Escritos na varanda

Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A cura pelo grão


Não há adivinho, cartomante, ou dietólogo que não aconselhe o consumo de grão de bico. Os seus poderes vão muito para além de curar as unhas encravadas.
Rico em  cálcio, ferro, proteína, fibras e triptofano, o grão de bico é indicado para ajudar a reduzir a absorção de colesterol, fortalecer o sistema imunológico, ajudar a combater a depressão, melhorar o trânsito intestinal e ajudar a prevenir anemias, entre muitas outras coisas como as já citadas unhas encravadas.

O que a ciência descobriu agora é que o ferro das suas latas é também indicado para reduzir o nível de ervas daninhas no quintal.






sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Coleccionismo

Uma parte da minha colecção de pacotes de açúcar. Neste caso são pacotes da marca Delta, relativos ao tema de feiras e festas anuais.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Пусть бегут неуклюже


Podem cantar, a letra da música esta abaixo do vídeo.



Пусть бегут неуклюже
Пешеходы по лужам,
А вода по асфальту рекой.
И неясно прохожим
В этот день непогожий,
Почему я веселый такой?

А я играю на гармошке
У прохожих на виду.
К сожаленью, день рожденья
Только раз в году.

Прилетит вдруг волшебник
В голубом вертолете
И бесплатно покажет кино.
С днем рожденья поздравит
И, наверно, оставит
Мне в подарок пятьсот эскимо.

А я играю на гармошке
У прохожих на виду.
К сожаленью, день рожденья
Только раз в году.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A árvore dos dióspiros


As únicas coisas boas que dá uma árvore de dióspiros são fotografias.
Aqui ficam algumas tiradas na semana passada.









sábado, 18 de novembro de 2017

O papa-carvão


Que bicho é este que come carvão?
Será o mesmo que destroi a minha micro horta?


O que quer que seja é novo, porque durante o ano anterior plantei muitas coisas durante o ano todo e nunca notei estas covas.

Isto só começou a aparecer a partir de Setembro, quando comecei as sementeiras para o novo ano.


Não consegui ainda perceber se é feito durante o dia (por pássaros, em princípio) ou durante a noite, por qualquer outro animal.
Quanto ao carvão, isso sei que foi durante a noite, porque ontem ao fim do dia quando fui por comida na tigela do cão não estava roida a saca do carvão.


terça-feira, 14 de novembro de 2017

A calçada deserta


Não é dia nem é noite
É aquele momento mágico
Em que a luz finge resistir
Ao avanço das trevas.
Todos sabemos o resultado,
Que por fim se entregará
Aos braços negros da noite.
As pernas cansadas
Por um dia de trabalho
Há muito que deixaram
De arrastar os pés pela calçada.
Em silêncio, as pedras gastas
Apenas servem de espelho
Que reflecte a luz dos candeeiros.

sábado, 11 de novembro de 2017

Nas tuas mãos começa a liberdade


"Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz.


Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade."

(Manuel Alegre)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O peso da sombra


"Tudo me prende à terra onde me deito
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente...."
(Eugénio de Andrade letra, Luis Cilia música e voz)

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O descanso


Eu gosto muito de correr. Quando corro fico cansado. Quando corro muito fico muito cansado. Depois de correr sento-me para descansar. Uma vez corri tanto, tanto, tanto, que dei a volta ao mundo. Depois caí e parti o nariz, porque fiquei tonto de tanto correr à volta do Mundo Desportivo, que era um jornal que havia no tempo em que o mundo era a preto e branco e que estava ali caído no chão.
Depois disso nunca mais me deixaram correr. Mas eu gosto muito de correr à mesma.

sábado, 4 de novembro de 2017

O rio dos peixes mortos


https://www.jn.pt/local/noticias/portalegre/nisa/interior/milhares-de-peixes-mortos-no-tejo-devido-a-poluicao-8892729.html

Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém se interessou por nada.
Os que passam assobiam para o lado, e os outros, ou vão ao shopping, ou vão à praia.
Mas então as aparências não são estas? E eu vou estar a chatear-me para quê? Isso se calhar até nem é bem assim como eles dizem.
E depois já sabem como é que a história acaba, não é verdade?
Ah, não sabem.
E nem querem saber, pois não?
Sim, compreendo, não é esta a telenovela que seguem.


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A voar por cima das águas


"Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas"


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A pedra amarela


Eu quase que arrisquei a vida para te levar a ver a grande pedra. É difícil, arriscado e perigoso, e, pensava eu, depois disso irias olhar para mim como o teu herói.
Como estava enganado. Se sentiste receio não sei, não o confessaste, talvez para não dar parte de fraca. Disseste apenas que não gostaste.
Querias o quê? Que te levasse a passear a um centro comercial?


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A nabiça


Deve ser transgénica, a nabiça.
Os publicitários costumam ser uns exagerados, mas desta vez parece que não.
Em uma semana as sementinhas já cresceram isto tudo.


terça-feira, 31 de outubro de 2017

Uma noite igual às outras


Já deu para o peditório das bruxas?
Não?
De que é que está à espera?
Olhe que há por aí muitas empresas, muitos empresários, muitos empreendedores à espera do seu dinheirinho, sua abóbora.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O barco vai de saída


"Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida"


domingo, 29 de outubro de 2017

A fuga da hortaliça


Ingrata couve.
Anda uma pessoa aqui a tratá-las bem, a regar todos os dias e depois é isto, mal apanham o portão da horta aberto, fogem.
Hei-de comer-te toda!!!!!



