Lisboa, 20 Novembro 2013
…
- É a madrinha do noivo…
- Tanta coisa para dizeres só isso? Não a
conheço mas já me tinha apercebido disso.
- Não me deixaste acabar…, chama-se Lucinda e
foi minha namorada.
- Ah
ah ah ah ah ah ah. Não consigo parar de rir. Já namoraste
aquela bruxa? Ah ah ah ah ah
- Bruxa é a tua tia, pá!
- Ah ah ah ah, olha só o vestido! E os
sapatos! E o penteado! Estavas sem óculos quando a encontraste? Ah ah ah
- Não sejas parvo, foi minha colega na
escola.
- Colega de escola? Ah ah ah ah ah, andava na
primária quando entraste para a faculdade, não? Parece ter menos uns quinze
anos que tu.
- Ggrrr, eu pareço ter mais quinze anos?
Obrigadinho ó grande amigo. Olha, quem está a ficar velho e surdo és tu, eu não
disse colega DE escola, disse colega NA escola, conhecemo-nos no ano em que
estive lá em baixo na escola da vila, é professora de música.
- Ah, deste-lhe música e apaixonou-se pelos
teus dotes de cantor.
- Por acaso até foi ao contrário. Eu nem
tinha reparado nela, uma vez já no segundo período eu ia a passar distraído a
ler o livro de ponto e ela estava a esbracejar tipo maestro a reger uma
orquestra, bem, deu-me um encontrão que aterrei em cima da máquina de
fotocópias. Foi numa altura em que a sala de professores estava em obras, a
máquina estava apoiada em cima de uns caixotes e quase caia dali abaixo, por
sorte a parede estava logo atrás e amparou senão a queda tinha sido bem maior e
teria entrado em despesas.
- Ah, então está explicado, na queda bateste
com a cabeça, ah ah ah.
- Oh, deixa-te disso, olha ela é que me
ajudou a levantar do chão.
- Oooohhh, que romântico, isso foi amor à
primeira vista, não, espera aí que tu nem viste nada, foi amor à primeira
cacetada, ah ah ah.
- Eh pá, a rapariga fez-te algum mal para
estares só a gozar com ela?
- Eu estou é a gozar contigo burrrrro. Olha
lá, então e porque é que acabaram?
- Ela depois foi colocada noutra escola,
longe.
- E?
- E o quê?
- Isso é motivo?
- É, nem podíamos falar, foi quando me
roubaram o telemóvel.
- Ok, tá bem, não queres contar não contes.
- Eu estou a contar, tu é que não queres
acreditar.
- Desculpa lá, ninguém se separa só por uma
coisa dessas. Tem de haver outras razões.
- Sim mas essa foi a principal.
- Ah! Ah! Eu sabia. Eu sabia. Afinal havia outra. Ora conta lá, vou-te psicanalizar.
- Tu vais mas é $%&£€@?#. Agora está na
hora de irmos aos salgadinhos.