Escritos na varanda
Imagino-me a escrever na varanda, ao fim da tarde, com o Sol a por-se no horizonte e uma bebida gelada ao lado. Como eu nem sequer tenho varanda, tudo isto é ilusão.
quinta-feira, 29 de junho de 2017
quarta-feira, 28 de junho de 2017
A maré baixa
Era uma conjugação de vários factores baixos. Não só a maré mas também o humor e mesmo a vontade.
Não disse nada, mas via claramente que não tinha vontade nenhuma de estar ali. Estando ela contrariada, que vontade me poderia restar a mim?
Felizmente que a natureza deu uma ajuda. Foi um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos, e a praia quase desapareceu. Assim, mesmo com a maré vazia, a água cobria a quase totalidade da pouca areia existente, deixando pouco ou nenhum espaço livre para os visitantes.
Não foram precisas palavras para compreendermos que ali não era o nosso local, e assim iniciámos o caminho de regresso.
terça-feira, 27 de junho de 2017
segunda-feira, 26 de junho de 2017
Chuva de verão
Gota a gota molham-se os sapatos de quem atravessa o campo logo pela manhã. Gotas pequenas de chuva fraca, que o calor do dia logo faz por evaporar.
domingo, 25 de junho de 2017
O passeio de bicicleta
Sonhei com um passeio de bicicleta. Mas não havia pedal, nem corrente, nem guiador. Na verdade nem havia bicicleta. Também não havia estrada, nem trilho, nem caminho. Só um mar imenso, sem fundo e sem fim.
Sem bicicleta e sem barco, nada mais restava do que continuar sentado naquela rocha.
sexta-feira, 23 de junho de 2017
O outro lado da rua
Ele acenou e disse olá, mas ela continuou como se não o tivesse visto.
Do outro lado da rua, ela olhou-o e continuou como se o tivesse visto.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
A falésia do esquecimento
Ainda a noite não tinha chegado e já os ventos sopravam com força galopante, esses mesmos ventos que era habitual fazerem-se ouvir nas escuras noites de inverno,
Sopravam de norte, talvez, que ninguém sabia ao certo, e transportavam sons produzidos por seres desconhecidos que habitavam nas profundezas do mar.
As nuvens corriam pelo céu fora como que tentando fugir do tremendo vento que as empurrava umas contra as outras até se desfazerem em gotas de chuva.
Para quem é menos imaginativo, este tempo de inverno é apenas um pretexto para lhe por o braço por cima do ombro, puxá-la para si e perguntar se tem frio.
Só que... quem precisa de pretextos destes para por um braço por cima do ombro, em breve será votado ao esquecimento.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
A rua escura
Fez-se escuro antes de estar escuro. Fez-se silêncio antes de as vozes se calarem. As portas, fechadas, indicavam que cada pequenino mundo se encontrava fechado em si próprio. A cultura da igualdade apesar de todas as diferenças.
E era isto. Apenas isto. Levantar, trabalhar, dormir, para novamente levantar, trabalhar e dormir.
Quanto mais a existência se aproximava dos padrões estabelecidos, mais os peitos se inchavam de orgulho, repetindo interiormente pensamentos que não se atreviam a divulgar.
"- Vês, eu sou mais normal que tu. trabalho mais para parecer melhor que tu, rebaixo-me mais para receber mais que tu, sou mais cumpridor das regras para parecer mais importante que tu, vejo os programas que toda a gente vê, mas em HD, vou de férias quando toda a gente vai mas para mais longe, fico preso nas filas de trânsito como toda a gente mas num carro maior, rio quando toda a gente ri, choro quando toda a gente chora, celebro quando toda a gente celebra, vou às inaugurações onde toda a gente vai, encho os centros comerciais que toda a gente enche, compro os detergentes anunciados na TV que toda a gente compra, vou à praia quando toda a gente vai, compro música em saldo na fnac como toda a gente compra, compro livros no supermercado como toda a gente compra.
Infelizmente morro como toda a gente morre, mas quando isso acontecer vou para o mausoléu da família."
domingo, 18 de junho de 2017
Pedrógão Grande
Esta é a ponte filipina que cruza o rio Zêzere, perto de Pedrógão Grande. Estive lá em 2011, embora por razões estranhas à minha vontade não tenha conseguido chegar mesmo até à ponte.
Foi na zona de Pedrógão que ontem começou um incêndio que devastou toda esta região.
Nessa altura estive alojado quase uma semana no parque de campismo "O Moinho" perto da praia fluvial Poço Corga, no rio Pera. a andei por ali em redor, por montes e vales.
Apanhei desde temperaturas de mais de trinta graus até nevoeiro no alto da serra da Lousã que não deixava ver mais que dez metros à frente.
Tudo isso se modificou com o incêndio deste fim de semana. Algumas coisas desapareceram para sempre, incluindo, o que é mais grave, vidas humanas.
Esta é a minha homenagem a todos os que sofreram com este fogo gigantesco, mortos, feridos, desalojados, bem como a todos os que de alguma forma o têm combatido e ajudado a tentar controlar a situação.
sexta-feira, 16 de junho de 2017
Talvez te escreva
Primeiro uma rua, depois uma praça, a seguir uma avenida. Aos poucos fui percorrendo a cidade, afastando-me cada vez mais. Tentava não pensar no passado, agora só o presente interessava.
Com o passar dos dias, e das noites, fui conhecendo melhor a cidade, a sua vida, os seus locais, e as suas gentes. Sim, que havia ainda gente na cidade.
