A Via Longa

Havia uma longa distância a percorrer. Desde o local onde nos encontrávamos, no Samouco, até Vialonga, que fica em frente, ao fundo da imagem, mas do outro lado do Mar da Palha.
Não rima mas é divertido.

A outra margem

Não tem portagem, não tem alfândega, não tem guardas, não tem fiscais. Serve apenas e só de passagem. Para a outra margem.
A ponte mais pequena do mundo não teve inauguração, não teve derrapagem orçamental, não teve visita presidencial, não tem engarrafamentos, não tem repórteres a reportar coisa nenhuma.
Para quem não gosta de correr, oferece uma excelente oportunidade para uma "corrida na ponte".
Chega-se num instante à meta, na outra margem.

O sal da vida

                                 (depósito de sal nas Salinas do Samouco)

Rodo a rodo, pazada a pazada, arranca-se o sal às entranhas do mar.
Nascer, crescer e morrer, acontece com todos os seres vivos, do caracol à sardinha, da formiga ao elefante, da pulga ao carneiro.
E de bandos, cardumes, manadas e rebanhos está o mundo cheio. É preciso um tempero que nos diferencie.

Uma palavra ao ouvido

Mapa interactivo da horta

Com tanta erva à minha frente, às vezes perco-me naquele labirinto. Tive então de criar um mapa.
A legenda é a seguinte:
1- Couves galegas. Deixaram de dar folhas, agora só dão flores.
2- Espinafres. Vão crescendo.
3 - Cenouras. Semeei muitas e muito juntas, talvez cresçam pouco. Tem um rego com rama de 5/6 cm de altura e muito densa.
4 Alfaces. Foram semeadas em casa em copos de iogurte e depois mudadas para a horta.
5 - Erva. Lá no meio talvez existam algumas ervilhas. Eu explico: semeei um rego de ervilhas, mas como a terra foi mal limpa préviamente, apareceram montes de ervas rápidamente e agora não sei o que são ervas daninhas e o que são ervilhas. Há algumas ervinhas que são vagamente parecidas umas com as outras e a olho parece formarem uma espécie de linha recta. Talvez sejam as ervilhas.
6 - Mais uma fila, desta vez com cebolas e alho francês. Foram trazidas da cooperativa. Em pequenas as folhas são parecidas e à chuva ainda mais. Agora que já cresceram um pouco consigo ver que as plantei misturadas.
7 - Pastinaca. Ou cherovia. É uma experiência. Foram criadas em copos de iogurte e depois mudadas.
8 - Manjericão. Não parece de boa saúde.
9 - Erva cidreira.
10 - Hortelã pimenta.

Antes de fechar a carta ainda vou escrever uma coisa que só reparei agora. Esqueci-me de um item. Na imagem, entre o 5 e o 7 está uma fila com tomateiros. Vieram da cooperativa ao mesmo tempo que as cebolas e o alho francês.

Agricultura moderna

Uma horta que dá garrafas já tenho. Agora só me falta arranjar uma plantação de gajas para justificar as palavras do filho da puta do eurogrupo.

O fim do caminho

Habitualmente há sempre uma flor no fim de cada caminho. Vendem-nas à porta dos cemitérios.

Melody, Fernando Sor

Fernando Sor foi um compositor espanhol que viveu entre 1778 e 1839.

Primavera

Primavera, a estação da Liberdade.
Senhores passageiros, queiram tomar os vossos lugares, vai partir o comboio com destino à Utopia.

Mar calmo

O mar estava tão calmo, tão calmo, tão calmo, que nem me apeteceu por a prancha de fora.

Um resto de Sol

Já se vai o dia transformando
Na noite que acolhe os morcegos
Do Sol, poucos raios vão sobrando
E no chão as toupeiras abrem regos.

Horas que parecem dias

Talvez tenham passado cinco minutos. Ou seis, ou sete, vá lá, dez no máximo. Nestas coisas da relatividade já se sabe que tudo depende do lado da barricada em que estamos.
Quando o telemóvel tocou, a voz do outro lado disse que estava a chegar. E passado este tempo todo ainda não tinha chegado.
A saudade não é um estado mental, é um mecanismo que interfere com os ponteiros do relógio, às vezes até mesmo com as folhas do calendário.

Maré alta

A água que vai e vem encontra sempre saída no labirinto de rochas que formam a barreira de defesa da costa. Forças opostas que desde o começo do mundo travam um combate sem tréguas, cada um com as suas armas.
Dizem que no fim a água vai vencer.

Trabalhos em madeira - бизиборд

Desta vez não fiquei tão satisfeito com o trabalho como em outras ocasiões. O tempo foi pouco, seis dias apenas, mas talvez pudesse ter feito mais e melhor. O problema maior foi o tempo de secagem das tintas, que atrasou tudo. E quanto mais tempo passava mais eu me irritava e menor era o discernimento para fazer as coisas correctamente.
Espero que pelo menos sirva para ensinar a usar chaves e fechaduras.

Uma casa na árvore

... ou será uma árvore na casa?

Gaivota em terra

... tempestade no mar.
Neste caso não é só no mar, em terra também não se está muito bem, o vento leva tudo à frente.

A ilha deserta

Couve flor

Esta é que é a verdadeira couve flor. Ao contrário da outra, em que se come a flor, nesta come-se a couve.

Alface roxa

Em vinte e um de Fevereiro comprei na cooperativa cinco alfaces roxas. Passados estes dias todos já só restam duas, e mesmo essas parecem mais enfezadas do que no dia em que as trouxe, pouco ou nada cresceram.

Cobri-as hoje com garrafas de água, para tentar que ainda se aproveitem.

Das cinco plantas que coloquei debaixo da estufa, também já só restam três. Essas estavam protegidas dos pássaros, não percebo o que aconteceu. Há ainda o facto de que as três que restam terem praticamente o mesmo tamanho do que as restantes que ainda tenho em casa em copos de iogurte.

Arranjei entretanto um canto da horta e comecei a passar as tais alfaces que tenho em casa, cobertas também com garrafas de plástico para servirem de mini estufas.
.

O portão da quinta e dos outros dias

A horta é minúscula sim, mas o cão é maluco e não para de espezinhar o pouco que lá planto, por isso preciso de acabar a minha cerca de canas. 

E agora chegou a vez da porta. Encaixa em baixo e segura-se em cima com elásticos.

Simples.

A parte difícil foi mesmo enfiar a linha na agulha para coser os elásticos.

Uma casa na paisagem

Burradas

Há tanto burro mandando
Em homens de inteligência
Que à vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência
(António Aleixo)

Estes burros estão nas Salinas do Samouco. Outros, sem orelhas grandes e sem pelos, mas igualmente quadrúpedes, encontram-se espalhados por todo o lado.

O dia nasceu cinzento

Um dia de inverno, com chuva e vento e frio, e vento, e chuva, e chuva. e...

No Zoo

Nova atracção do zoo.
Entrada 5 euros.
A verba angariada reverte integralmente e favor da compra de uma ratoeira.

No silêncio da manhã cinzenta

As águas paradas estão ainda a dormir.
As nuvens cor de chumbo
Aguardam o sinal do vento
Para largar os pingos de chuva
Em todas as direcções
Até as aves continuam escondidas
Com medo de acordar a manhã
Que se prevê de temporal.