sábado, 28 de outubro de 2017

Debaixo da ponte


Vês o mundo ao contrário?
Deixa lá, é temporário
Há mais mundo, mais contrários,
Há mais gente como tu.
Vês a imagem distorcida?
Deixa lá, é assim a vida
Em tudo há distorção
E há mais gente como tu.
Não aceitas o que vês?
Deixa lá, só esta vez
Procura, informa-te, junta-te,
É que há mais gente como tu.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Retalhos


Por um momento sentou-se onde se sentam os senhores, de calça, casaco, camisa, e sapatos por limpar. Por um momento olhou e viu o mundo de frente. Por um momento descansou e tirou as mãos da graxa, da escova e do pano. Por um momento, talvez tenha pensado que estava do outro lado do espelho.
Obrigado, senhor.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O parque da cidade


António, chamemos-lhe assim, passava todos os dia por ali, bem cedo. Invariavelmente parava sobre a ponte, e fazia uma limpeza aos bolsos, deitando para o ribeiro tudo o que eles continham e que já não lhe interessava, principalmente papéis, muitos papéis, alguns amarfanhados, outros rasgados em bocadinhos, a às vezes ate moedas pretas, quando lá as havia, que segundo as suas próprias palavras, "só serviam para fazer peso nas algibeiras".
Depois continuava a seu caminho em direcção ao centro da cidade, enquanto endireitava o nó da gravata e alisava o bigode. António, chamemos-lhe assim, era uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas na cidade.

domingo, 22 de outubro de 2017

Uma parede de Outono


Mudam-se as cores, os relevos, as texturas.
Muda-se tudo porque tudo é feito de mudança.
Basta olhar em redor, ver a vida, o mundo a história.
Ainda assim há excepções e são bem graves.
Tantas mentes que não evoluíram nada.
Funcionam como na idade das trevas.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

As receitas da vovozinha



As alterações climáticas afectam não só os ventos e as marés, mas também as melgas. Parece que se reproduzem mais. Confesso que nunca tinha visto tantas. Em casa, lá muito de longe em longe, aparecia uma melga no quarto de vez em quando, e com algum trabalho conseguia-me livrar dela.
Esta semana, não apareceu uma. Nem duas, nem três, nem quatro, nem...
Apareceram muitas e todas de uma vez.
O pior é que nem sei de onde elas vêm, porque nem tenho aberto a janela. Durante a noite consigo matar duas ou três, mas no dia seguinte continuam lá várias.


A internet está cheia de páginas com dicas e receitas milagrosas. Experimentei duas delas, as que me apareceram em maior quantidade, e posso dizer por experiência própria, que são treta, não funcionam.
Primeiro usei limão com cravinhos espetados, metade em cada mesa de cabeceira. Como não resultasse, usei o plano B: vinagre.
Detesto vinagre. Em casa não o uso, e se for comer a algum lado e a salada tiver vinagre não a como. E agora dei-me ao trabalho de colocar no quarto uma tigela com vinagre. Ficou um cheiro pestilento ainda para mais com as janelas fechadas. E tudo isto para nada, porque as melgas continuam lá
Malditas receitas da vovozinha.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O verde da terra


Lugar de Vila Pouca, freguesia de Salzedas, concelho de Tarouca.
Uma imagem ao calhas que é a minha homenagem à terra e às gentes, a todas as terras e a todas as gentes que as trabalham.
Porque devia ser esta a cor da terra.

O tecto


terça-feira, 17 de outubro de 2017

O pauzinho na engrenagem


Desde que o tempo é tempo, que a vida funciona sempre da mesma forma, com mais ou menos sobressaltos, mas sempre passageiros.
Quem manda pode, quem não pode obedece, e os privilégios de uns justificam a morte de outros.
É preciso virar tudo ao contrário.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O país dos especialistas


A especialidade maior, é sem dúvida o futebol. Não há quem não comente fintas, faltas e foleirices, como o penteado, a namorada, a roupa, o filho, a mãe, a irmã.
Depois, como não podia deixar de ser, temos Fátima, e vamos lá lançar uns foguetes mesmo sendo proíbido, para comemorar o andor com a altura da Torre dos Clérigos, que se deus quiser não acontece nada.
A descair nas sondagens, mas ainda assim bem colocado, temos o fado, que isto da tradição já não é o que era, e há por aí muita gente a tocar fado com cornetas e pandeiretas, até estrangeiros já vêm para cá cantar o fado, valha-nos a nossa senhora das cordas de guitarra. O que ainda salva o fado do descalabro total é que não há nada melhor para acompanhar uma bela bebedeira.

Em sentido inverso, temos agora e cada vez em maior número, especialistas numa terrível, trágica e odiosa moda, que são os incêndios. Por via de uma qualquer desconhecida equivalência, há agora um bando de clones do Relvas, convencidos de estarem habilitados a dar opinião sobre a forma de combater esta tragédia.
O que esta gente toda quer sei eu, como dizia o outro, com a diferença de que o outro tinha piada. No fundo isto tudo é semelhante ao que se passa no concelho do ex-presidiário, onde há quem diga abertamente que votaram [nele] porque se lá estivessem faziam igual.
Querem todos é tacho.

domingo, 15 de outubro de 2017

sábado, 14 de outubro de 2017

Milho verde


"Milho verde, milho verde
Milho verde maçaroca
À sombra do milho verde
Namorei uma cachopa"


sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Morangos


Hoje foi o dia de maior colheita.
Normalmente apanho um morango de cada vez, às vezes dois, uma outra vez apanhei três, caso raro, mas hoje a horta bateu todos os recordes e por larga margem.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Penedo da saudade


O penedo tem um farol, talvez para ser visto bem ao longe. No fundo, é para isso que servem os faróis. Já o penedo...
Apesar do nome, não foi saudade que senti quando la passei. Apenas uma vaga lembrança, perdida muito longe, nos confins da memória.
Às vezes sou muito esquecido.