Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Na loja de sonhos

                                                                                    Portalegre, 5 Abril 2013

- Boa tarde, em que posso ajudar?
- Boa tarde, queria uma embalagem de Impossível, faz favor.
- Temos estas aqui, são muito boas, mais impossível que isto não há, são garantidas.
- Sim, eu sei, foi dessas que levei da última vez, e concordo consigo, aquilo era mesmo impossível, mas não era bem isso que eu procurava…
- Entendo, queria Impossível Light, não é verdade? Lamento informá-lo mas de momento está esgotado. É o que se vende mais, caro senhor. Sabe, a maioria das pessoas dizem que querem o impossível, mas na hora da verdade, quando têm que se esforçar mesmo para o conseguir, desistem. É por isso que estes se vendem mais, são mais fáceis de realizar.
- Não entendi, falou em conseguir o impossível?
- Então V.Exa. não sabe? Deixe-me dizer-lhe uma pequena inconfidência: o impossível não existe.
- Não? Mas vocês vendem-no…
- Sim, é verdade, mas compreenda, é impossível nós controlarmos ou impedirmos alguém de o realizar. O impossível como tudo na vida, tem regras, e como sabe não há regra sem excepção. “Todo o impossível é impossível até ao momento em que se torna possível”, é esta a excepção, caro senhor, embora deva dizer-lhe que só é acessível em casos raríssimos, a quem for excepcionalmente esforçado.
- Ah, nesse caso…
- Deixe-me sugerir-lhe uma coisa, porque não leva desta vez uma embalagem de Realidade?
- Realidade? Isso tomo eu todos os dias e só me faz mal…