroçado
Sentou-se em sua cadeira
Com voz de cana rachada,
A sua, agora rachada,
Gritou à fúria dos ventos:
O meu reino por um anzol!
Eu sem cana não sou nada.
Tenho um robalo à espera
Ali, na espuma das ondas
Mais ao largo há uma tainha
E ao longe vejo um sargo.
Volto de balde vazio
Sem nada que por no tacho
Desta vez a caldeirada
É ilusão dos sentidos
domingo, 11 de setembro de 2016
Praia das sombras
Vagarosas, as sombras movem-se sobre a água cor de prata. A intervalos regulares uma nova onda chega até à praia, despeja a água que trás ao som da sua música e retira-se levando consigo para as profundezas os acordes da sua melodia.
Maré cansada esta que não faz mais do que imprimir reflexos de prata nas águas da baia.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Velas ao vento
Velas de esperança não faltam na difícil tarefa de navegar.
Nem o vento as apaga, porque a vontade é mais forte.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Praia das ondas claras
Há uma praia onde as ondas
Vestidas de claro branco
Irrompem na areia a sorrir
Trazendo os cheiros do mar
A espuma desfaz-se em canções
De ouriços e estrelas do mar
E os salpicos são flores
Que atiram ao passar.
Há uma praia com ondas
Perfumadas de marés
Correm na areia, suaves
Vem-te molhar os pés
segunda-feira, 27 de junho de 2016
Senhora do nevoeiro
Água e areia e rochas e algas. Era esta a paisagem que se oferecia à vista, semi escondida pela luz difusa que só a custo penetrava no espesso nevoeiro.
O som das ondas a rebentarem na praia chegava abafado pela humidade do ar, como um eco longinquo que se fazia ouvir continuamente.
Perdida no meio da imagem, uma senhora. Perdida? Não! Sabia bem onde estava e porque ali estava. Desengane-se quem pensa que as praias são só para visitantes se deitarem no pico do Sol e dos raios ultra-violetas. Todas as outras horas e condições climatéricas são boas para se estar na praia.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Esta chuva molhada
A chuva caia com força e fustigada pelo
vento. O mar, apesar de bravo deixava ver uma larga extensão de areia porque a
maré estava baixa. Era o tempo ideal para um passeio pela praia.
Porém o banco do lado estava vazio. Ela não
estava, para repetirmos o que já fizemos mais que uma vez.
E, não sei se é psicológico ou não, sozinho
parece que a chuva molha mais.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Ao longe o mar
- ... e ali ao longe, aquela língua de areia é a praia d....
- Ai amor, o que eu gosto da tua língua.
- Estava a falar de uma língua de areia.
- Quero lá saber se tem areia, anda cá!
- ...
sexta-feira, 2 de maio de 2014
A minha praia
A minha Praia Grande está mais pequena.
Por troca com a areia que desapareceu, surgiram muitas rochas à superfície.
O nível da areia está muito mais baixo, logo na maré cheia a água chega muito mais acima, e quando vasa a areia que fica a descoberto está molhada.
A área de areia seca é mesmo muito pequena.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
O caminho
Praia do Guincho, 15 Janeiro 2013
Sobre o caminho tantas vezes percorrido,
novas viagens se anunciam a cada dia.
O início, sempre renovado, da existência,
faz de cada partida o princípio de uma nova aprendizagem.
Os cheiros, as cores, os sons, a brisa, os
pássaros, sempre diferentes a cada dia, fazem de cada jornada um acumular de
experiências novas.
Por fim, no fim do caminho, o começo.
Perante a vastidão onde o olhar se perde, começa a verdadeira viagem rumo ao
infinito.
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