Um dia talvez te (d)escreva. Não mereces mais do que isso. Por agora, estou ocupado tentando encontrar o meu caminho.
quinta-feira, 15 de junho de 2017
quarta-feira, 14 de junho de 2017
terça-feira, 13 de junho de 2017
A casa de partida
Peguei no copo que continha os dados e virei-o
sobre a mesa. Quando o levantei vi que marcavam cinco horas e vinte minutos. Hora
de levantar. Saí da cama e passei à casa seguinte, a casa de banho. Depois a
outra, a cozinha, onde o pequeno almoço depressa ficou pronto com a ajuda do micro-ondas.
Peguei na mochila que já estava pronta de véspera, com algumas sandes, um sumo,
duas águas, a chave, a licença e o chapéu.
O passo seguinte era o carro, em direcção à
cidade. Era um jogo sem glória mas estava a correr bem. O trânsito era pouco e
a claridade era já suficiente para que a viagem se fizesse sem sobressaltos. Um
olho na estrada e o outro a fazer planos para aplicar o prémio da vitória. Uma
parte estava já destinada, para no próximo fim de semana poder percorrer finalmente
o Aqueduto das Águas Livres.
Parei o carro à entrada da recta final. Era
uma recta longa e cheia de curvas e ruas estreitas e a subir, que não deixava
ainda ver a meta. Mudei do carro para a carrinha, que surpreendentemente estava
ali no estacionamento. Não era costume estar ali de manhã, mas entusiasmado que
estava com um jogo aparentemente tão fácil nem achei estranho. Para mais, com
este transporte poupava quinze minutos a pé até ao fim.
Chegada triunfal com paragem mesmo em cima
da linha da meta. Chegar (bem) cedo à selva tem destas coisas, consegue-se parar
mesmo à porta. Se me atrasasse sabe-se lá onde teria de parar a carrinha, tendo
depois de alombar com o conteúdo às costas.
A casa final estava a ficar composta, com o
material ali empilhado, até que… olho para o que falta tirar da carrinha e
reparo que falta muito material.
Volto a pegar nos dados, Desta vez saiu-me
um número de telefone.
Sim, é muito cedo, eu sei, desculpa,
desculpo-me eu, mas é que estou a descarregar a carrinha e falta aqui muito
material.
A voz do outro lado não me deixou terminar.
Ah, diz a voz, mas é que hoje não era dia de jogar, foi só naqueles dois dias.
Agora tens de voltar à casa de partida. E de mãos vazias.
segunda-feira, 12 de junho de 2017
O girassol
É o primeiro girassol do ano.
Não sei de onde vem o nome "girassol", para mim o nome correcto deveria ser "gira-anti-sol".
É que a flor propriamente dita, a parte que tem as pétalas, está sempre virada para o lado oposto ao Sol.
domingo, 11 de junho de 2017
Notícias da horta
A horta não tem dado muitas notícias ultimamente. Não quer dizer que não tenha continuado em desenvolvimento.
Novos produtos estão a caminho, espero. Conforme as imagens, e de cima para baixo, são:
Morangos, na verdade até este momento apenas um,
Courgetes,
Pepinos,
Tomates,
Sementes de girassol.
sábado, 10 de junho de 2017
O caminho das estrelas
Traço, traço, traço [espaço)
Ponto,
Ponto,
Ponto,
.
.
.
Parece código morse, ou sinais enviados por uma civilização alienígena.
sexta-feira, 9 de junho de 2017
quinta-feira, 8 de junho de 2017
Um breve encontro
Foi breve o nosso encontro, tão breve que não ficou dele nem uma memória fotográfica.
Um rosto, uns olhos, um olhar penetrante. E no instante seguinte já lá não estavas.
Trezentos e sessenta graus rodei eu sobre os calcanhares à tua procura, e nada.
Podia ter sido um reflexo da luz na água, mas eu sei que não foi.
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Rossio by night
A estação tinha o mesmo aspecto de sempre. O centenário edifício mantinha-se de portas abertas, por onde entravam e saiam as multidões que no seu dia a dia o frequentavam.
Mas desta vez havia algo de diferente, faltavam as pessoas. Talvez por ser inverno, talvez por estar frio, talvez por estar a chover, talvez por ser quase noite, talvez por ser fim de semana, faltavam ali as pessoas.
terça-feira, 6 de junho de 2017
Praia dos sonhos perdidos
Há histórias que começam com "Era uma vez...".
Esta história acaba com "Era uma vez...".
Porque nem sequer chegou a começar.
segunda-feira, 5 de junho de 2017
Peixe espada
Trespassaste-me quando te vi. Ao longe parecias uma sereia, mas quando me aproximei vi que eras um peixe espada.
Ainda hoje pergunto a mim mesmo qual das visões era real e qual era ilusão.
domingo, 4 de junho de 2017
sábado, 3 de junho de 2017
O pugresso
Para que o "pugresso" e o desenvolvimento atinjam o seu ponto máximo, ainda falta ver o rio cheio de tuk-tuks.
Já não falta muito, autocarros já la andam. E só não põem eléctricos porque parece que a água dá choque.
sexta-feira, 2 de junho de 2017
O 8 e o 80
Ainda são minúsculas, mas já se parecem mais com cenouras. Precisam de algumas semanas mais para ver se crescem até um tamanho decente.
Mas nem tudo é mau ou pequeno. Hoje, ao inspeccionar por baixo da vegetação e das folhas, que são enormes, encontrei isto.
Um courgete com 35 cm vai-me dar para um mês.
quinta-feira, 1 de junho de 2017
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